quarta-feira, 24 de abril de 2013

Sudeste do Pará - Livro recupera momentos da luta pela terra do século passado

Territorialização do campesinato no sudeste do Pará, dissertação laureada com o Prêmio NAEA\2008 recupera 20 anos da história recente do campesinato da região, considerada uma das mais tensas na luta pela terra do país. 
 
O livro de Rogério Almeida será lançado no dia 01 de maio, às 19h, no estande do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA\UFPA), durante a Feira Pan Amazônica do Livro. 
 
A pesquisa foi orientada pela Dra Rosa Elizabeth Acevedo Marin, e teve a avaliação dos doutores Gutemberg Guerra e Maurílio de Abreu Monteiro. Uma banca de examinadores externos indicou o trabalho para publicação.
 
A segunda  dissertação selecionada para publicação foi  Brazilian Migration to Guyana as a Livelihood Strategy: a case study approach, de Hisakhana Pahoona Corbin.

A investigação de Almeida recompõe fragmentos do período que compreende os anos 1987-2007. A criação do primeiro Projeto de Assentamento da região, o PA Castanhal Araras, localizado no município de São João do Araguaia constitui  passo inicial do reconhecimento pelo Estado das demandas camponesas no sudeste paraense.

A partir de tal episódio o autor aborda as mediações por que passaram as entidades de representação camponesa, até se afirmar como sujeito econômico, político e social numa área de fronteira na Amazônia. Almeida trata da presença da Igreja Católica, ONG´s, partidos políticos e da própria universidade através do Centro Agro-ambiental do Tocantins (CAT).

A territorialização camponesa iniciada ao apagar das luzes da década de 1980, além da dimensão física registra a construção de representações políticas e institucionais.  Tais como a efetivação de uma regional da FETAGRI, o MST e a recentemente criada Federação dos Trabalhadores Rurais na Agricultura Familiar (FETRAF).
 
Trata-se de uma cidadania conquistada e não concedida, que ultrapassa os limites da mera análise física da reconfiguração da região.

Rogério Almeida percorre a região desde 1997 e entre os anos 1999 a 2003 foi vinculado ao Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical e Popular (CEPASP), ONG com sede em Marabá, coordenada pelo educador Raimundo Gomes da Cruz Neto, onde prestou serviço de assessoria.

Territorialização do campesinato é o terceiro livro de Almeida. Em 2006 lançou a obra Araguaia-Tocantins: fios de uma História camponesa, coletânea de reportagens sobre o Bico do Papagaio, norte do Tocantins, oeste do Maranhão e sudeste do Pará, pela rede Fórum Carajás.
Em 2008 colaborou como pesquisador e organizador do conteúdo de uma publicação da ONG do Baixo Tocantins, Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes (APACC), que retrata a experiência em agroecologia no entorno de Cametá.  

Com financiamento do Banco da Amazônia lançou no fim do ano passado Pororoca pequena: marolinhas sobre a(s) Amazônia de Cá.
O autor tem produzido materiais jornalísticos e acadêmicos e integrado equipes na organização de conteúdos sobre a região de Carajás.  Sempre que pode atualiza o blog Furo e escreve para a Agência Carta Maior.
Serviço
Lançamento do livro Territorialização do campesinato no sudeste do Pará
Feira Panamazônica do Livro
Estande do NAEA-UFPA
Hora- 19h

O crime encanta?

Não raro casos de enlace entre criminosos e pessoas comuns são retratos na literatura e no cinema.
Rayfran das Neves é um dos condenados na execução da missionária e agente pastoral da Comissão Pastoral da Terra (CPT) do Pará, Dorothy Stang.
O crime ocorreu em fevereiro de 2005. Das Neves fez par com Clodoaldo Batista. Eles foram condenados a 27 e 17 anos de prisão.  A empreitada foi uma encomendada por Vitamiro de Bastos (Bida) e Regivaldo Galvão (Taradão).
O último foi solto por decisão do ministro do STF, Marco Aurélio Mello. Mello alcançou a suprem corte com nomeação do primo e senador pelo estado de Alagoas, Collor de Mello.   
Das Neves e Batista foram presos e julgados no mesmo ano do crime. O caso é uma exceção no histórico de assassinatos  envolvendo defensores da reforma agrária no Pará.
O julgamento ocorreu em pouco mais de 10 meses do assassinato da missionária no município de Anapu, sudoeste do estado.
A praxe é pelo menos 10 anos de espera no judiciário.
Rayfran cumpre pena em sistema semiaberto. Ele prestava serviço numa repartição pública do estado como zelador.  
Após ser reconhecido, parte dos funcionários pediu o afastamento do mesmo. Um informante narra que ele não gosta de falar no caso. E raro encara as pessoas.
Uma pesquisadora que investiga o caso morreu de encantamentos pelo executor da ativista.  E chegou a cogitar um enlace matrimonial com o mesmo.
O encantamento ganhou volume por conta de entrevistas reallizadas pela cientista.

Caso Irmãos Novelino completa seis anos

Sebastião Cardias é ex policial. Encontra-se preso no complexo penitenciário de Santa Isabel. Ele integrou um consórcio que executou os irmãos Novelino, Ubiraci e Uraquitan em Belém, no dia 25 de abril ano de 2007, há seis anos.

Uma fonte do sistema penal informa que o ex policial tem gozado de regalias na penitenciária. Apesar de ex  policial, ele estaria ficando numa área dedicada aos policiais que cumprem pena.

O crime no topo da pirâmide da sociedade paraense envolveu um esquema de agiotagem entre o empresário Chico Ferreira, o radialista Luiz Araújo e os irmãos Novelino.

Os empresários eram irmão do deputado estadual Alessandro, falecido em um acidente de avião no começo do ano passado. A família controla postos de gasolina em Belém, entre outros empreendimentos.  

Os irmãos caíram em uma emboscada montada por Ferreira e Araújo.  O último faleceu no cárcere por problema de saúde, e Ferreira ainda cumpre pena.

O crime ocorreu na empresa de Ferreira, a Service Brasil. Os irmãos foram assassinados a golpes de barra de ferro, e os corpos jogados na Baía do Guajará, colocados em camburões amarrados a âncoras e peças de concreto.  

A ambição de Araújo em ficar com o carro dos irmãos colocou por terra o crime. O radialista levou o veículo Corolla para um desmanche no sítio “Gueri-Gueri”.

O barulho incomodou os vizinhos que acionaram a polícia.  O radialista foi o primeiro a cair. O caso dos irmãos Novelino tem semelhança a práticas da máfia.

Na época do crime Ferreira negociava com Wanderlei Luxemburgo (atual técnico do Grêmio), e o então prefeito de Parauapebas, Darci Lermer (PT), a formação de uma escolinha de futebol.
Agiotagem, contrabando, tráfico de drogas e pessoas, exportação ilegal de madeira agitam o universo da high society de Belém.

O universo paralelo da elite local é retratado com vigor nas obras Os Éguas e Cidade Concreta, de Edgar Augusto Proença, editora Boitempo.   

terça-feira, 23 de abril de 2013

Paraupebas - funcionários públicos entram em greve

Parauapebas teve a sorte de nascer em berço de ouro. Somente nos três primeiros meses de 2013 entrou em sua conta corrente 442 milhões de reais, superando Marabá que conta com 300 mil habitantes e Belém que passa de 1 milhão e meio de habitantes. Além disso, conta com uma arrecadação total de R$ 1,6 bi.
 
Mesmo assim, depois de sete mesas de negociações com o governo municipal, os trabalhadores da educação pública não tiveram outra alternativa, senão entrar em greve por tempo indeterminado, até que seja convocada nova negociação com o governo municipal, pois a categoria não aceitou a proposta de reajuste inferior a inflação do Estado e um vale fome de R$ 280,00. Pois este valor não corresponde a 30% da cesta básica de Parauapebas.
 
Diante disso, os trabalhadores da educação, acompanhados pelos servidores da saúde pública e do movimento estudantil, fizeram uma grande caminhada, saindo da Câmara Municipal até a Praça da Cidadania onde deliberaram pela manutenção da greve.
 
O SINTEPP - Sub-sede de Parauapebas comunica aos pais dos alunos que os dias parados serão repostos, após negociação com o governo. Neste sentido solicitamos o apoio dos pais ou responsáveis para que não mande os estudantes para as escolas, pois a greve é legítima e um direito constitucional do trabalhador.
 
AGENDA DA GREVE:
DIA 24/04/2013 - QUARTA FEIRA - PIQUETE NAS ESCOLAS;
DIA 25/04/2013 - QUINTA FEIRA - GRANDE CONCENTRAÇÃO NA PRAÇA DE EVENTOS AS 8 HORAS.