É tudo água ao redor. Água de mar.
Atlântico. Em sua maioria imprópria
para banho. Não existe tratamento de cocô na Ilha do Amor, São Luís, Maranhão.
Navios por todo canto. Lembra
uma batalha naval. É bosta por todo o mar. Não são de guerra as embarcações. São
de saque dos minérios das terras dos Carajás, no sudeste do Pará. Uma cartografia
de dor. Ah, dona Janaína...tanto mar..luz a ferir oszoin...
Ah encantados da floresta, é mina, é ferrovia, é porto, é saque, é soco, é sangue...é um riomar de maldades...
São Luís do Mará. Tão bela.
Tão turva. Vesga, talvez. Bulida, bolada, boleada, baleada. Ferida de morte por
interesses capitais. Dunas e mangues sufocados.
Capitais interesses. Palácios.
Palafitas. Caranguejos. Homens. Homens. Caranguejos. Pontes de madeira. Penínsulas.
Portos. Drogas por entre vilas e vielas.
Fechados condomínios.
Nela, uma cidade de
pretxs, dois jovens brancos de partidos caretas disputam a cadeira do Palácio
de La Ravardière. Colonização. Colonialidades. Êh lambaê, lambaio....
Há uns dois anos não
pisava nas areias da praia da cidade, creio. Mainha contabiliza bem mais tempo. Prestes a somar 90 verões, manteve o
confinamento por oito meses. Mainha é de danar. Virada. Viração.
Magrinha, apoiada pelo neto
Jonatha, arrodeou um pedaço de areia na Praia do Caolho. Tudo água ao redor.
Tudo tranquilo. Uns cabras com a rede a teimar em peixe encontrar. Caymmi, Dorival, Bnegão...
Comovente ver o zelo do
neto a amparar a avó. Bem como o carinho do bisneto Franklin. É ele quem toca o
terror e mantém a chama da casa acesa. Rede de cuidados/trutas/tretas/carabinas/baionetas: Cristiane (irmã), Isabella (sobrinha). Diferentes gerações. Oxigênio.
Antes da partida, dedo de prosa com velho amigo de tempos de faculdade, Antônio Carlos (Tontonho). Tempo pouco para 20 anos de hiato. Pouca breja para tanto assunto. Naqueles idos corria o trecho entre a área do Itaqui-Bacanga-São Francisco e adjacências. Pinga, breja, sativa. Bar do Amauri (Sá Viana), Seu Adalberto (Reviver), Olho de Pombo (São Francisco), Bar do Jósimo (Rua do Alecrim-Centro).
Um tiro curto foi a
viagem. Três dias. Dois dedicados à Delza. Arretada. Valente. Valentia.
Valentina. Memória em dia. Labareda. Ela não é de comer na rua. Escabreada. Desconfia do tempero e asseio alheios. No entanto, abriu uma exceção, e até elogiou o prato.
A viagem de bate/volta
foi o natal antecipado. Insistência da comps Thulla Cristina. Um presente! A todos fez
feliz. Chorei escondido no pós almoço. Inventei de lavar louça.
Assim, tudo se misturava
à água do enxague de pratos, talhares e panelas. Água de sal dos meus zoin, sabão,
punhados de saudades, alegria a confraternizar na pia, escorrer pelo ralo em tempos
sinistros. Tudo misturado, rumo ao mar. Ah, Janaína...Iemanjá...
Doce, obrigado!
0 comentários:
Postar um comentário