terça-feira, 2 de novembro de 2010

Mineração na Amazônia

Fórum Carajás retrata em revista os passivos sociais e ambientais, o poder das empresas e a coerção que o capital acaba provocando para atropelar os marcos legais

A publicação sobre mineração na Amazônia, editada pela rede Fórum Carajás reúne sete trabalhos que buscam pontuar elementos que podem ser considerados novos, e outros nem tanto assim, como a condição colonial. Condição econômica baseado no extrativismo.

Os trabalhos iluminam que empresas pressionam sobre o território e os recursos naturais. Indicam os impactos (positivos e negativos) dos investimentos, as áreas e as populações afetadas. E questionam o papel do Estado, e as mobilizações que as organizações de base promovem para a ampliação de direitos.

Os estados do Maranhão e Pará servem como pano de fundo da obra. Ativistas do oeste do Maranhão analisam elementos que afetam o município de Açailândia. Em particular os impactos do pólo de gusa, os passivos sociais e ambientais. Bem como as lutas e intervenções da comunidade de Pequiá. Além de explicar o nascimento da iniciativa Justiço nos Trilhos. A rede tem promovido uma série de agendas em diferentes planos: mobilização, comunicação, seminários e ações judiciais.

Sobre a região de Carajás o artigo investiga as recentes tensões no sul e sudeste do Pará, em particular a ampliação da mineração da Vale e as formas de resistência das comunidades tradicionais. A atividade antes concentrada no entorno do município de Parauapebas ganha outras cidades.

No município de Santarém, oeste do estado há uma agenda pautada em grandes projetos. Além da mineração existe projeto de construção de inúmeras hidrelétricas. A contribuição sobre as situações na região diálogo com as macro- políticas.

Sobre as situações ao norte do estado, no município de Barcarena, em particular sobre as empresas da cadeia do alumínio, sindicalistas analisam as perdas e danos dos trabalhadores das fábricas Albras e Alunorte, até pouco tempo controladas pela Vale. Não escapam às análises dos artigos a Imerys Rio Capim, Pará Pigmentos e Rio Campi Caulim. E mesmo os projetos em andamento, como a construção de uma termoelétrica e a Companhia de Alumina do Pará (CAP).

A polêmica sobre projeto de extração de bauxita no município de Juruti, no oeste do Pará e a construção da hidrelétrica de Estreito, no município homônimo, no oeste do Maranhão, também são pontos de inflexão da revista. As empresas da cadeia produtiva do alumínio estão em processo de expansão. A produção exige mais energia elétrica, o principal insumo da cadeia da produção do alumínio. Daí o diálogo entre as duas dimensões.

Os produtores dos artigos conhecem com proximidade as realidades tratadas na publicação do Fórum Carajás. Apesar de serem realidades ocorridas em estados diferentes estão entrelaçadas por questões comuns, como a subordinação da terra ancestral à lógica do capital, a partir da posse privada em detrimento da coletiva.

A obra denuncia passivos sociais e ambientais, o poder das empresas e a coerção que o capital acaba provocando para atropelar os marcos legais. E ainda as mobilizações das comunidades ancestrais e de assessoria. As tensões registradas, os constrangimentos para a aprovação dos empreendimentos evidenciam a delicada situação da democracia nacional. O Estado permanece como o principal indutor da economia na região.
Assinam as contribuições Raimundo Gomes (sociólogo) Airton Pereira (historiador) José Batista Afonso (advogado) Marluze Pastor (agrônoma), Padre Dario Bossi, Padre Edilberto Senna, Manoel Paiva (engenheiro ambiental), Gilvandro Santa Brígida (sociólogo) e Rogério Almeida (jornalista).

Por: Rogério Almeida (Jornalista, Colaborador do Fórum Carajás)
www.forumcarajas.org.br


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