O
caos atormenta os fundos de um shopping no entroncamento. Não existe
mão ou contramão. Um negro gordo faz as honras de flanelinha. A categoria nunca
faz parte de planos de governos dos candidatos ao cargo de executivo da cidade.
O
dono do bar da esquina outro dia foi morto em assalto. Há um bar de frente para
o outro. Operários, malandros, biscateiros, moçoilas flutuam por ali. O anotador
do jogo do bicho decifra sonhos dos apostadores. Memorizei que sonhar com morte é
jacaré.
Manhã
de segunda. Os tricolores tiram sarro da cara dos remistas. O Paysandu emplacou
três na cachola do Leão. Uma trinca compartilha cerveja. A média de idade é quarenta
anos. Um gordo, um baixinho e um mais
encorpado. Fazem graça com todas as mulheres que passam próximo.
O
gordo reclama a perda de quinze mil reais. Emprestou a juros para um amigo. Ele
está ansioso para seguir para a Ilha de Outeiro. A farra será lá. O baixinho
pede uma cerveja atrás da outra. Dia de promoção. Lembro do livro Os Éguas do Proença. A obra trata do
submundo dos bacanas de Belém.
A
parada dos quinze mil foi agiotagem. Eles parecem indignados pelo fato do amigo
que tomou a grana emprestada ter prestado queixa na PF. O amigo é da polícia. As
horas se adiantam. Meio dia aporta. As nuvens cinza se anunciam. O trio ternura
come algo e segue para a ilha num Honda. Umas duas horas de estrada.
Dias
depois volto ao boteco. Uma semana, creio. O pessoal da quebrada informa que os
caras foram espancados no dia anterior. Foram PM´s. Um deles exibe um vídeo da prisão.
Uns comentam que o preço da liberdade morreu em cinquenta mil.
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