sábado, 16 de setembro de 2023

Madeireiros ameaçam de morte Darlan Neres, jovem ambientalista do Baixo Amazonas/PA

Neres mora no Lago Grande, o projeto de assentamento tem sido palco de constantes tensões e ameaças contra defensores do meio ambiente, reforma agrária e direitos humanos.  

Darlan é o primeiro à esquerda. Foto: divulgação Psol/PA.  

Viver nas Amazônias é bicho arriscoso.  Aparecido em ser jovem preto em grande centro. É como carregar um alvo nas costas. Ser jovem indígena, preto, ribeirinho, camponês pelos beirais destas terras distantes dos centros de poder, e, ter ciência da defesa do chão, subsolo, floresta e rio é bicho pra lá de perigoso.  

Darlan Neres que o diga. O filho da comunidade Cabeceira do Marco, que integra o Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Lago Grande, no município de Santarém, bandas do oeste do Pará, tem sido perseguido por um grupo de madeireiros.  

No derradeiro dia 12, um grupo de madeireiros andava em sua caça.  Ousaram até visitar a casa do jovem ambientalista, que faz parte do coletivo Guardiões do Bem Viver.  Os idosos da família ficaram temerosos pela integridade do rebento.

Lago Grande, assim como outros territórios das Amazônias, vive sob constante ameaça da cobiça de grileiros, madeireiros, garimpeiros e mineradoras. A terra se avizinha à cidade de Juruti, que abriga projeto de exploração de bauxita da empresa estadunidense Alcoa.  Ela é um dos sujeitos interessados em explorar o subsolo do PAE.  

Para os defensores do meio ambientes nestas paragens, sobreviver sob ameaças tem sido uma constante. Em março, desta feita na região de Arapiuns, um pastor ameaçou de morte várias lideranças parelhadas na defesa do meio ambiente, reforma agrária e direitos humanos.  Recentemente tem-se o registro de ameaças aos indígenas da área Maró, como reporta o site Tapajós de Fato.

Sobre a ameaça a Darlan, a assessoria jurídica dos movimentos sociais do Baixo Amazonas já tomou as providências cabíveis. Bem como fez uma carta de solidariedade e apoio ao universitário.  Leia AQUI

Neres é graduando em Pedagogia da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), e integrou as fileiras da chapa coletiva do Psol, denominada de Bem Viver, que concorreu na última eleição à uma cadeira no legislativo local. Leia AQUI

PAE Lago Grande

Lago Grande. Foto; Yuri Rodrigues. Fase/PA

O PAE Lago Grande foi criado em 2005, concomitante ao início de operação da mineradora Alcoa na região. 35 mil pessoas distribuídas em 144 comunidade em território de 250 mil hectares dão corpo ao assentamento, que sobrevive do extrativismo e outras atividades. Até o presente momento a população aguarda a titulação coletiva.

A população do PAE é maior que a maioria dos municípios do Brasil, que possui a média calculada em 20 mil pessoas.

A modalidade de PAE foi criada Portaria nº 268 no dia 23 de outubro de 1996, e os define como “um assentamento destinado à exploração de área dotada de riquezas extrativas, através de atividades economicamente viáveis, socialmente justas e ecologicamente sustentáveis, a serem executadas pelas populações que ocupem ou venham ocupar as mencionadas áreas.”

A Federação das Associações de Moradores e Comunidades do Assentamento Agroextrativista da Gleba do Lago Grande (Feagle) é a principal representação política. Nos últimos anos tem sido palco de constantes tensões em diferentes dimensões, que passa por grilagem, assédio de madeireiros, garimpeiros e mineradoras.  Trata-se de uma área de lagos sob a influência dos rios Amazonas, Tapajós e o Arapiuns.

Até a última eleição para a presidência da República, era recorrente a presença de veículo na cidade de Santarém envelopado com louvação aos setores que refutam a presença de territórios considerados como tradicionais. 

A estampa do carro festejava madeireiros, grileiros, garimpeiros e mineradoras. Desde o resultado das eleições, nunca mais foi visto por estas plagas.

Conheça o Plano de Utilização do PAE Lago Grande, AQUI

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Família Bengston toca o terror contra sem terra no Pará

A família controla a denominação religiosa Igreja Quandrangular. Assassinato, pistolagem, destruição de lavouras e casas de farinha são alguns expedientes usados contra os sem terra. 

 

Marcos e Josué Bengston. Fonte: redes sociais. 

Ataque com agrotóxicos, assassinato, ameaças com pistolagem e destruição de lavouras e de casas de farinha são alguns dos expedientes usados pela família Bengston contra sem terra no município de Santa Luzia do Pará, denuncia o MST e a Sociedade Paraense de Defesa de Direitos Humanos (SDDH), em documento encaminhado para o secretário Jarbas Vasconcelos, titular da pasta de Igualdade Racial e de Direitos Humanos.

Marcos Begnston, filho de Josué, tem sido o linha de frente das ações contra os sem terra, sinaliza o documento, datado do dia 14, quinta-feira.  Josué, tio da ex ministra Damares, recentemente condenada por propagar informações falsas sobre o Marajó, foi cassado por corrupção no crime que ficou conhecido como a “Máfia das Ambulâncias” em 2018.

Em 2010 a família matou o agricultor José Valmeristo Soares, conhecido como Caribé. A  morte foi precedida de sessões de tortura.  Um outro trabalhador rural, João Batista Galdino conseguiu escapar da morte. Na ocasião, Marcos Bengston chegou a ser preso pelos crimes.

Em maio, o avião da tendência neopentecostal foi preso pela Polícia Federal com 300 quilos de maconha.

A disputa pela terra envolvendo o MST se arrasta desde 2007.  O INCRA e o Instituto de Terras do Pará (Iterpa) fazem parte do processo. São longevas as pelejas pela terra pelas bandas de cá, onde grilagem, clientelismo, parcialidade do Judiciário e das polícias compõem o enredo.  Algumas das refregas chegam a durar mais de duas décadas.

Leia a nota da SDDH AQUI