quinta-feira, 15 de maio de 2025

Belém: O lado obscuro da COP30

Por  Brenda Takeda 

Escolhida como sede da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-30), Belém do Pará é palco de mais de 30 obras realizadas a toque de caixa e enfrenta o dilema entre perpetuar velhos modelos que beneficiam a especulação imobiliária e o racismo ambiental e preparar de fato a cidade para os desafios do presente e do futuro.  Leia a íntegra no Outras Palavras

A COP na taba

Fonte: Carpinteiro da Poesia

A COP conseguirá superar o patamar de balcão de negócios ou o status de perfumaria para as grandes corporações surfarem e venderem a imagem de bom samaritano??

O paradoxal estado do Pará – tão rico, tão empobrecido – possui mais da metade da população na linha da miséria, outra parcela defende o almoço no mercado informal, cidades desprovidas de saneamento básico, oligarquias imperam no comando político, ratos e urubus na fantasia.

Pilhado e saqueado desde remotas eras pelos mais diferentes sujeitos nacionais e das cadeias globais, o Pará notabilizou-se mundialmente pelo assassinato de indígenas, quilombolas, camponeses e seus pares. É mister em desmatamento, por longo foi top em trabalho escravo e espancamento de servidores da Educação, a indiferença às periferias ou a criminalização delas.

Crimes ungidos pelo manto da impunidade, em um ambiente onde a “puliça” faz par com milícias.  Colocando sob o tapete dos palácios de salões de cafés (cofre break, como preferem os cerimonialistas) tais temas, a COP não passará de mera perfumaria.  

Longe de palácios, catedrais e carnavais da Sapucaí, os colocados em condições de subalternização promovem levantes, a exemplo do que fizeram os indígenas, quando das medidas autoritárias do governo Barbalho e seu secretário de Educação.  Nesta direção, um coletivo do bairro da Marambaia promoveu um gira para prosear sobre bendita COP.

Espie aqui o primeiro comunicado.


terça-feira, 13 de maio de 2025

Arreda homem, que lá vem mulher

Fonte: Hector Carybé. Redes sociais

Ri em êxtase.  Está feliz. Baila nua. Um “padede” ao tucupi. Esfuziante. A rodopiar sem a saia do carimbó. No entanto, a simula.  Ri, ri e ri sem cessar.  A padilhar sem atabaque, agogô, ganzá ou um ponto.  A menina dança.

O corpo preto gira sem se cansar. Pés descalços.  O corpo boleado cheio de felicidade só quer celebrar.  O corpo feliz espanta banzo. Exalta o amar. Como se o amanhã não fosse nascer, os rodopios insistem, qual pião, em sentido anti-horário. Abre caminho na encruza. Nijra. Ciata. Patchouli.

As mamas turgidas implicam com a gravidade. Redondas, tal um pão de queijo, as nádegas entopem o cômodo de cio. A vencer todo e qualquer tormento e as águas turvas.  Uma graça.  Grávida de riso, ela ri, ri e ri.

A menina dança. O mundo para. Ela é toda alma. Ela é toda corpo. Corpo e alma. Encantes a vibrarem por todo canto. Terra, floresta, rios e cios. Oxum na cachoeira. Sentada, enquanto a menina gira. Padilha.

Um turbilhão. Uma tempestade. Apoteose. Psicose em transe em forma de gente. Deus e o diabo no mesmo corpo-alma.  Sob o sol ou a chuva, a menina dança. Por entre as rosas, ventos e espinhos das veredas da vida. No balancê do baque solto da alfaia. Maracatu de mais de tonelada.

A menina...em espiral....vibra em riso para o tambor sob a luz do candeeiro...limpa o terreiro eh..limpa o terreiro ah....

oh como ela é linda, é linda demais...não mexe com ela...abre a roda....deixa a menina...ela tem peito de aço e o coração de sabiá...oh abre a roda...que ela não mexe com ninguém.... oh arreda ..que lá vem mulher...encantada...senhora da magia...lavanda em flor...gira, gira, gira, oh girandola.....riso e pólvora. Dói, dói, dói...um amor faz chorar, dois faz sofrer...navalha na carne, regalo.