domingo, 10 de novembro de 2024

Tio Walter

 

Cantou para subir o tio Walter.  Casa dos 80 verões pra diante. Caçula, era o bendito fruto de um matriarcado arretado.  Morava na zona rural de São Luís, em um sítio, onde mantinha um comércio.  Em Quebra Ponte, caso eu não esteja enganado.  

Dos resquícios da memória de uma rara visita à casa dele, emerge a beleza e o cheiro doce de um jenipapeiro. A frondosa árvore produzia uma bela sombra. Os frutos esparramados pelo chão perfumavam a entrada da casa. Compotas, doces, licores são produzidos a partir do jenipapo.

Fala-se que os galhos da árvore é o mais recomendado para a produção do arco do berimbau. Berimbau sim, berimbau não....berimba, berimba, berimbau...tio Walter cantou pra subir....foi fazer meia lua em outro arraial.

Ao contrário das meninas, que sempre organizavam reuniões, o tio era recluso. Era miúdo. Franzino. Pouquinho. Quando jovem foi atropelado por um caminhão. Ficou todo esbandalhado. Inúmeras vezes recordo de ir ao hospital levar refeições para ele. Quando lembro por quanto tempo ficou internado. Todavia, saiu com sequelas.

Em uma das recorrentes idas a São Luís para visitar Mainha, ele apareceu para um almoço. Divertido e falador. Queria saber como eu tinha ficado.  Conheceu Docinho, que morria de rir das potocas dele.

Na ocasião, contou um causo que teria ido de bicicleta até às proximidades do município de Rosário. Trata-se de uma espécie de região metropolitana de São Luís. Salve engano, a proeza foi por conta de algum rabo de saia. O esforço o fez sangrar. 

no dia do almoço, antes de partir, fez a "intera" para a breja.