Manoel Conceição - Foto|: Marcelo Cruz
Oeste do Maranhão, dedo de prosa no Centro de Formação do Trabalhador
Rural (Central), cidade de João Lisboa. Lisboa foi grande
jornalista, historiador e político, filho de Pirapemas, juntinho de São Luís.
O oeste do estado é conhecida como Pré Amazônia maranhense, na ilharga
entre a Amazônia e o Cerrado. onde Balsas, já ao sul do estado, puxa Floriano, no Piauí. Balsas representa um polo de soja. O projeto atual é a expansão do monocultivo no
Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, ideia materializada no projeto MATOPIBA.
A soja dominada por migrantes do Sul detonou com o Cerrado. É no
Cerrado que os rios afloram. A soja, ladeada por outros projetos, expropriou
camponeses, alimentou a gusa com carvão, que desenvolveu o trabalho escravo, que
turbinou a riqueza em outras paragens, que alimentou o capital e semeou a fome.
A soja se instalou na região anos 1980. Neste período o território da
região experimentou uma abissal reconfiguração por conta da instalação de
grandes projetos (teerritorialilzação do capital) baseados em polos de desenvolvimento, além da soja, polo de
gusa e a cultura de eucalipto dominaram o ambiente.
Aqui Manoel da Conceição sentou praça após ter corrido meio mundo. E, correu mesmo. Valendo!. No
dia 24, no derradeiro sábado, o semeador de ideias, barricadas em defesa dos
trabalhadores e das trabalhadoras em diferentes frentes: sindical, ambiental,
educação e sonhos somou 85 anos. A saúde não é das melhores. Mas, para quem
encarou prisões, atentados, tortura e o exílio, o combatente segue de pé.
Fim dos anos de 1990 e início dos anos 2000, passei a ter contato com
o educador popular inspirado na letra da luta de classes. A gente fazia parte da rede Fórum Carajás, e assim, passei a conhecer o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural
(Centru). Iniciava-se a minha salvação como ser humano.
Certa vez, num intervalo de reunião, regado a dois dedos de prosa e
pinga, estava eu macambuzio. Mané indagou o motivo da amofinação, dei um
despiste, acho. Ele retrucou: “Fique assim não. Você ainda é jovem. Ainda vai
morrer várias vezes antes da vida findar. Vais morrer de mal de amor. Morrer de
decepção de “amigos”, morrer de desencantamento com companheiros e políticos.
Morrer de mil coisas. ” Nunca esqueci da prosa e da sabença.
No recente livro de memória lançado pelo igualmente combatente camponês Luiz Vila Nova, é recorrente a referência ao educador popular Manoel da Conceição, como estrategista sagaz na luta pela terra, Ouvi umas prosas dessas de táticas de guerrilha. Vila enxerga na prosa e na canção elementos poderosos de formação. É dele o verso que reza: "O risco que corre o pau corre o machado. Não temos o que temer. Aquele que mata, também pode morrer".
No dia do natalício de Mané, na véspera do Dia do Trabalhador Rural, o
MST fez uma ciranda remota em loa ao mestre. Falou peão de trecho, falou
companheiros de batalha da luta sindical, falaram filhos, a esposa, a neta
recitou poema. Falou gente de paletó e pé rachado da roça, dirigente sindical e
educador. Falou João Pedro do MST, inté o governador.
Manezinho, o filho educador, assim o resumiu: “Mané é isso,
coletividade e luta, Mestre da esperança, um educador popular, um mestre da
vida. A luta contra todas as formas de opressão, dos trabalhadores e
trabalhadoras rurais, de negros e mulheres, de toda forma de adversidade. O que nós estamos fazendo hoje,
agora, é uma poesia coletiva. Mané é um semeador. “
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Quando Mané somou 40 anos de luta, o IBASE publicou uma reportagem sobre
o maranhense que foi um dos fundadores do PT nacional, da CUT, do Centru e do Cetral, etc...Leia AQUI