“Úrsula” adaptado para os quadrinhos pelo roteirista e historiador
Iramir Araujo sfoi lançado no dia 13 de maio, em São Luís em espaço cultural do
MST que homenageia a escritora.
Úrsula, como qualquer jovem mulher, só queria viver intensamente
seu grande amor com a pessoa que escolheu para seguir a vida. Porém, este
direito, como tantos outros, lhe fora negado por um outro homem que julgava ser
seu dono, levando às últimas consequências a sua insanidade. Este é o pano de
fundo do romance “Úrsula”, escrito a exatos 163 anos por Maria Firmina dos
Reis, adaptado aos quadrinhos pelos roteirista e historiador Iramir Araujo, que
não por acaso escolheu a data de 13 de maio para o lançamento desta obra prima,
no local que faz homenagem a escritora maranhense: Solar Maria Firmina dos
Reis, localizado à Rua Rio Branco, no Centro de São Luís, às 19h, coordenado
pelo MST.
O mais novo projeto de Iramir Araujo vai ao encontro do que se pode
chamar de uma ode à literatura maranhense, tendo sido iniciado pela adaptação
de “O Mulato”, publicado em 2019, a partir da obra do também escritor
maranhense Aluisio Azevedo. Segundo Araujo, enquanto tiver fôlego e possibilidades
de publicação, ele continuará trabalhando em obras literárias maranhenses,
adaptando-as para os quadrinhos.
“Úrsula em quadrinhos”, como o original de Maria Firmina dos Reis,
narra a história de amor entre a protagonista homônima da história e um jovem
branco rico, Tancredo. Úrsula uma pobre moça branca vive sozinha com sua mãe
enferma, sob os cuidados de dois escravos: Túlio e Suzana, até que Tancredo,
após sofrer grave acidente é resgatado por Túlio e também passa a ser cuidado
pela jovem Úrsula. Com narrativa peculiar do estilo literário romântico da
época oitocentista, a obra de Maria Firmina dos Reis sagra-se inovador por pelo
menos dois fatores importantes: o primeiro, dar voz aos negros escravizados.
Teria sido a primeira vez que os negros capturados e trazido do continente
africano puderam, mesmo que por meio da ficção, falar sobre como era sua vida
antes de terem sido feitos escravos; seus infortúnios, o medo e as violências
sofridas em suas labutas, E o outro, é o fato de colocar a violência sofrida a todo custo pelas
mulheres, seja por seus pais, maridos, tios, numa sociedade escravocrata,
machista, patriarcal e misógina.
Página da obra Ùrsula. Ilustração de Rom Freire.
Segundo o Iramir Araujo, o leitor vai perceber nas páginas
ilustrada de “Úrsula em Quadrinhos”, toda a firmeza encarada por Maria Firmina
ao escrever seu romance, sendo ela mesma, uma mulher negra, descendente de mãe
escrava, sem registro de pai, autodidata, pobre e moradora do interior do
Estado do Maranhão. Ou seja, naquele tempo, quando ainda nem se pensava na Lei
Áurea e na abolição da escravatura, sem nada a temer, Maria Firmina foi lá e
fez, sem nada que impedisse sua força criativa, pulsante e a revolta sentida e
transcrita por ela, para as páginas de seu romance.
O historiador e artista Iramir Araújo tem se especializado em adaptar obras da literatura para HQ
“’Úrsula’ é uma obra original e muito à frente do seu tempo, pois
por meio dela, a autora dava voz e protagonismo a personagens negros,
denunciava a escravidão, e, principalmente, marcava a escritora como a primeira
mulher a publicar um romance no Brasil. Entretanto, após sua morte, toda a obra
e biografia de Maria Firmina foram relegadas ao esquecimento. Uma lacuna na
literatura maranhense se estendeu por mais de cem anos”, comenta Iramir.
Rom Freire, ilustrador da obra e parceiro de velha data do autor em outras iniciativas.
“Úrsula em quadrinhos”, um projeto aprovado pela Lei de Incentivo à
Cultura, do Governo do Estado do Maranhão e patrocinado pela Equatorial Energia
do Maranhão, é a adaptação da obra que marcou a carreira literária de Maria
Firmina, e se junta à miríade de produções literárias e artísticas voltadas
para homenagear a autora no bicentenário de seu nascimento.
Ronilson Freire na produção de páginas de Úrsula.
Tem roteiro de Iramir Araujo, arte de Rom Freire e Ronilson Freire
e será lançado em um encontro de, antes de tudo, celebração a essa mulher que
demonstrou a imensa capacidade de criação de nosso povo, em uma época em que
tudo conspirava contra: o fato de ser mulher, negra e residente no interior da
província. “Úrsula em quadrinhos” mescla em livre adaptação, aspectos da
biografia da autora, e seu romance.
Sobre os realizadores
O roteirista
Iramir Araujo - Maranhense, historiador, mestre em História Social
pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA);
Artista gráfico e roteirista, colaborou com os jornais O Imparcial
e O Estado do Maranhão, onde publicou tiras diárias e artigos sobre histórias
em quadrinhos;
Entre suas produções, destacam-se quadrinhos com fins educacionais
para ONG's e órgãos do governo, como ‘‘Gatos pingados’’, ‘‘Os viajantes do pião
do tempo’’, ‘‘Turminha do esporte’’’, ‘‘O misterioso segredo’’, entre outros;
Contando com a participação de artistas locais e nacionais, lançou
a revista ‘‘Corpo de Delito’’, com HQ's de ficção policial;
Publicou o álbum ‘‘Balaiada – a guerra do Maranhão’’, ilustrado por
Beto Nicácio e Ronilson Freire;
Também com arte de Ronilson Freire, publicou o álbum ‘‘Ajurujuba –
a fundação da cidade de São Luís’’;
Sua dissertação de mestrado ‘‘A Flecha, a pedra e a pena –João
Affonso, Aluísio Azevedo e a primeira revista ilustrada do Maranhão’’, venceu o
35o Concurso Cidade de São Luís, na categoria ensaios, sendo publicada em
livro;
Adaptou para quadrinhos o romance “O mulato”, de Aluísio Azevedo,
ilustrado por Ronilson Freire;
Publicou Além das lendas, com cinco histórias sobre lendas
maranhenses, ilustradas por Amanda Belo, Beto Nicácio, Marcos Caldas, Rom
Freire e Ronilson Freire;
Escreveu e publicou o romance policial ambientado em São Luís-Ma,
‘‘Cartas rubras’’.
Os artistas
Rom Freire - Trabalha profissionalmente com quadrinhos desde 2009,
tanto para autores independentes brasileiros, quanto para pequenas editoras dos
EUA. Em 2016 lançou seu personagem ‘‘Grimorium’’, por meio de seu selo Subverso HQ. Em 2013, quadrinizou
a obra ‘‘Fausto’’, de Göethe, publicada na coleção Clássicos em HQ da Editora
Peirópolis (SP). O álbum recebeu, em 2017, o ‘‘Selo Seleção Cátedra 10’’ da
Unesco. Trabalhou nos projetos Asa Branca e Gatos Pingados, do editor Iramir
Araujo. Atualmente, escreve seu primeiro livro de ficção.
www.facebook.com/rom.freire
www.deviantart.com/romfreire
instagram.com/romfreirehq/
Ronilson Freire - Ilustrador, já trabalhou para editoras dos
Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e Ásia. O artista já ilustrou roteiros de
Mark Waid, Grant Morrison, Nancy A. Collins, Peter Milligan, Stephen Bissette,
Cristophe Bec e Dan Watters. No mercado editorial
brasileiro especializou-se em ilustrar clássicos da literatura, como o romance
O Mulato, de Aluísio Azevedo, e as graphic novels baseadas em fatos históricos, Ajurujuba – A
fundação da cidade de São Luís e Balaiada – A Guerra do Maranhão, roteirizados
por Iramir Araujo. Atualmente, desenha a série steampunk Myopia, da Dynamite
Entertaiment, e Promethée Alfa, para a editora francesa Soleil.
instagram: @ronilson.freire/
SERVIÇO:
ÚRSULA – EM QUADRINHOS
120 páginas em preto e branco
Roteiro: Iramir Araujo
Arte: Rom Freire e Ronilson Freire
Contato: Iramir Araujo (98) 98608 7121
Enviado pelo autor.