sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Mineração em Carajás: Açailândia-Desemprego e Monopólio


Até início de Janeiro o Maranhão perdeu 5.000 trabalhadores no setor siderúrgico (produção e carvoarias, dados SIFEMA). Depois disso, ainda fechou a Cosima de Santa Inês; já a Margusa de Bacabeira estava fechada.

Em Açailândia já tínham fechado a Simasa e a Fergumar; Viena já fechou dois de seus cinco fornos e provavelmente vai fechar mais um; Gusa nordeste demitiu recentemente mais de 80 funcionários de seus 330, mas tem vozes que já prevêem seu fechamento completo.

Em Marabá mais de metade dos fornos estão fechados.Em Minas Gerais existem 119 altofornos, mas atualmente só 17 estão funcionando. Calcula-se que só em Açailândia mais de 2000 pessoas (cada uma com sua família por trás) perderam emprego no ciclo da siderurgia.O sindicato dos trabalhadores metalúrgicos de Açailândia perdeu quase todos os associados. E também não tem dinheiro para organizar assembléias (!)
Ainda não tem nenhuma interação com outros sindicatos do corredor de Carajás, nem com a CUT de São Luís. O Município de Açailândia não assumiu posição. Nem o governo estadual. No entanto o desemprego cresce, e com ele a precariedade de muitas famílias.

A Paróquia São João estimulou o sindicato dos trabalhadores a convocar pelo menos uma sessão extraordinária da Câmara para discutir a situação delicadíssima, convocando possivelmente todos os atores (econômicos e políticos) envolvidos.

As siderúrgicas estarão negociando com o sindicato os salários do novo ano: será reajustado só o salário dos que estiverem abaixo do salário mínimo, elevando todos a 465,00 R$. Não se prevêem outros reajustes, e os empresários querem reduzir a hora extra de 75% a 50% a mais.

Os empresários responsabilizam o sindicado por eventuais outras demissões, se ele não aceitar esse tipo de reajuste. No entanto, até agora as demissões foram realizadas sem nenhum tipo de pacto sindical.

Parte da responsabilidade de tudo isso é da Vale: o SIFEMA tentou
renegociar com Vale o preço do minério, para garantir a produção de gusa abaixando um pouco o preço do minério.

Vale não aceitou; atualmente uma tonelada de minério de ferro no Carajás vende-se a 78 $. Em Minas Gerais uma tonelada de minério vale 45 $. É verdade que a qualidade do minério no Carajás é superior, mas é também verdade que em MG há muita concorrência entre as mineradoras e o preço se abaixa.


O monopólio de Vale na região de Carajás está comprometendo o trabalho das siderúrgicas. O Alento vem da China: esse País está preparando um pacote-proposta para Vale: adquirir uma grande quantidade de minério mantendo um preço baixo. Se essa negociação for sucedida, o trabalho poderia lentamente voltar para as siderúrgicas.

O triste de tudo isso é que o impacto ambiental também continuaria sem nenhuma mudança, sendo esse momento uma ocasião propícia para rever as plantas de produção e investir na melhoria das estruturas (gastos que antes ou depois devem ser assumidos!)

Por: Padre Dário e Irmão Antônio (Cambonianos)
www.justicanostrilhos.org

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