Aos 42 anos de idade Chiquinho
vestiu o paletó de madeira. Faz três meses. Um infarto fulminante o colocou fora
de combate. O filho de português bebia em demasia e passou a usar drogas após a
morte da mãe.
Quando o conheci
contava apenas com ela, que garantia a subsistência graças a uma pensão deixada
pelo finado Joaquim. Morava na Rua da Viração, num sobrado maltrato pelo tempo,
onde as janelas estavam sempre lacradas. A casa parecia guardar um luto eterno.
Ao contrário dos
irmãos, o jovem não concluiu os estudos ou tinha profissão definida. Nos dias de
glória Chiquinho e os irmãos contavam com motorista para chegar ao Marista. Com
o ocaso econômico da família tudo mudou. Após a partida da genitora foi o
comerciante Jósimo quem o acolheu.
O Bar do Jósimo resiste
há 26 anos na esquina da Rua do Alecrim com o Pespontão, em São Luís. O comerciante
é filho da baixada. Quando jovem o meu nome integrava a lista de um do robusto
livro de fiado da casa. Aqueles de dez matérias. Era vip ao lado de outros
colegas de rua, praia ou trampo. E nem existia o papo de fidelizar cliente.
Na época eu defendia um
troco em condição precária num banco. Sempre
que passo em São Luís faço a descortesia em aparecer no local. Saber do
obituário e coisa e tal. Não vi a Rosa, filha do poeta Bandeira Tribuzi.
Nem outros colegas de
tempos atrás, que chegavam a perder uma grade de cerva nas tardes de sexta em
jogo de palito.
Criolo resiste. Beira a
casa dos 80 verões. Toma pinga com limão quase todo dia. Já morou na cidade maravilhosa. Sempre anda
armado com um bom humor de prima.
Espero o reencontrar em
outras ocasiões.
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Boteco qualquer
distante do Centro de São Luís. Um canário faz a trilha sonora. Uma garrafa plástica
da cachaça 51em tamanho de Itu ocupa o centro do teto de um casa simples. O território
é dominado pela falange cabeça branca, sendo a mais alva a do proprietário. Os desinibidos
senhores delatam sem premiação os vizinhos agraciados por um par de cornos,
como se não pudessem ser agraciados com o mesmo enfeite. Um fala em cessar. É caminhoneiro.
Já morou em Parauapebas, sudeste paraense, cidade marcada pelo extrativismo mineral.
Narra viagens, aventuras e desventuras. A última recheada de arrebites e
cocaína.
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