13h.
Sol a cozinhar a carapaça cansada. Faz 40º na sombra. Um jovem cruza a Av.
Conselheiro de moletom. Capuz sobre a cabeça. Depois eu é que sou o maluco.
Daqui
a pouco a chuva precipita. O ponto de busão não tem proteção. Apanho um livro de Mia Couto para presentear
uma pessoa especial.
Almoço
no terminal rodoviário. Sempre no mesmo lugar. Sempre o mesmo prato: peixe. Um calor
segue infernal. A cerva no boteco do Bigode socorre. Um mala puxa papo. Tenho ima para malas.
Ele
já soma umas seis garrafas sob a mesa. Bebe com uma prostituta mulata. Ela tem
as marcas da noite na face: olheiras e uma baita cicatriz do lado esquerdo do
rosto. E outra no queixo.
Não
estou afins de papo. Pago a conta. No quiosque da rodoviária latinhas de
cerveja. Mesmo canto, mesmo banco, mesmas atendentes. Coisa de velho.
Seu
Catiá cruza o passeio. Tem uns 80 anos.
É ás no violão sete cordas. Todo fim de semana baixa no Gilson. Tem fama de mal
humorado.
Fico
preso por conta da chuva. Perco a soneca pós rango. Quando a chuva se esvai a
tarde já caminha para o fim. Um casal de idosos procura o ponto de ônibus. Desfilam
de mãos dadas. Ambos com a cabeça branca. Parecem recém enamorados. Morro de
inveja.
Décimos, frações de
segundos, porções de instantes, coisas desimportantes......
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