terça-feira, 16 de novembro de 2021

Consciência Negra em Marabá/PA: coletivos do Movimento Negro apresentam manifesto

 

MANIFESTO

AQUILOMBAR-SE CONTRA O RACISMO:

PELA VIDA E DIGNIDADE DO POVO NEGRO.

Crianças indígenas Gavião da aldeia Akrãtikatejê no cortejo do bairro Cabelo Seco. Marabá/PA,2019.  Foto: enviada por Eric Belém

 

Qualquer ato de insubordinação contra o racismo em qualquer canto, por menor que possa parecer é representativo em memória dos nossos ancestrais que se rebelaram contra a opressão da Casa Grande e da Senzala. Aquilombar-se é preciso! Sempre!!!

Quase 400 anos de opressão contra o povo negro deixaram marcas de permanência em nossa frágil democracia. Os indicadores sobre o genocídio da juventude negra é uma destas expressões. Bem como os da população encarcerada nos presídios.

Somente nos derradeiros anos a presença da população negra nas universidades sofreu alteração por conta da pressão dos movimentos sociais negros do país em defesa de uma política de Cotas. Trata-se de uma conquista, mas, a reparação é bastante discreta diante de quase quatro séculos de opressão e toda ordem de violências: físicas e simbólicas.  Aquilombar-se é preciso!!! Sempre!

Qualquer tambor soado em qualquer canto é representativo. Bem como o grafite, a poesia, canções, filmes, marchas e intervenções. O combate contra o racismo é um combate de todos e todas alinhados na radicalização da democracia do país.  

Uma democracia ameaçada desde a posse do sinistro da República que sataniza indígenas e o povo aquilombado, mulheres, grupos LGBTQI+, a ciência, a cultura e a dignidade.

Há quase quatro séculos o povo negro aquilomba-se. “Livre do açoite da senzala, preso na miséria da favela”, como poetiza o samba antigo. Nos quilombos e nas favelas por todo o Brasil foi e está sendo a população negra a mais vulnerável e atingida pela pandemia da Covid. Aquilombar-se é preciso!!! Sempre!  Contra toda e qualquer ameaça à democracia e contra o racismo. 

Chama Verequete, chama Conceição Evaristo, mestre Pastinha, Ruth de Souza, Aniceto do Império, Martinho da Vila, Marielle Franço, Dona Ana, Raimundinho. Chama Margarida, Rosemayre, Iara Reis, Jane, Maria José, Marcelo Melo e Vandinha. Chama Grande Otelo, Lázaro Ramos, Milton Nascimento, Luiz Carlos da Vila , Tia Ciata, Clara Nunes, Chico Science. Chama Mãe Menininha, Bethânia, João do Vale... Gilberto Gil, Bloco Ilê Ayê, Clóvis Moura, Abdias do Nascimento, Zélia Amador de Deus. Chama Zezé Motta, Taís Araújo, Antônio Pitanga, Ademir Brás, Castro Alves, Lima Barreto, Milton Santos, Garrincha, Mano Brown, Racionais MC, Emicida, Bruno de Menezes. Chama Zumbí, Ganga Zumba e Dandara... Chama Dona Ivone Lara, Pixinguinha, Cartola, João da Baiana. Chama Clementina de Jesus, Dorival Caymmi, Mariguella... E todos e todas que ousaram aquilombar-se.

Marabá, Pará




Coletivo Consciência Negra em Movimento - CCNM e Grupo de Mulheres do Cabelo Seco: As raízes de Marabá.

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