quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Terra do Meio - terra em disputa

O Instituto Chico Mendes anunciou que vai realizar um levantamento sócio-econômico na Terra do Meio, região do Xingu, oeste do Pará. A região é considerada a derradeira reserva de mogno do planeta, alvo da cobiça de inumeráveis sujeitos sociais.

O grileiro tem preponderância, o caso emblemático é do Cecílio Rego. A região registra óbitos dos dirigentes sindicais Ademir Alfeu (Dema), Bartolomeu Silva (Brasília) e missionária Irmã Dorothy. O bispo Darwin, vencedor do prêmio Direitos Humanos das Américas,2008, há anos anda com escolta policial, por conta de constantes ameaças de morte.

A iniciativa do levantamento envolve um cipoal de ONG´s de grande porte e da região. Tarcisio Feitosa, vencedor do Goldman Prize - considerado o Nobel de meio ambiente - pelo seu trabalho para proteger a floresta tropical, no ano de 2006, sobre o contexto da região adverte:

01- Até hoje não foi liberado os créditos do Incra para essas famílias, no Riozinho há um garimpo ilegal de ouro funcionando a todo vapor, no Xingu as fazendas de gado mesmo com a ordem judicial não foram retiradas da área.

02 - Na última reunião promovida pelo Inchibio na área não deixaram as organizações de apoio participarem. E os técnicos do Inchibio disseram que as populações locais que estão dentro do Parque Nacional não podem tirar a castanha esse ano.

Amazônia : deu na Revista Fórum


Renato Rovai, editor da Revista Fórum visitou, desprovido de prentensão em revelar "um mundo selvagem" , como alerta, uma reserva ecológica no Amazonas.
A idéia é fazer uma panorâmica sobre o vasto mundo amazônico, ainda um universo desconhecido para a maioria dos brasileiros daqui e de outras regiões do país, antes da realização do FSM. que ocorre em janeiro em Belém,Pará.

Na primeira reportagem Rovai realiza um relato de viagem, descreve o cotidiano de alguns profisionais e aprende que em noites de lua a caça se esconde. No vasto mundo de águas, Rovai conheceu o rio Negro.

o Editor da revista Fórum conta que a "região escolhida para perceber um pouco da vida na floresta foi a Estação Ecológica do Arquipélago das Anavilhanas, composto por cerca de 400 ilhas e cuja área total é de aproximados 350 mil hectares."

Esta primeira matéria destaca as impressões da viagem, a vida indígena local e a história de profissionais de diferentes áreas que se deslocam para o desafio amazônico. Na segunda reportagem, da edição de dezembro, o desafio da educação e o trabalho às margens do rio Negro serão o centro da pauta, arremata Rovai.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Pará:Viagem ao mundo dos índios Zo’é - deu no Le Monde Diplomatique Brasil



Os índios Zo’é vivem no Baixo Amazonas, numa fronteira em que a exploração mineral e a monocultura de grãos ativada pela Cargil ameaçam a população indígena, ribeirinhos e agricultores. A região também registra remanescentes de quilombos.

A Vale e a Alcoa exploram bauxita, matéria prima para a produção de alumínio. Além das frentes da expansão das monoculturas e da mineração, para a região o governo federal agenda um pacote de hidrelétricas. Como se nota, todas as atividades são do setor primário, intensa no uso dos recursos da natureza. É a Amazônia extrativa, desde muito tempo.

O povo Zo’é é considerado isolado. Foi contatado somente em 1987, conta Beth Mindlin. Índios e índias podem ter mais de um par. Eles escaparam ao fundamentalismo evangélico e buscam com a cooperação de indigenistas a manutenção de sua cultura. Mauro Leonel recupera em artigo o contexto da região em que vivem os Zo’é. Aos interessados os artigos foram publicados na edição de novembro do Le Monde Diplomatique Brasil.

FSM - Notícias de Belém Expandida




60 dias para o FórumBelém Expandida permite a participação no FSM 2009 mesmo para as organizações que não estarão presentes fisicamente em Belém. O Consleho Internacional do FSM fez um chamado à participação no último mês de Setembro - http://www.forumsocialmundial.org.br/noticias_01.php?cd_news=2469&cd_language=1 Desde então, contatos foram feitos, um grupo de facilitação se estabelecey e Belém Expandida já é visível no OpenFSM.


Como está a mobilização para Belém Expandida?- 50 pessoas estão na lista de discussão e no espaço de de Belém Expandida: http://openfsm.net/projects/club-belemexpanded/team- 20 espaços fsm2009expanded foram criados para a América, Europa, África e Oriente Médio (outros estão sendo preparados): http://openfsm.net/projects/club-belemexpanded/list-en - 400 atividades foram registradas em Belém, indicando a intenção de conexões. A lista de organizações proponentes interessadas nas conexões permite que outras organizações entrem em contato. Veja a lista aqui: http://openfsm.net/projects/club-belemexpanded/belemcidade-list,


Como será feita a conexão entre os participantes de Belém Expandida?No território do FSM em Belém, o trabalho em curso pretende alocar salas com telefone e conexão de internet para os participantes de Belém Expandida, para permitir chats e video conferências. Se possível, técnicas mais sofisticadas de videoconferência serão usadas. Mais notícias nas próximas semanas. (info: http://openfsm.net/projects/tecnointercomfsm/project-home)


Como começar a participar de Belém Expandida? Para se envolver, não há registro preliminar, basta anunciar que a sua organização está interessada em participar de Belém Expandida. Para isto, você está convidado a preencher um parágrafo de texto e enviar à lista de discussão de Belém Expandida.


Siga as instruções: http://openfsm.net/projects/club-belemexpanded/english Depois do recebimento do seu anúncio, o grupo de facilitação de Belém Expandida irá entrar em contato.
FONTE- Boletim do FSM

FSM: Abertas inscrições para imprensa e atividades culturais




Já estão abertas as inscrições para imprensa e de proposição de atividades culturais para o Fórum Social Mundial 2009. As inscrições são gratuitas.Para inscrever uma atividade artístico-cultural, como teatro, cinema, música, literatura, artes visuais, dança, contação de histórias, entre outros, é necessário estar de acordo com a Carta de Princípios e com o Termo de Referência de Cultura do FSM. Esses documentos e o passo-a-passo de como fazer as inscrições podem ser acessados no link: http://www.fsm2009amazonia.org.br/forum-social-mundial/inscricoes/atividades-culturais


O período de inscrições para manifestações culturais segue até o dia 12 de dezembro. Imprensa: Podem se inscrever como imprensa, empresas de comunicação convencional, faculdades de jornalismo, profissionais free-lancers, comunicadores da mídia livre, alternativa e de organizações e entidades da sociedade civil organizada.

As inscrições para imprensa seguem até o dia 10 de janeiro e devem ser feitas no link: http://inscricoes.fsm2009amazonia.org.br/A inscrição e posterior credenciamento dará acesso livre às estruturas de apoio à imprensa e às coletivas. Informações: imprensa@fsm2009amazonia.org.br.
FONTE- Boletim do FSM

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Samba, Agoniza, Mas Não Morre


Existe um samba mais original para se cantarolar do que a pérola do mangueirense Nelson Sargento, no dia dedicado a essência da música brasileira?

Samba, agoniza mas não morre

Alguém sempre te socorre

Antes do suspiro derradeiro

Samba, negro forte destemido

Foi duramente perseguido

Nas esquinas, no botequim, no terreiro

Samba, inocente pé no chão

A fidalguia do salão

Te abraçou, te envolveu

Mudaram toda a sua estrutura

Te impuseram outra cultura

E você nem percebeu

Dantas e o capital financeiro-agrícola

Carlos Tautz
Efeito collateral da Satiagraha: a Polícia Federal descobriu indícios de que Daniel Dantas lavaria dinheiro através do investimento na mineradora Global Miner Exploration (GME), que ainda por cima operaria ilegalmente em áreas de proteção ambiental e em reservas indígenas no Pará.
Essa descoberta vem na sequência de outras revelações a respeito dos novos negócios de Dantas. O banqueiro, também proprietário de empresas de telefonia, está erguendo um verdadeiro império na pecuária de exportação e já seria o maior criador de gado no Brasil – talvez um dos maiores do mundo.
O Banco Opportunity, pertencente a Dantas, controla mais de 60% do capital da Agropecuária Santa Bárbara Xinguara, que possui pelo menos 500 mil cabeças de gado e atua no sul do Pará. Somadas, as áreas da Agropecuária chegam a 510 mil hectares – equivalente a três vezes a extensão do município de São Paulo, segundo apurou o jornal Valor Econômico.
Base do grupo, essa região paraense há décadas é palco de amplos e dramáticos conflitos agrários, assassinatos de sindicalistas e ambientalistas. É também o principal foco da grilagem e do trabalho escravo no Brasil. Concentra grandes propriedades que desrespeitam a legislação fundiária e ambiental.
O superintendente regional do Incra em Marabá (PA), Raimundo Oliveira, disse ao Valor que "o saldo desta pecuária "extremamente extensiva" são "áreas degradadas, solos empobrecidos e a pecuária demandando cada vez mais terras".
Segundo Oliveira, é raro encontrar uma propriedade que obedeça o percentual de 80% de reserva legal estabelecido por lei para a região. Aliás, o presidente nacional do Incra, Rolf Hackbart, e o Ministro Mangabeira Unger, vêm alertando para a urgência de se regularizar a situação fundiária no Brasil, em especial na região norte, onde se compra e se vende terra, quase sempre pública, sem qualquer controle.
Não é novidade a migração de empresas sofisticadas economicamente para o setor primário. A rigor, não há grupo financeiro no Brasil que não lastreie suas operações econômicas em atividades de extração intensiva de recursos naturais. É nesse contexto que as empresas de Daniel Dantas chegam à mineração e à pecuária praticadas em regiões de baixa institucionalidade, onde as relações – trabalhistas, de produção, ambientais etc – são típicas do século 17.
A "modernidade" dessa diversificação de atividades por parte de grande grupos empresariais está em outra perspectiva. As empresas financeiras superaram há muito a estratégia de adquirir vastas porções do território apenas como reserva de valor. Agora, elas utilizam a terra em um sistema de produção verticalizada, para alcançar rentabilidade em altíssima escala. Regra geral, o sistema se processa da seguinte maneira.
Uma grande empresa se capitaliza - vamos dizer, no setor financeiro – e adquire grandes áreas agrícolas (muitas vezes nessas áreas de sombra, onde não é clara a titularidade da propriedade) e passa a produzir commodities agrícolas ou minerais voltadas para atender ao mercado internacional. Muitas vezes, essa empresa agrícola vincula-se a um pequeno número de grandes atravessadores internacionais.
No setor de alimentos, por exemplo, não passam de meia dúzia. Empresas como a ADM, Cargill e Bunge, todas multinacionais, controlam o mercado global de comida. São esses traders (em associação com grupos menores, como o Grupo Maggi, do governador do Mato Grosso), em associação com as empresas financeiro-agrícolas que especulam em larga escala, que estão entre os culpados pela atual crise induzida do preço dos alimentos. Ao controlar toda a cadeia de produção – a produção primária, a intermediação e a especulação final –, alcançam uma rentabilidade sem precedente e o poder de definir a duração e a profundidade dos ciclos de disponibilidade e de preço das commodities.
Como no Brasil todos os insumos para as indústrias agrícolas ou são desregulados, ou são baratos, ou são gratuitos, grandes empresas, especuladores institucionais e individuais e aventureiros interessados exclusivamente na multiplicação imediata, desregrada e vertiginosa de seus recursos atuam desembaraçadamente. Contam com incentivos e fundos públicos subsidiados, como acontece agora a indústria do etanol, que não pára de atrair forasteiros de todos os tipos. Eles "investem" no Brasil com recursos disponibilizados pelo Banco do Brasil, BNDES etc etc.
A equação do capitalismo financeiro-agrícola, o legal e o ilegal, parte da ultraexploração dos recursos naturais, incluindo desflorestamento em alta escala, e chega ao controle do mercado internacional de matérias primas, utilizando tanto dinheiro lícito quanto ilegal. Ao longo dessa cadeia, recebe o apoio de alguma instância do Estado. Termina controlando a oferta mundial até de alimentos, enquanto os governantes têm a capacidade de afirmar que o preço da comida aumenta porque mais gente come. Será o caso de taparmos a boca dos pobres para manter a modicidade dos preços?
Carlos Tautz é jornalista e pesquisador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase)

Jornalista fala dos limites da sustentabilidade no Brasil e no mundo durante Amazontech 2008

Washington Novaes destacou a preservação ambiental versus os padrões de consumo

O jornalista Washington Novaes, um dos grandes nomes do jornalismo nacional e uma referência na área ambiental e na questão indígena, esteve em São Luís para participar do Amazontech 2008. Na ocasião, ele comandou a conferência máster, de tema “Limites da sustentabilidade no Brasil e no mundo”, que aconteceu no Centro de Convenções Pedro Neiva de Santana.


O jornalista colocou em pauta a preservação ambiental versus os padrões de produção e consumo. Washington Novaes iniciou sua conferência traçando um panorama do clima mundial, destacando que o consumo de energia vai acarretar uma série de mudanças climáticas no mundo todo.

Segundo a Agência Internacional de Energia, esse fenômenodo aumentará 71% no mundo até 2030, e a temperatura média mundial subirá 3 ºC até 2050. “Os países ricos vão ser os principais responsáveis por essas mudanças, pois eles são os maiores emissores de poluentes”, disse Novaes. O protocolo de Kyoto, que regulamentou em 1997 a Convenção do Clima, de 1992, estabeleceu que os países industrializados reduzam suas emissões em 5,2%, entre 2008 e 2012. Mas os Estados Unidos, um dos principais poluentes do mundo, não homologaram as regras da Convenção.

Para Washington Novaes, o problema central é que hoje não existem instituições, nem regras universais, capazes de promover as mudanças necessárias na escala global. “As reuniões de convenções da ONU exigem consenso para tomar decisões, o que acaba se tornando difícil devido aos interesses contraditórios” falou o jornalista. Após expor aos presentes o panorama climático mundial, o conferencista apontou tecnologias que já estão em desenvolvimento e visam o beneficiamento da sustentabilidade.

Entre as principais tecnologias ele destacou o seqüestro e sepultamento de carbono no fundo do mar ou campos de petróleo esgotados; células de combustível; veículos híbridos; energias eólica, solar, de marés e biocombustíveis. Durante a conferência, Washington Novaes ressaltou também que já há sinais de otimismo atualmente. “Avanços já podem ser sentidos principalmente nos países mais poluentes.
A Corte Suprema dos Estados Unidos determinou que o governo defina limites para emissões de produtoras de energia, veículos e grandes indústrias, a Alemanha determinou meta de redução de emissões até 2020 em 40% sobre 1990 e a Grã-Bretanha fixou redução de 80% das emissões até 2050”, reiterou Novaes.

Dados do último relatório planeta Vivo e do Greenpeace apontam que o consumo mundial é 30% além da capacidade de reposição do planeta nos recursos naturais. Está se deteriorando os ecossistemas naturais a um ritmo nunca visto na história da humanidade. Quase um terço das espécies conhecidas se extinguiu em três décadas.

O jornalista encerrou a conferência esboçando um cenário futuro para o Brasil, caso a humanidade continue no mesmo ritmo de consumo. Segundo dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisa), ao longo deste século, haverá um aumento de 6 a 8ºC na temperatura da Amazônia, de 3 a 4ºC na região Centro-Oeste, além de uma possível perda de 20 a 25% nos recursos hídricos do Semi-árido.

“Precisamos construir uma nova estratégia, e serviços e recursos naturais são o fator escasso no mundo, hoje, precisamos colocar essa realidade no centro e no início de uma estratégia que os valorize e ajude a construir a sustentabilidade”, completou Washington Novaes.


ASCOM UFMA
Rafael Arrais

FSM em números


Rubens Gomes, do comitê de organização do FSM informa que com o fim das inscrições de atividades no dia 21/11 os números para o FSM 2009, dados tabulados no dia 24/11, tem-se o total 3.781 de organizações inscritas, 44.123 delegados e as atividades inscritas somam 2.403.


domingo, 30 de novembro de 2008

20 anos sem Chico Mendes













Na próxima quarta-feira (3/12), a partir das 10h, o Congresso Nacional e várias entidades da sociedade civil realizam um ato em homenagem a Chico Mendes. Neste ano de 2008, o assassinato deste que foi um grande lutador completa 20 anos.

Guardião da floresta e combatente da opressãoFrancisco Alves Mendes Filho nasceu no Seringal Porto Rico no município de Xapuri em 15 de dezembro de 1944, filho de pais nordestinos que migraram para a Amazônia.

Desde os 11 anos já trabalhava como seringueiro partilhando o destino comum àquelas famílias que em vez de ir à escola trabalham para extrair o látex.Chico Mendes teve a fortuna de encontrar aquele que seria seu grande mestre, Fernando Euclides Távora, que não só lhe ensinou a ler e a escrever, mas o caminho que o levaria a se interessar pelos destinos do planeta e da humanidade.

Em 1975, já militando nas comunidades eclesiais de base - as Cebs - funda o primeiro sindicato de trabalhadores rurais no Acre, em Brasiléia, junto com seu amigo Wilson Pinheiro. Em março de 1976 organiza junto com seus companheiros, o primeiro Empate no Seringal Carmen.

O Empate consistia na reunião de homens, mulheres e crianças, sob a liderança dos sindicatos, para impedir o desmatamento da floresta, prática que se tornaria emblemática da luta dos seringueiros.

Nos Empates alertavam os ´peões` a serviço dos fazendeiros de gado, geralmente de fora do Acre, que a derrubada da mata significava a expulsão de famílias de trabalhadores, convidava-os a se associar à sua luta oferecendo 'colocações` e 'estradas`de seringa para trabalhar e, firmes, expulsava-os dos seus acampamentos de destruição impedindo seu trabalho.

Os Empates tiveram um papel decisivo na consolidação da identidade dos seringueiros e essa forma de resistência acabou por chamar a atenção de todo o Brasil, sobretudo após o assassinato de seu amigo Wilson Pinheiro em 21 de julho de 1980.
FONTE- MST