Organizar uma caminhada,
uma cerimonia de plantação coletiva de plantas ornamentais ou árvores, pagar
anúncios nos principais meios de comunicação tem sido o expediente mais
recorrente na semana dedicada ao meio ambiente pelos governos ou empresas.
No entanto se silencia
sobre a agenda do Estado para a região, que mantém um horizonte baseado na
implantação de grandes projetos. Até onde se sabe, a partir da produção
acadêmica, tal perspectiva tende a disseminar a devastação do meio ambiente e
internalizar mazelas sociais para o conjunto da sociedade.
Não é mera coincidência
o Pará ser o estado top em desmatamento, violência no campo, trabalho escravo e
outras modalidades de violência. No caso das hidrelétricas, um eixo que orienta
as políticas do governo federal, tende a revigorar tais passivos.
O caso de geração de
energia a qualquer custo tem inúmeros registros de abuso do poder econômico e
político. Trata-se de um setor que injeta significativos volumes de recursos em
campanhas eleitorais, e que mobiliza uma infinidade de interesses. O truculento
processo de aprovação da licença de instalação da construção da Hidrelétrica de
Belo Monte evidencia isso.
Assim como em outros
exemplos recentes no rio Tocantins e no rio Madeira, há registros de coerção
das prestadoras de serviços junto às populações locais, inchamento das cidades
com as dinâmicas da migração, especulação imobiliária e elevação dos preços dos
serviços de hospedagem e aluguel de casas e prédios.
Também é recorrente o
aumento da prostituição e do uso de álcool e drogas. A hidrelétrica de Estreito,
em fase de finalização e a consolidação do lago, registra todas essas mazelas. Sem
falar no problema de reassentamento das populações atingidas, onde via de
regra, não se reproduz as condições sociais e econômicas dos locais de origem. Isso
quando as mesmas são reconhecidas pelas empresas que integram o empreendimento.
Longe da atenção das mídias
e do poder público, as prestadoras de serviço que operam nas localidades a
serem atingidas pela hidrelétrica de Belo Monte cometem todo tipo de
arbitrariedade. Tem-se notícia que técnicos responsáveis pelo levantamento do
perfil sócio econômico têm solicitado números de documentos como CPF e RG das
pessoas entrevistadas, quando isso é considerado ilegal.
Desde Cabral a matriz econômica
da região se mantém, o saque das riquezas e a indiferenças às realidades das
populações locais.
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