domingo, 1 de novembro de 2015

III Chamado da Floresta, afinal de contas, o que foi?


Afinal, o que foi o III Chamado da Floresta, que ocorreu na Resex Tapajós-Arapiuns, no município de Santarém, nos dias 28 e 29 de outubro, organizado pelo CNS, uma grande ação social para assinatura de convênios pelo governo federal com o endosso do capital?

Em tempos de hiperconetividade, não encontrei um documento base ou uma carta final sobre o III Chamado. Alô Chamado. Chamando o Chamado: Existe uma avaliação sobre o grande combate sobre desenvolvimento da Amazônia, em tempos de PEC 215, que objetiva azeitar o controle dos territórios ancestrais por grandes corporações de mineração, monocultivos e construtores de hidrelétricas?

É possível explicar o financiamento do Consórcio Norte Energia, responsável pela construção do mastodonte Belo Monte, ao evento, justo ele, ponta de lança do maior caso – ou case, como preferem especialistas do mercado - de violação dos direitos humanos na Amazônia?

Afinal de contas, você samba de que lado, de lado você quer sambar?  A chapa está quente, e as forças conservadoras ganham musculatura de Norte a Sul do Brasil. Esqueleto assanha sair do armário, vestir o quepe, calçar o coturno e desfilar em avenidas centrais.  

O tempo é sombrio, achacador engessa a República, ruralistas certos da impunidade assassinam indígenas do Maranhão ao Mato Grosso do Sul, enquanto a mídia choca o ovo da serpente e turbina o ódio e o medo.  

O bagulho é doido, e o Planalto endossa o agronegócio ao abraçar a truculenta kátia Abreu, a agilizar financiamentos de grandes obras hidrelétricas, e facilitar licenças ambientais de grandes projetos na região.  
 
Em oposição, no Projeto de Assentamento Lago Grande, em Santarém, por exemplo, a população  reivindica há dez anos o georreferenciamento de seu território, para poder elaborar projetos e acessar financiamentos. O território sofre ameaça da empresa Alcoa, que opera no município de Juruti.  

Ante os meus míopes olhos, o Baixo Amazonas, que abrigou o Chamado, promete ser o que Carajás encarnou no século passado, um cenário de saque de riquezas e violência contra as populações locais.

Este tem sido o papel consagrado à Amazônia, uma grande colônia de matérias primas para os estados mais ricos do país, e dos países ricos da economia mundial. Um grande exportador de commodities, como diria um economista de grande diário em sua coluna matinal.

Interroga-se: tudo é pragmatismo político de segunda classe? Foi-se para as cucuias o caráter pedagógico dos encontros de base? O Chamado foi um encontro de base? Afinal, o que foi III Chamado?

E quem chamou na chincha as “otoridades’ foi Auricelia Arapiuns. Uma mulher. Uma indígena. Uma guerreira. Tinha de ser. Veja AQUI. Saravá!

2 comentários:

PARTILHANDO IDEIAS E COMPROMISSOS disse...

Prezado Rogério, o Chamado da floresta chamei de Chamado da capoeira. Realmente olhando os promotores do evento e a forma ilusória de que A PRESIDENTE viria tomar parte, achei uma enganação até para os que ainda creditam que a presidenta respeita os povos da floresta. Não veem o que seu governo ja fez nos rios Madeira, Teles Pires, Xingu e pretende não abrir mão do Tapajós como ela mesmo arrogantemente que n~~ao abre mão das hidroelétricas no Tapajós. Vou te enviar um artigo que publiquei aqui dois dias antes do início do chamado. Abraço do amigo Edilberto

rogerio almeida disse...

Olá...grato pelo comentário...aguardo o texto para replicar aqui....abraço fraterno