sábado, 1 de dezembro de 2012

Prêmio Benedito Nunes 2012

Tese do Dr Relivaldo Oliveira alinhava referências da Antropologia e Filosofia para analisar produções da literatura e cinema na Amazônia. É o segundo prêmio da tese. Em 2011 recebeu a comenda Vicente Salles de ensaio do IAP 
 
O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, professor Emmanuel Tourinho, e a professora Lilia Chaves, presidente da Comissão Julgadora Final do Prêmio Benedito Nunes, anunciaram, nesta quinta-feira, 29, que o premiado desta edição foi o professor Relivaldo Pinho de Oliveira, autor da tese Antropologia e Filosofia: Experiência e Estética na Literatura e no Cinema da Amazônia, orientada pelo prof. Ernani Pinheiro Chaves e apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFPA. Leia mais AQUI

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

União Europeia financia projeto para minimizar exclusão no sudeste do PA

O sul e o sudeste do Pará configuram uma fronteira agromineral. A pecuária extensiva e o extrativismo mineral conformam as realidades locais, marcadas pela expropriação das populações nativas e a população migrante.

Os processos econômicos engendraram desmatamento, violência e miséria, num cenário marcado pela hipertrofia do poder do capital, induzido e facilitado pelo Estado.   

Neste sentido, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) em parceria com a União Europeia, mediada com a Cafod, um instituição ligada à Igreja Católica, buscam em certa medida reverter o quadro de exclusão de parte da população expropriada pelos grandes projetos na região.
O lançamento ocorreu na semana passada no auditório da UFPA de Marabá.  

Ao longo de mais de quatro décadas de lutas pela terra, o sul e o sudeste paraense  concentram a maior parte de projetos de assentamento da reforma agrária do país (PA). São mais de 400.

Parte destes PA´s pode deixar de existir, caso uma série de obras de infraestrutura e projetos de extrativismo mineral sejam efetivados.

Caso o projeto da hidrelétrica de Marabá seja efetivado, conforme dados oficiais e  declarações de pesquisadores, mais de 120 PA´s deixarão de existir.

O estado, ao mesmo que reconhece algumas bandeiras dos movimentos sociais, como a efetivação dos PA´s, no sentido de minimizar os conflitos na luta pela terra, opera em direção oposta, incrementando a circulação do capital.  

A latitude conhecida como a mais violenta na luta pela terra do Brasil tem hoje perto de 120 ocupações, com um contingente de 10 mil pessoas.

Barcarena -- Norsk Hidro e Sindicato dos Químicos na berlinda


Oito trabalhadores da Alunorte denunciaram a empresa no Ministério Público do Trabalho. A denúncia é da Oposição Sindical e da Associação em Defesa dos Reclamantes e Vitimados por Doenças do Trabalho na Cadeia Produtiva do Alumínio (ADRVDT).

Eles acusam a empresa do grupo Norsk Hidro de não aceitar os laudos médicos após operação, e serem obrigados a trabalhar durante o pós operatório.

Uma nota que circula na grande rede informa que os operários buscaram o Sindicato dos Químicos, que não tomou partido da categoria.

Demissão – uma outra nota chama a atenção para a demissão do operário Ocimar Cunha Fontes. Há 17 anos na empresa Alunorte, Fontes foi diretor do Sindicato dos Químicos e faz parte da Oposição Sindical.

Fontes passa por sérios problemas de saúde há algum tempo, o que o obrigou a passar por duas cirurgias para sanar problemas na coluna e outra cirurgia no ombro.

Por conta da saúde debilitada ficou de licença no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). A situação de saúde e insegurança na empresa animaram problemas psicológicos, acusam os denunciantes.

A Oposição Sindical e a ADRVDT avaliam que a demissão de Fontes tem motivações em sua atuação política.   
Os denunciantes acusam o setor médico da empresa Norsk Hidro em ignorar os laudos de ortopedistas e psiquiatras que indicam a incapacidade laboral de Fontes.


Sindicato dos Químicos – no blog da instituição, mais voltado para questões do direito do trabalhador, ainda que de forma tímida, a diretoria informa que denunciou a Norsk Hidro na Superintendência Regional de Trabalho do Pará. 
O órgão faz parte do staff do Ministério do Trabalho. A denúncia foi realizada no dia 20 de novembro.

A diretoria do sindicato acusa a empresa de assédio moral, condições de insalubridade e periculosidade no trabalho, entre outras coisas. E exige uma fiscalização na fábrica.
No blog do sindicato não há um encaminhamento que a superintendência irá tomar.

Barcarena em foco


Nunca na história deste país havia ouvido uma coisa dessas. No município de Barcarena, norte do Pará, as telhas da delegacia da cidade estão sendo lavadas.

O episódio foi narrado por uma professora.  A delegacia passa por reforma. O fato é no mínimo estranho.

A professora bateu fotos e promete postar  na grande rede. A preocupação da educadora é: o pessoal tá desviando a grana da reforma?

O município de Barcarena abriga as principais empresas da cadeia de alumínio do Brasil. A norueguesa Norsk Hidro é a controladora acionária, e tem como sócia a Vale, que até outro dia hegemonizava o investimento.  
São duas plantas industriais. Uma é responsável pela transformação da bauxita em alumina, e a segunda pela produção dos lingotes de alumínio.

Além da Norsk Hidro e Vale tem a francesa Imerys, que explora caulim.

No cenário de grandes empreendimentos ainda existem outras empresas. A força do capital tende a subjugar\cooptar algumas entidades de classe e o setor público em torno dos interesses corporativos.

Neste contexto alguns setores do campo  popular buscam uma articulação em torno de um Fórum. Na sexta feira passei umas horas com umas pessoas que integram a rede.

A pauta era refletir sobre comunicação, e indicar umas linhas de ação que os agentes que estão articulados em torno da rede possam implementar.
Ciberativismo, ocupação de alguns espaços locais de comunicação e produção de conteúdo para a rádio comunitária e comercial surgiram no fim do dia.

Os trabalhos são mediados pela ONG Instituto Internacional de Educação no Brasil (IEB).
 
Rosa Rocha e Maura Moraes completaram o escrete de mediadores da oficina no quente salão paroquial na Vila dos Cabanos. 

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Pan Amazônia - educação para a construção de um pensamento crítico


Instituto forma primeira turma de especialização em agroecologia e debate relação entre universidade e movimentos sociais
Ativistas, educadores e agricultores do Maranhão, Pará, Rondônia, Matogrosso e Tocantins discutem até o dia 01 de dezembro a relação entre universidade e movimentos sociais na construção do pensamento crítico a partir da Pan Amazônia.

Na mesma ocasião ocorre o encerramento do curso de especialização em Educação do Campo e Agroecologia e Questão Agrária na Amazônia. Os discentes da primeira turma irão apresentar os trabalhos de conclusão de curso e participar das mesas de debates.

O evento ocorre no Instituto de Agroecologia Latino Americano Amazônico (IALA), no projeto de assentamento do MST Palmares II, no município de Parauapebas, sudeste do Pará.

80 pessoas é a estimativa de participantes. O professor francês François Hourtart será um dos palestrantes. Espera-se ainda a participação de ativistas de países da Panamazônia.

O reconhecimento da categoria camponês pelo Estado no sul e sudeste do Pará teve inicio na década de 1980, com a criação do primeiro projeto de assentamento no município de São João do Araguaia, o PA Castanhal Araras.
E ganhou maior proporção no fim dos anos 1990, pós Massacre de Eldorado. Nesta seara a educação talvez seja a dimensão mais relevante do processo de territorialização camponesa no sul e sudeste do Pará.

Turmas especiais de graduação foram efetivadas, e cursos técnicos voltados para a demanda camponeses realizados. E agora em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA) os movimentos sociais formam a primeira turma de especialização em agroecologia.

Amazônia profunda, site paulista lança série de reportagens sobre a região

Os grandes projetos e as implicações que os mesmos  provocam sobre as realidades das populações locais é o foco da série de reportagens da Agência Pública

Euclides da Cunha, Vicente Salles, Otávio Ianni, Fernando Henrique Cardoso, José de Souza Martins, Samuel Benchimol, Bertha Becker, Rosa Acevedo Marin, Jean Hébette, Márcio Souza, Zuenir Ventura, Milton Hatoum, Manuel Dutra, Ricardo Rezende, Ricardo Kotscho, Lúcio Flávio Pinto são alguns intelectuais que investiram\investem em narrativas sobre a (s) Amazônia (s) em diferentes campos.

Amazônia (s) é um dos principais assuntos numa infinidade de campos, tempos  e redes sociais e econômicas no mundo. Mas, ao longo dos séculos a sua condição tem sido colonial. Uma fonte de matéria prima, cujo estoque pode alterar a rota do mundo por conta da robusta biodiversidade. É ela a motivadora de interesses do setor de farmácia e cosméticos.

O saque sobre as riquezas da região a cada dia ganha um novo capítulo. Os minérios e a energia integram desde o século passado a agenda dos interesses de grandes corporações nacionais e internacionais.

Entre as legendas constam a Vale, a norueguesa Norsk Hidro que controla a cadeia de produção de alumínio, a francesa Imerys, que explora caulim, a Alcoa, também da cadeia do alumínio, a Camargo Correa, Alcoa, Vale e a franco-belga Tractebel-Suez, quase sempre consorciadas em empreendimentos para a geração de energia.  Tais projetos tendem a pressionar os territórios das populações ancestrais.  

A expropriação das populações locais tem sido a regra, ainda que algumas pessoas consigam alguma ocupação de segunda categoria em empresas terceirizadas, onde os principais postos são ocupados por pessoas com melhor qualificação vindas de outras regiões do país, e mesmo do exterior.  

No século passado há notícias de iniciativas jornalísticas que dedicaram profissionais, recursos e tempo em produções sobre a região. A revista Realidade, o jornal Movimento e o Estadão são alguns deles.

Os custos e o tempo necessário para uma boa produção são considerados alguns dos limitadores sobre a má cobertura midiática sobre a (s) Amazônia (s), que compreende 61% do território nacional.   

Nesta semana o site paulista  Agência Pública, um espaço voltado para a defesa dos direitos humanos e o interesse público inaugurou uma séria de reportagens sobre a (s)  Amazônia (s) do Brasil.

A experiente profissional Marina Amaral , ex Folha e revista  Caros Amigos e o fotógrafo americano Jeremy Bigwood assinam uma série sobre a região de Carajás, que abriga a principal reserva de minério de ferro do mundo. O extrativismo mineral que colabora para a saúde do superávit primário do país, ao mesmo aprofunda a pobreza no Pará.

A série de reportagem durou pouco mais de cinco meses, entre a produção de pauta, trabalho de campo, checagem de dados, produção e edição de conteúdo multimídia. Algo considerado fora da realidade para a rotina dos principais meios de comunicação do país.   

Na série sobre Carajás, o grande interesse é conhecer as múltiplas realidades da cadeia produtiva dos minérios. A jornalista percorreu no mês julho e agosto vários municípios do Pará e Maranhão.  

No Pará esteve em Marabá, Canaã dos Carajás e Parauapebas. Conheceu de perto a realidade medieval do processo de produção de carvão vegetal, que alimenta as empresas de produção de ferro gusa do Pará (Marabá) e Maranhão (Açailândia), e dinamiza a cadeia do trabalho escravo.  

O conteúdo de qualidade emerge como excelente fonte de informação sobre um Brasil profundo, às vezes invisível mesmo em espaços considerado do campo democrático. O mesmo pode e deve ser usado em espaços escolares de diferentes níveis. E ainda sindicatos de classe, representantes do setor industrial e patronal local.

A agenda de desenvolvimento para a Amazônia, baseada no uso intensivo dos recursos naturais, mantém o Estado como o principal indutor e facilitador. A opção desenvolvimentista favorece grandes corporações e tende a internalizar ainda mais as realidades de expropriação e pobreza das populações locais. Na economia, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), emerge como o principal agente.  

Além de Carajás, a equipe da Pública percorreu a região do rio Madeira e do rio Tapajós. A partir do dia 03 de dezembro o  conteúdo sobre o Madeira estará disponível. Leia o conteúdo AQUI