A minha vizinha é uma senhora marcada pelo tempo. Mora só
numa área bem bacana. Um quintal farto.
Divide os dias com cães e aves. Ela fica sob a sombra de uma
mangueira. Ao amanhecer os animais a rodeiam.Tira prosa com todos
eles. Sábia senhora. Bichos ao invés de gente.
A mangueira enfeitada de frutos divide o quintal com um jambeiro, um pé de pitomba um pé de pupunha e uma árvore que nunca vi os frutos.
Noite de natal não vi a magra vizinha que sempre traja
vestes simples.
No prédio onde moro o corredor não tinha luz. Todos parecem
ter fugido para algum lugar.
A vizinhança é tranqüila. Galos levantam a barra do dia.
Depois, uma penca de pássaros que não sei identificar enche a manhã.
Chove nesses dias. A rua vira um rio quando a tempestade é
intensa. Mas, não carrega o barulho do
silêncio.
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