sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Divisão do PA - pequena inflexão


Festejar os estados do Mato Grosso do Sul e Tocantins tem sido um dos apelos dos separatistas no processo de consulta sobre a divisão do estado do Pará. São territórios marcados pela presença robusta do agronegócio. O primeiro tem sido notabilizado pela execução do povo Guarani. 

Já o segundo foi criado no útero da União Democrática Ruralista (UDR), o braço armado do  setor com uma atuação marcante na década de 1980. Ronaldo Caiado e Kátia Abreu são os expoentes da legenda, gente pouca simpática ao diálogo.Outro ás do mandonismo no feudo  tocantino é Siqueira Campos. Uma espécie de Sarney local.

O estado do Tocantins abriga monocultura de soja e pecuária, e nos derradeiros anos um conjunto de hidrelétricas. Não raro pessoas são libertas em condições análogas à escravidão no próprio território ou no Pará.

Grandes projetos e monoculturas não são sinônimos de qualidade de vida para a população. Uma passagem nos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) dos dois estados desnuda isso.

Mesmo nas terras dos Carajás, que busca a emancipação, são públicas as catástrofes sociais que marcam o lugar: desmatamento, os municípios mais violentos do país, local onde mais se matou gente na luta pela reforma agrária do Brasil e líder nacional em trabalho escravo.

E lá estão a Vale, grandes fazendas e a hidrelétrica de Tucuruí, a maior genuinamente nacional.  

A questão da consulta inédita para a divisão ou não de um estado parece não mobilizar os nativos, que são bombardeados diariamente com apelos emocionais que marcam as campanhas no horário eleitoral.

Conforme pesquisa de opinião o NÃO lidera com mais de 20 pontos de vantagens.  Interroga-se: o marqueteiro que elegeu Lula conseguirá reverter tal cenário?

O separatismo não é privilegio local. O mesmo existe em outras unidades da federação. Uma análise produzida por um técnico do Instituto de Pesquisa Econômicas Aplicadas (Ipea) atesta a inviabilidade econômica da criação de novas unidades na federação.

Mas, parece que a lógica na Amazônia permanece: o conhecimento não precede as tomadas das decisões que afetam o conjunto da sociedade.     

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