Festejar os estados do Mato
Grosso do Sul e Tocantins tem sido um dos apelos dos separatistas no processo
de consulta sobre a divisão do estado do Pará. São territórios marcados pela
presença robusta do agronegócio. O primeiro tem sido notabilizado pela execução
do povo Guarani.
Já o segundo foi criado no útero
da União Democrática Ruralista (UDR), o braço armado do setor com uma atuação marcante na década de
1980. Ronaldo Caiado e Kátia Abreu são os expoentes da legenda, gente pouca
simpática ao diálogo.Outro ás do mandonismo no feudo tocantino é Siqueira Campos. Uma espécie de Sarney local.
O estado do Tocantins abriga
monocultura de soja e pecuária, e nos derradeiros anos um conjunto de
hidrelétricas. Não raro pessoas são libertas em condições análogas à escravidão
no próprio território ou no Pará.
Grandes projetos e monoculturas não
são sinônimos de qualidade de vida para a população. Uma passagem nos Índices
de Desenvolvimento Humano (IDH) dos dois estados desnuda isso.
Mesmo nas terras dos Carajás, que
busca a emancipação, são públicas as catástrofes sociais que marcam o lugar:
desmatamento, os municípios mais violentos do país, local onde mais se matou gente
na luta pela reforma agrária do Brasil e líder nacional em trabalho escravo.
E lá estão a Vale, grandes
fazendas e a hidrelétrica de Tucuruí, a maior genuinamente nacional.
A questão da consulta inédita
para a divisão ou não de um estado parece não mobilizar os nativos, que são bombardeados
diariamente com apelos emocionais que marcam as campanhas no horário eleitoral.
Conforme pesquisa de opinião o NÃO
lidera com mais de 20 pontos de vantagens.
Interroga-se: o marqueteiro que elegeu Lula conseguirá reverter tal
cenário?
O separatismo não é privilegio
local. O mesmo existe em outras unidades da federação. Uma análise produzida
por um técnico do Instituto de Pesquisa Econômicas Aplicadas (Ipea) atesta a
inviabilidade econômica da criação de novas unidades na federação.
Mas, parece que a lógica na
Amazônia permanece: o conhecimento não precede as tomadas das decisões que afetam
o conjunto da sociedade.
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