É tempo de
Círio. O odor da maniva incensa a cidade. Os brinquedos de miriti ocupam praças
e espaços culturais. A cidade tá cheia de gente.
Gente de
todo lado, cor e credo. A cidade, tão obtusa parece com outro semblante. Menos rude
e estúpida.
Tempo de
Círio é natal antecipado em Belém. O comércio fatura, a economia ganha fôlego,
os assaltantes não poupam visitantes, o Ver o Peso bomba.
Artistas
locais e de além rio-mar dão as caras. A agenda cultural ganha musculatura. Tem atração
para tudo que é gosto. Os comerciais de TV apelam para a fé, associam as marcas
ao sentimento da população.
A semana
inteira é um frisson. As casas e repartições públicas se enfeitam com
representações nazarenas. As orações iniciaram faz tempo. E bota reza nisso.
No total são
11 procissões. Daqui a pouco começa uma. No Centro da cidade tem arquibancada
montada para a principal, a de domingo.
Aquela em
que uma pororoca de fiés disputa um espaço na corda, um dos inúmeros símbolos
que norteia a religiosidade em torno de Nossa Senhora de Nazaré.
Assim como
no Maranhão é cheio de Ribamar, por conta do padroeiro, aqui afluem mulheres
batizadas com o nome Nazaré.
Na imprensa jornalistas
e intelectuais tentam interpretar a manifestação. O hibrido de fé e paganismo.
E carnaval.
Parece que
nas terras que um dia Cabral aportou tudo acaba em pizza ou carnaval. O carnaval
de Nazaré ocorre no sábado, na Cidade Velha. As ruas estreitas não acomodam o
rio de pessoas. É o Auto do Círio.
Tempo de
Círio. As chuvas deram os primeiros sinais.
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