Ato acontece amanhã, dia 06, em Moju, na comunidade de São Pedro
Familiares, movimentos
sociais e parte da Igreja Católica, a exemplos das Comunidades Eclesiais de Base
(CEBs) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) Guajarina, realizam ato pela
passagem do 38º ano do martírio do dirigente sindical Virgílio Sacramento, amanhã,
06, na comunidade de São Pedro, em Moju.
A iniciativa é da Fundação Virgílio Sacramento, CPT Guajarina, CEBs de São
Pedro e o Assentamento Virgílio Sacramento.
Elias Sacramento,
um dos filhos do sindicalista e professor de História da UFPA tem sido um
animador pela manutenção da memória do pai, onde tem produzido materiais
acadêmicos sobre a questão.
Virgílio Sacramento
era dirigente sindical em Moju, Pará. Foi assassinado no dia 05 de abril de
1987 atropelado por um caminhão, quando somava 44 anos. Além de viúva, deixou 11
filhos na orfandade. Assim como outros dirigentes, colecionava ameaças de
morte. A década de 1980 é a mais sangrenta
na luta pela terra no estado.
Matava-se aos
borbotões: dirigentes sindicais, camponeses, religiosos e advogados. Crianças,
jovens, adultos e velhos. Crimes em sua maioria cobertos pelo manto da
impunidade. Pistoleiros, polícias, agentes das forças armadas encarnavam
milícias de grileiros. Mesmo hoje, que o diga a chacina de Pau D´arco, ocorrida
em maio de 2017, com saldo de 10 mortos pelas polícias civil e militar.
Sacramento foi
presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Moju, integrou a Federação
dos Trabalhadores e das Trabalhadoras na Agricultura do Pará (Fetagri), Central
Única dos Trabalhadores (CUT), era quadro do PT e foi agente da Comissão Pastoral
da Terra (CPT), assim como o Padre Josimo, que vivo fosse somaria hoje (05) 82
anos.
Josimo militava
no Maranhão, igualmente foi morto em plena luz do dia, um ano antes que
Sacramento, no mês de maio, quando somava apenas 33 anos. O religioso foi
vítima de vários tiros desferidos pelas costas, na porta da sede da CPT de
Imperatriz/MA. Meses antes o padre havia publicizado em reunião ocorrida em
Belém as inúmeras ameaças e atentados que vinha sofrendo.
Sacramento era
filho da cidade de Limoeiro do Ajuru, baixo Tocantins. Região impactada pela
barragem de Tucuruí, que integrou o portfolio do projeto de integração da
ditadura militar.
O cenário da
época, além usina hidroelétrica e do monocultivo de pimenta do reino, era
marcado pela exploração madeireira e a instalação de agroindústrias, onde
constam: a
Reasa, Reflorestadora S.A da Amazônia, Agropalma e a Dempasa, que tinham como
meta a plantação do monocultivo de dendê. Enquanto a Sococo, plantaria coco e a
Serruya plantaria seringa. A morte do sindicalista nunca foi esclarecida. Assim como a maioria
dos casos.
Abril de lutas,
abril vermelho
Além da
mobilização de indígenas, o mês de abril é marcado pela memória dos Massacre de
Eldorado, ocorrido em 1996, no município de Eldorado dos Carajás, no sudeste paraense.
O crime foi
cometido pela PM do estado sob as ordens do então governador, o médico Almir
Gabriel (PSDB) e o secretário de Segurança Paulo Sette Câmara. As tropas foram comandadas pelo tenente
coronel Mario Colares Pantoja e o Major
José Maria Pereira Oliveira.
Todo ano, no
local do crime, a Curva do S, o MST e apoiadores realizam manifestações em memória
dos mortos e na defesa da reforma agrária. O dia é dedicado na agenda mundial
como Dia Internacional das Lutas Camponesas e na nacional, como Dia Nacional de
Luta pela Reforma Agrária.
Para saber mais
sobre os crimes da luta pela terra no Pará acesse aqui o livro Luta pela na
Amazônia: mortos na luta pela terra! Vivos na luta pela terra! O livro sobre
organizado pelos professores Rogerio Almeida (Ufopa) e Elias Sacramento (UFPA),
em dialogo com sindicatos de trabalhadores rurais, MST, Sociedade de Defesa dos
Direitos Humanos (SDDH) e a CPT.
programação
Sobre o ato falar com Elias Sacramento - (9)1 99176-8821