Texto do prefácio do livro
Em “Pororoca pequena marolinha
sobre a(s) Amazônia(s) de cá”, o jornalista Rogério Almeida, bem conhecido
entre nós por sua militância junto aos movimentos sociais no campo pinta uma
paisagem das contradições sociais e políticas que nos afetam, à nós, moradores
da imensa Amazônia irrigada por uma igualmente imensa bacia hidrográfica. Tão
imensa e diversificada do ponto de vista físico, econômico, social, político e,
principalmente, cultural, que autores – notadamente geógrafos, como Ariovaldo
de Oliveira – a desdobram, como Rogério Almeida prefere desdobrá-la - o que lhe
permite não esconder sua particular simpatia pela Amazônia dos rios Tocantins e
Araguaia, como se estes dois afluentes do Amazonas, já por só imensos,
oferecessem uma espécie de síntese de todas elas.
Apesar da “modéstia”que o autor
atribui – modestamente – a seu livro, vários de seus textos já foram
apresentados em reuniões e encontros científicos, e mereceram publicações em
revistas reconhecidas como Caros Amigos,. Democracia Viva do IBASE e do Laboratório
de Políticas Públicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
A coletânea reúne 20 trabalhos
distribuídos em quatro partes: a primeira, referida aos chamados Grandes
Projetos, cada vez maiores na dimensão dos seus impactos sociais; a segunda,
mais substancial, traça a audaciosa saga dos pequenos produtores rurais por aí
imigrados em confronto com o latifúndio especulativo e ilegal; na terceira
parte, o autor dá um pulo rápido para a cidade de Belém, antes de concluir, na
quarta parte, com cinco entrevistas com testemunhas significativas de nossa
história recente. Esta paisagem sugere uma arte de pirotecnia com um fogo de
artifício de flashes brilhantes e percutidores lançados em todos os horizontes
da vida sofrida do campesinato amazônico. Destes flashes se destaca uma
quantidade de números preciosos coletados em fontes confiáveis.
A narração flui, fugindo à
linguagem acadêmica à qual o redator teve que se submeter na sua dissertação do
mestrado apresentado ao Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA), lhe
preferindo um estilo jornalístico mais florido, recheado de metáforas, às vezes
tangentes a um certo preciosismo .