É tempo de milho. Fácil de
encontrar em feiras e praças no interior do vasto mundo do Pará. Assado ou
cozido.E os derivados, como a pamonha. É tempo de chuva. A baixada em qualquer canto padece. Assim como as
rodovias.
O rio Tocantins se avoluma sobre
as periferias de Marabá, abandonada pelo ex prefeito e evangélico praticante,
Maurino Magalhães. O mandato do “irmão” foi catapultado a pior administração
que a cidade já experimentou, avalia um taxista.
Há lixo em todo canto. Os salários
e alguns benefícios como ticktes de alimentação e outras gratificações não
foram pagas.
O fim de ano foi na pindaíba:
nada de salário e décimo terceiro. Salame (PPS) o novo chefe do executivo da
cidade noticia que a prefeitura foi saqueada. O “abacaxi” não foi repassado pelo ex prefeito, que
encontra-se no estrangeiro.
A viagem de Belém até o sudeste
do Pará poderia ser agendado para algum rally. O trecho entre o município de
Moju e Tailândia rivaliza em buraqueira com a distância que separa Jacundá de
Nova Ipixuna, bem como o que divisa Marabá de Parauapebas.
Existe tanto buraco no trecho que
é possível encontrar um buraco dentro de outro buraco. Duas empresas
monopolizam o transporte até o sudeste do Pará. Ambas com carros em condições precárias.
O busão da empresa Açailândia
havia tanta baratinha, que elas brincavam de ciranda sobre e em torno dos meus
pés. A entoar canções de Lia de Itamaracá. Algumas moçoilas reclamaram. Nada adiantou.
Durante o dia o ar condicionado não
funciona. E tudo fica mais desconfortável com o odor do banheiro. E tome
buraco. E susto. E medo de assalto por conta da péssima condição das rodovias.
O monopólio das empresas anda tão
grave que neste período só há vaga para embarcar para o município na próxima
terça feira, 08 de janeiro.
A concorrência por uma vaga no
busão ocorre ainda em fins de semana nos dois
sentidos: Belém-Marabá. Marabá-Belém.
Muito se deve a agenda de
projetos de mineração, e às obras de infraestrutura do governo federal, que incrementa o número de viajantes.
O antes ativo movimento camponês encontra-se
acomodado ou em estado de letargia. Tem-se o cenário do terceiro governo
petista na esfera federal, que em certa medida esvaziou as organizações dos
principais quadros.
E pode-se ainda avaliar como
exitosa a estratégia da política de reforma agrária desenhada pelo Banco
Mundial para a América Latina, Ásia e África, em condicionar o movimento,
atendendo em certa medida algumas reinvindicações.
Os camponeses controlam pouco mais de 50% do território de 36 municípios. Mas, por conta das políticas públicas, que incentivam o uso intensivo dos recursos locais, em particular minérios e energia, parecem no canto do ringue.
Acuados pela realidade do cenário de esvaziamento da política de reforma agrária, e sem a capacidade de construir uma possibilidade de desenvolvimento para o lugar a partir de tal realidade, o futuro da categoria é uma interrogação.
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