No último dia 03, o Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais (STTR) de Santarém, no oeste do Pará passou por um longo momento de tensão por conta de uma invasão. A questão central diz respeito ao processo de manejo florestal na comunidade, bem como a necessidade em se ouvir todos os setores envolvidos na questão. Ouça o programa AQUI
sábado, 8 de maio de 2021
Invasão do STTR de Santarém/PA - Conselho Indígena do Arapiuns (CITA) esclarece o ocorrido em programa de rádio da FASE
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Postado por rogerio almeida às 5/08/2021 09:33:00 AM 0 comentários
quarta-feira, 5 de maio de 2021
Sobre a invasão do STTR de Santarém - Conselho Indígena Tapajós, STTR e cooperativas realizam reunião para equacionar conflitos
Nesta terça-feira, dia 04 de maio de 2021,
aconteceu na sede do Sindicato dos trabalhadores e trabalhadoras, agricultores
e agricultoras rurais de Santarém (STTR), uma reunião do CITA e STTR com 3
cooperativas responsáveis por manejos na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns
sobre as questões que levaram os comunitários a invadirem a sede do sindicato
na manhã do dia 03 de maio. Leia mais no Tapajós de Fato
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Postado por rogerio almeida às 5/05/2021 08:01:00 AM 0 comentários
Invasão do STTR de Santarém - Nota do Sindicato
A
DIREÇÃO DO SINDICATO DE TRABALHADORES RURAIS, AGRICULTORES E AGRICULTORAS
FAMILIARES DE SANTARÉM - STTR -, repudia e lamenta profundamente o fato
ocorrido na manhã desta segunda-feira, dia 03 de maio de 2021, quando um grupo
de pessoas de comunidades da Resex Tapajós Arapiuns, liderados por
representantes de cooperativas, entre as quais, uma que já iniciou a exploração
e comercialização de madeira e duas que pretendem executar projetos não
madeireiros da sociobiodiversidade, com foco voltado para o fortalecimento das
cadeias produtivas dentro da Reserva Extrativista.
Essas
pessoas se arvoraram e decidiram invadir as dependências do nosso Sindicato, na
tentativa de fazer pressão, de intimidar e ameaçar a Diretoria do STTR de
Santarém, na pessoa do Presidente Manoel Edivaldo.
O
episódio lamentável se deu em razão de uma Ação Civil Pública (ACP) movida pelo
STTR e pelo Conselho Indígena Tapajós Arapiuns (CITA), que acionaram a justiça
objetivando a suspensão dos procedimentos de aprovação dos planos de manejo
florestal dentro da Resex Tapajós Arapiuns, até que seja realizada a consulta
prévia, livre e informada, nos moldes da Convenção 169 da Organização
Internacional do Trabalho, das 78 Comunidades Tradicionais e Aldeias Indígenas,
que vivem na Reserva.
Esclarecemos
que somos a favor do desenvolvimento das nossas comunidades e aldeias, desde
que os projetos sejam feitos, dentro da legalidade, respeitando os protocolos
ambientais, com transparência, em função da melhoria de vida das populações
locais, refutando a prática de segmentos madeireiros, que agem com ganância,
tentando manipular pessoas e organizações em função de seus interesses
espúrios.
O
STTR como representante da categoria, no exercício de suas prerrogativas, está
fazendo o seu papel de lutar pelo interesse coletivo dos diversos territórios que
compõem a sua base social.
Nesta
manhã, a tentativa de diálogo com tais representações das cooperativas, foi
realizada uma reunião com as três cooperativas, mas infelizmente, a COOPRUNÃ se
recusou de responder alguns questionamentos e se retirou antes dos
encaminhamentos formalizados.
Da
reunião resultou os seguintes encaminhamentos:
-
uma reunião com o Ministério Público Federal, com a diretoria do STTR, CITA e
as condenações das cooperativas COOPERMARÓ e COOPERRIOS afim de discutir o
fortalecimento das cadeias produtivas nas áreas de abrangência de atuação das referidas cooperativas;
-
o STTR estará buscando parceria com órgãos do governo e outros atores no
sentido da geração de renda e a sustentabilidade do território;
-
um outro encaminhamento firmado foi a realização de futuras reuniões
institucionais para a continuidade aos diálogos.
Agradecemos
profundamente todos os apoios de inúmeras entidades e pessoas que se
solidarizaram com a nossa luta e afirmamos nossa decisão de continuar lutando
pelos interesses das populações Tradicionais e Indígenas.
“NOSSA
FORÇA É A NOSSA UNIÃO”
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Postado por rogerio almeida às 5/05/2021 07:42:00 AM 0 comentários
terça-feira, 4 de maio de 2021
A invasão do STTR de Santarém e outros nós na região do Baixo Amazonas
A invasão do STTR de Santarém não representa um fato isolado no avanço da fronteira do grande capital sobre o Baixo Amazonas.
As
águas do Tapajós estão elevadas. Estão a
beirar o asfalto. Pela manhã abundam
aracu e pacu, enquanto à noite pescada branca, explica um experimentado
pescador. Ao apontar uma espécie de ilha
na outra margem do rio, conta que daquele lado de lá é possível encontrar tucunaré.
Faz-se necessário atenção para enxergar a outra margem do rio. Desanuviar a
neblina capital.
As
águas do Tapajós não respeitam as barreiras artificiais. O mundo do Tapajós anda agitado, as agendas
capitais tendem a agudizar as situações de conflitos. Ao centro, terra,
subsolo, floresta e as águas do mundo da imensa bacia do Amazonas, onde se
projeta igualmente represar rios para a geração de energia, para edificar
complexos portuários, estações de transbordo de mercadorias. Soja na jogada. Encruza civilizatória. Cilada. Tocaia. Arapuca
para leso apanhar.
A
ideia é transformar a região num imenso corredor de mercadorias. Uma passagem
que a tudo desorganiza: território, laços de amizade, solidariedade, fronteiras,
tambores, rimas e bandeiras. A tendência
é a apropriação privada de terra comunal. É transformar terra de trabalho em
terra de negócio.
As
gentes de cá contam nestes planos como um empecilho à racionalidade do grande
capital, articulado em conglomerados, como ocorre no Distrito de Miritituba, na
cidade de Itaituba. O capital sem
concorrência. Tudo ajeitadinho. Tudo amiguinho: Bunge, Cargil, e coisa e tal.
As
gentes daqui, sequer aparecem nos mapas dos projetos. As gentes daqui aos olhos
dos estranhos de lado de lá representam uma pedra no caminho do acumulo de
riquezas nas mãos de poucos.
Entrincheirar-se
é necessário, de sabença, de prudência e cuidado. Para que a gente não conte
corpos sobre corpos, como sucede com a pandemia. Como historicamente tem
ocorrido nas Amazônias.
O
capital quando aporta na quebrada não dá ponto sem nó. Vai chegando e fazendo quiproquó.
Coloca em desalinho os laços de solidariedade, desarruma a família dos
parentes. Quem sabe dos garimpos em terra Munduruku em Jacareacanga sabe bem do
riscado. Uma pororoca de intrigas.
No
derradeiro dia 03 de maio, dois dias após do dia dedicado ao trabalhador e à
trabalhadora, ocorreu de um grupo invadir a sede do Sindicato dos Trabalhadores
e das Trabalhadoras Rurais (STTR) de Santarém, oeste do Pará ou o Baixo
Amazonas, como preferem alguns.
O
STTR é uma instituição histórica e combativa da classe trabalhadora do mundo
das terras do Tapajós e outros rios.
Não
se trata de fato isolado a violência capital em oposição as representatividades
da sociodiversidade da região. Noutro dia,
forjaram um flagrante com vistas a criminalizar a ação de brigadistas da Vila
de Alter do Chão, ao mesmo em que invadiram a sede da ONG Projeto Saúde e
Alegria.
Noutro
extremo, fazendeiros empreenderam o Dia do Fogo em Novo Progresso. O nome da cidade já soa
como ironia. Coisas dos tempos dos milicos. Como se diz nestas paragens: tu tá
ligado mano?
O
presente (des) governo empenha todos os esforços em tudo desmantelar.
Instituições que tratam da terra, das florestas, dos direitos humanos não contam
com orçamento. O corte é sucessivo e
mais profundo a cada ano. Até provocar hemorragia e tudo findar. Na missão em tudo destruir, nomeia uns bocós
que de um nada sabem do riscado. Estão nos postos a cumprir a missão em tudo destruir.
Nesta
direção, tacou um general sabido em riscar meio fio na pasta da Saúde, um cabra
preto que odeia preto na Fundação Palmares, uma pomba lesa na pasta da
Cidadania, um grileiro para cuidar da questão Agrária, uma fazendeira doida por
veneno e monocultivos para a Agricultura.
As
águas do Tapajós andam agitadas. As violências desavergonhadas explodiram o
armário. Estão por canto. Afrontam todas as cidadelas. Urge as gentes o cuidado
pelas próprias gentes. As gentes é o alvo. A bala, a fome e a justiça as armas
dos contrários.
Tapajós
faz banzeiros nos dias de hoje. Agitado riomar
de disputas territoriais, a exigir navegadores atentos e uma boa lamparina da sabença
para alumiar o navegar até a outra margem do rio, para se festejar em ciranda
uma boa Piracaia.
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Postado por rogerio almeida às 5/04/2021 09:41:00 AM 0 comentários
segunda-feira, 3 de maio de 2021
Delza, 9.0
Delza,
9.0. Tal bambu, verga, mas não quebra. No embornal da trajetória traz algumas
tempestades, amores, desatinos, uma montanha de teimosias. Nove décadas nas costas,
guarda na memória prodigiosas histórias de perseguição aos comunistas Maria
Aragão e William Moreira Lima, ambos médicos. Alertava: “não te mete com
política. Olha o que fazem com Maria e Willliam....”
Na
provinciana São Luís, ironicamente tratada por Ferreira Gullar como Macondo,
cursou Filosofia no Palácio Cristo Rei. Prédio cravado na Praça Gonçalves Dias.
Foi da primeira turma no tempo em que se estudava latim e francês. Relembra de
recitais de poesia, da bandinha do coreto...da Igreja dos Remédios....é
religiosa do seu jeito....vai à igreja fora do horário de missa...devota
Conceição...e ia à festa do terreiro de dona Ana, na época, localizado à Rua Venceslau Brás, no bairro da Camboa.
Muitos
dos colegas do curso de Filosofia garantiram assento na UFMA como docentes. Ela rememora que
por conta do cônego Ribamar Carvalho foi preterida em detrimento da amante do religioso.
Tantas vezes ouvi essa história que ainda hoje guardo na memória. “Aquele maldito cônego......”
Nos
anos de 1970 foi mãe solo, - como se diz nos dias atuais - de dois
barrigudinhos. Um casal. Imagina ser mãe solteira numa província do Nordeste do
século passado, ter curso superior, ser professora que ajuda a pensar?
Na
Viração, onde passamos boa parte da infância e adolescência, quando do aperreio
de grana, os pregoeiros socorriam no fiado. Seu Benedito, negociador de carne
de porco era o mais frequente. Era um senhor negro proveniente da Maioba Pedação de colchão e costela aviava.
Vem
daí minha preferência pela carne suína, creio.
Havia também um cabra que negociava jaçanã. Uma ave que é pura
cartilagem. Comum na região da Baixada Maranhense. Quase nenhuma carne.
A
receita consistia em fazer a mesma com arroz, uns pedações de abóbora, arrocha
na farinha e segue o fluxo da vida de aperreios. Carências acudidas pela irmã, primas e
amigas. Comunal.
O
fiado também existia no caderno das quitandas. Lembro do comércio do Zé
Escangalhado e dona Joana. Lá sempre rolava uma roda de samba e choro. Camboa,
Liberdade, Diamante. Bairros sonoros. Macumbas, blocos de carnaval, escola de
samba, brincadeiras de bumba meu boi. Todo ano, no São João, o Boi de Rosário
brincava na porta de uns parentes do bairro, dona do Carmo.
Meninas
traquinas. Creio que de forma inconsciente havia uma consciência de classe. As carências,
a condição de mãe solo, a emancipação as aproximava na solidariedade. Uma aquilombação
de mulheres numa ilha em que tudo tardava para chegar. Gullar lembra que as informações sobre a
Semana de Arte Moderna só aportaram na Ilha após duas décadas da sua realização.
Delza
é franzina. Não sei de onde tirou tanta força para criar dois barrigudinhos,
dois netos, e hoje convive com o bisneto Franklin, que a tira para dançar nas
aulas de educação física, e dispara” bisa, você é dura”....
Sempre
cantarola canções antigas. E critica: “olha, isso tem letra...não são essas
coisas de hoje”. A professora do tempo
do mimeografo hoje usa rede social para falar comigo pelo menos umas duas vezes
por semana. Passa raio, carão, sermão....indaga do pulmão, doszoio, do
coração...
Delza é Bolívia e Corinthians de coração. Ao falar com Docinho (Thulla), minha companheira, sempre puxa o assunto futebol. O Timão... sabe dos nomes dos jogadores, lembra o placar do derradeiro jogo... reclama da ruindade dos caras...oh time ruim, e ri.....diz que vai mandar email para o presidente do clube e reclamar da escalação.
Delza
ri, toma uma breja....sofre com a chuva...e dança com o bisneto....o
carinhoso...Saravá Delza, como milhares de nordestinas, uma mulher arretada!!!!
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Postado por rogerio almeida às 5/03/2021 07:58:00 AM 0 comentários