segunda-feira, 6 de junho de 2011

Meio ambiente e a Amazônia


Organizar uma caminhada, uma cerimonia de plantação coletiva de plantas ornamentais ou árvores, pagar anúncios nos principais meios de comunicação tem sido o expediente mais recorrente na semana dedicada ao meio ambiente pelos governos ou empresas.

No entanto se silencia sobre a agenda do Estado para a região, que mantém um horizonte baseado na implantação de grandes projetos. Até onde se sabe, a partir da produção acadêmica, tal perspectiva tende a disseminar a devastação do meio ambiente e internalizar mazelas sociais para o conjunto da sociedade. 

Não é mera coincidência o Pará ser o estado top em desmatamento, violência no campo, trabalho escravo e outras modalidades de violência. No caso das hidrelétricas, um eixo que orienta as políticas do governo federal, tende a revigorar tais passivos.

O caso de geração de energia a qualquer custo tem inúmeros registros de abuso do poder econômico e político. Trata-se de um setor que injeta significativos volumes de recursos em campanhas eleitorais, e que mobiliza uma infinidade de interesses. O truculento processo de aprovação da licença de instalação da construção da Hidrelétrica de Belo Monte evidencia isso.

Assim como em outros exemplos recentes no rio Tocantins e no rio Madeira, há registros de coerção das prestadoras de serviços junto às populações locais, inchamento das cidades com as dinâmicas da migração, especulação imobiliária e elevação dos preços dos serviços de hospedagem e aluguel de casas e prédios.

Também é recorrente o aumento da prostituição e do uso de álcool e drogas. A hidrelétrica de Estreito, em fase de finalização e a consolidação do lago, registra todas essas mazelas. Sem falar no problema de reassentamento das populações atingidas, onde via de regra, não se reproduz as condições sociais e econômicas dos locais de origem. Isso quando as mesmas são reconhecidas pelas empresas que integram o empreendimento.

Longe da atenção das mídias e do poder público, as prestadoras de serviço que operam nas localidades a serem atingidas pela hidrelétrica de Belo Monte cometem todo tipo de arbitrariedade. Tem-se notícia que técnicos responsáveis pelo levantamento do perfil sócio econômico têm solicitado números de documentos como CPF e RG das pessoas entrevistadas, quando isso é considerado ilegal.   

Desde Cabral a matriz econômica da região se mantém, o saque das riquezas e a indiferenças às realidades das populações locais.

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