quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Marabá – Fábio Oliveira Lima, sociólogo, diretor e produtor realiza I Edição do Festival de Cinema ‘Clima em Cena’

 

Dialogo na escola Liberdade, Marabá/PA. Foto: T. Cruz

O Festival realizado entre os dias 27 de outubro e 03 de novembro, teve como horizonte a promoção de um espaço cultural e educativo de troca, onde o cinema atua como ferramenta de diálogo e mobilização frente aos desafios das mudanças climáticas. As escolas EEEM (Escola de Ensino Municipal) Liberdade e no CMRIO (Colégio com supervisão militar)-Tocantins foram os palcos das sessões.
 

A iniciativa do sociólogo diretor e produtor Fábio Oliveira Lima foi selecionada no Edital de Chamamento Público Nº 002/2025 - Fomento à Criação de Projetos Culturais, da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), do município de Marabá.

Momento de troca com os discentes da CMRIO-Tocantins. Foto: F. Lima

Além de exibições de filmes, a iniciativa promoveu a Oficina de Produção Audiovisual: Juventude e Clima, voltada especialmente para os estudantes da EEEM Liberdade e produções audiovisuais a partir de aparelhos celulares.

Exibição de filmes na escola Liberdade. Foto; T. Cruz

 Durante a oficina, realizada em 26 de agosto, os jovens foram incentivados a desenvolverem vídeos autorais  sobre questões ambientais que afetam diretamente suas realidades, a exemplo do desmatamento, da poluição, da escassez de água e a relação entre clima e desigualdade social, além do histórico da escola que completa 40 anos.

terça-feira, 25 de novembro de 2025

Comuna Cepasp/Marabá: debate sobre a liberdade de cátedra marca lançamento do livro do professor Rogerio Almeida, da UFOPA

 

Mesa de debate sobre a liberdade de cátedra. Foto; Thiago Cruz 

Na tarde do dia 22, um sábado, a Comuna Cepasp, com sede em Marabá,  acolheu o lançamento do livro Arenas amazônicas: economia, natureza e sociedade, autoria de Rogerio Almeida, professor do curso de Gestão Pública, da UFOPA, campus Santarém. O livro foi selecionado no edital de Política Nacional Aldir Blanc, do município de Santarém.

Entre ensaios e reportagens o livro é composto de 13 trabalhos. O conjunto reflete sobre a implantação de grandes projetos no Pará e no vizinho estado do Maranhão. Alguns trabalhos são mais robustos, outros nem tanto. Alguns foram atualizados.  A maioria é autoral. Todavia, a jornalista Lilian Campelo divide uma reportagem sobre mineração com o pesquisador. 

Além de ensaios autorais, Almeida conta com a contribuição  de Júlia Iara, militante do MST. Em texto de verve poética, a militante  empreende reflexão sobre o temor em ser ativista em terras amazônicas. O escrito foi gestado quando da passagem do Massacre de Eldorado, que em 2026, soma 30 anos.

A advogada e poeta Wanda Monteiro, filha do escritor, advogado, gestor público e político Benedicto Monteiro, cedeu uma  loa lírica escrita em homenagem ao pai. O texto foi produzido para ser lido quando da entrega da comenda de doutor honoris (pós morte) conferido pela UFOPA (Universidade Federal do Oeste do Pará) em 2025.

A Comuna existe há 40 anos. É um espaço dedicado à pesquisa e assessoria sindical e movimentos sociais. Fez parte de inúmeros fóruns nacionais e internacionais. Na região, tem um papel de vanguarda no debate ambiental, na comunicação popular, na luta pela terra e pela defesa dos direitos humanos.

Celebração e bate papo pós lançamento do livro do professor Rogerio Almeida. Foto: redes sociais

Liberdade de cátedra- uma reflexão sobre a liberdade de cátedra precedeu o lançamento do livro.  Os professores Armando Tafner (Unifesspa), Marcelo Melo (IFPA) e dirigente sindical, Amailson Lima (UEPA), campus de Conceição do Araguaia e representante sindical,Raimundo Gomes da Cruz Neto, educador popular e dirigente da Comuna Cepasp, José Batista Afonso, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Marabá compuseram a mesa.

A seção foi organizada por conta de processos movidos por empresários do Mato Grosso contra o professor Almeida.  O motivo é um artigo acadêmico publicado na revista da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em dezembro do ano passado.

O trabalho versa sobre o projeto que pretende erguer um complexo portuário na cidade de Santarém, oeste paraense. Um território de incidência de aldeias indígenas territórios quilombolas e campesinos.

Marcelo Melo recuperou que desde o começo da década a educação pública tem sido um alvo sistemático de setores reacionários do país. Tanto no ponto vista jurídico, com a proposição de uma série de leis que atacam a liberdade e a autonomia universitária, quanto na elaboração de narrativas que visam desqualificar a educação. Como exemplo, o professor relembrou a proposta da “escola sem partido”. 

Lima, dirigente da UEPA, enfileirou inúmeros casos ocorridos em todo o estado do Pará e no país.  No caso do Pará, recordou o ataque recente por uma professora da Unifesspa, por conta de sua intervenção em audiência que debatia a remoção do Pedral do Lourenço, localizado ente os municípios de Itupiranga e Nova Ipixuna.   

A antiga demanda pela remoção do Pedral é estratégica para viabilizar a a hidrovia do rio Tocantins. O projeto integra o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal.

 Por sua vez, o professor Tafner, que já foi alvo de processos por conta de sua produção alinhada a setores populares no Mato Grosso, esclarece que a situação de ataque à universidade pública consiste em uma estratégia de intimidar e silenciar as vozes críticas da instituição.

 “Ocorre que estamos em um cenário que a atuação do grande capital é escala planetária. E, nós atuamos em uma escala que em certa medida é local e mais frágil”, avaliou o pesquisador.

O experimentado educador popular, Raimundo Gomes, segue vereda semelhante ao professor Tafner, e contempla o aspecto macro das disputas políticas e ideológicas sobre o desenvolvimento para a Amazônia. “Estamos diante de um cenário marcado por inúmeras encruzilhadas, onde temos a democracia em jogo , a civilizatória, a ambiental e a humana”, considera Gomes, que realça que a universidade não escapa aos interesses do capital.

Batista Afonso, advogado da CPT, manifestou solidariedade e apoio ao professor Almeida.  “A agente acredita que a universidade também integra os espaços de disputas nas arenas nacionais. Entendemos que as ações contra o pesquisador da UFOPA, assim como tantas outras país afora, tem como objetivo principal o silenciamento de vozes críticas da universidade. Em particular as alinhadas aos movimentos sociais”, encerrou o defensor da CPT.