domingo, 6 de janeiro de 2013

Na estrada - porcas linhas de um Brasil distante


É tempo de milho. Fácil de encontrar em feiras e praças no interior do vasto mundo do Pará. Assado ou cozido.E os derivados, como a pamonha. É tempo de chuva. A baixada em qualquer canto padece. Assim como as rodovias.  

O rio Tocantins se avoluma sobre as periferias de Marabá, abandonada pelo ex prefeito e evangélico praticante, Maurino Magalhães. O mandato do “irmão” foi catapultado a pior administração que a cidade já experimentou, avalia um taxista.

Há lixo em todo canto. Os salários e alguns benefícios como ticktes de alimentação e outras gratificações não foram pagas.

O fim de ano foi na pindaíba: nada de salário e décimo terceiro.   Salame (PPS) o novo chefe do executivo da cidade noticia que a prefeitura foi saqueada. O “abacaxi”  não foi repassado pelo ex prefeito, que encontra-se no estrangeiro.

A viagem de Belém até o sudeste do Pará poderia ser agendado para algum rally. O trecho entre o município de Moju e Tailândia rivaliza em buraqueira com a distância que separa Jacundá de Nova Ipixuna, bem como o que divisa Marabá de Parauapebas.

Existe tanto buraco no trecho que é possível encontrar um buraco dentro de outro buraco. Duas empresas monopolizam o transporte até o sudeste do Pará. Ambas com carros em condições precárias.

O busão da empresa Açailândia havia tanta baratinha, que elas brincavam de ciranda sobre e em torno dos meus pés. A entoar canções de Lia de Itamaracá. Algumas moçoilas reclamaram. Nada adiantou.

Durante o dia o ar condicionado não funciona. E tudo fica mais desconfortável com o odor do banheiro. E tome buraco. E susto. E medo de assalto por conta da péssima condição das rodovias.

O monopólio das empresas anda tão grave que  neste período só há vaga para embarcar para o município na próxima terça feira, 08 de janeiro.

A concorrência por uma vaga no busão  ocorre ainda em fins de semana nos dois sentidos: Belém-Marabá. Marabá-Belém.

Muito se deve a agenda de projetos de mineração, e às obras de infraestrutura do governo federal, que incrementa o número de viajantes.

O antes ativo movimento camponês encontra-se acomodado ou em estado de letargia. Tem-se o cenário do terceiro governo petista na esfera federal, que em certa medida esvaziou as organizações dos principais quadros.

E pode-se ainda avaliar como exitosa a estratégia da política de reforma agrária desenhada pelo Banco Mundial para a América Latina, Ásia e África, em condicionar o movimento, atendendo em certa medida algumas reinvindicações.  
Os camponeses controlam pouco mais de 50% do território de 36 municípios. Mas, por conta das políticas públicas, que incentivam o uso intensivo dos recursos locais, em particular minérios e energia, parecem no canto do ringue.
Acuados pela realidade do cenário de esvaziamento da política de reforma agrária, e sem a capacidade de construir uma possibilidade de desenvolvimento para o lugar a partir de tal realidade, o futuro da categoria é uma interrogação.

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