Fórum
Carajás retrata em revista os passivos sociais e ambientais, o poder
das empresas e a coerção que o capital acaba provocando para atropelar
os marcos legais
A
publicação sobre mineração na Amazônia, editada pela rede Fórum Carajás
reúne sete trabalhos que buscam pontuar elementos que podem ser
considerados novos, e outros nem tanto assim, como a condição colonial.
Condição econômica baseado no extrativismo.
Os
trabalhos iluminam que empresas pressionam sobre o território e os
recursos naturais. Indicam os impactos (positivos e negativos) dos
investimentos, as áreas e as populações afetadas. E questionam o papel
do Estado, e as mobilizações que as organizações de base promovem para a
ampliação de direitos.
Os
estados do Maranhão e Pará servem como pano de fundo da obra. Ativistas
do oeste do Maranhão analisam elementos que afetam o município de
Açailândia. Em particular os impactos do pólo de gusa, os passivos
sociais e ambientais. Bem como as lutas e intervenções da comunidade de
Pequiá. Além de explicar o nascimento da iniciativa Justiço nos Trilhos.
A rede tem promovido uma série de agendas em diferentes planos:
mobilização, comunicação, seminários e ações judiciais.
Sobre
a região de Carajás o artigo investiga as recentes tensões no sul e
sudeste do Pará, em particular a ampliação da mineração da Vale e as
formas de resistência das comunidades tradicionais. A atividade antes
concentrada no entorno do município de Parauapebas ganha outras cidades.
No
município de Santarém, oeste do estado há uma agenda pautada em grandes
projetos. Além da mineração existe projeto de construção de inúmeras
hidrelétricas. A contribuição sobre as situações na região diálogo com
as macro- políticas.
Sobre
as situações ao norte do estado, no município de Barcarena, em
particular sobre as empresas da cadeia do alumínio, sindicalistas
analisam as perdas e danos dos trabalhadores das fábricas Albras e
Alunorte, até pouco tempo controladas pela Vale. Não escapam às análises
dos artigos a Imerys Rio Capim, Pará Pigmentos e Rio Campi Caulim. E
mesmo os projetos em andamento, como a construção de uma termoelétrica e
a Companhia de Alumina do Pará (CAP).
A
polêmica sobre projeto de extração de bauxita no município de Juruti,
no oeste do Pará e a construção da hidrelétrica de Estreito, no
município homônimo, no oeste do Maranhão, também são pontos de inflexão
da revista. As empresas da cadeia produtiva do alumínio estão em
processo de expansão. A produção exige mais energia elétrica, o
principal insumo da cadeia da produção do alumínio. Daí o diálogo entre
as duas dimensões.
Os
produtores dos artigos conhecem com proximidade as realidades tratadas
na publicação do Fórum Carajás. Apesar de serem realidades ocorridas em
estados diferentes estão entrelaçadas por questões comuns, como a
subordinação da terra ancestral à lógica do capital, a partir da posse
privada em detrimento da coletiva.
A
obra denuncia passivos sociais e ambientais, o poder das empresas e a
coerção que o capital acaba provocando para atropelar os marcos legais. E
ainda as mobilizações das comunidades ancestrais e de assessoria. As
tensões registradas, os constrangimentos para a aprovação dos
empreendimentos evidenciam a delicada situação da democracia nacional. O
Estado permanece como o principal indutor da economia na região.
Assinam
as contribuições Raimundo Gomes (sociólogo) Airton Pereira
(historiador) José Batista Afonso (advogado) Marluze Pastor (agrônoma),
Padre Dario Bossi, Padre Edilberto Senna, Manoel Paiva (engenheiro
ambiental), Gilvandro Santa Brígida (sociólogo) e Rogério Almeida
(jornalista).
Por: Rogério Almeida (Jornalista, Colaborador do Fórum Carajás)
www.forumcarajas.org.br
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