Camponeses alegam que Vale não cumpre com acordos firmados
Acampamento de camponeses em ramal do projeto S11D, Parauapebas
Desde o início
da semana perto de 60 camponeses acampam em ramal do maior projeto de mineração
da Vale, o da Serra Sul (S11D), cravado na fronteira das cidades de Canaã dos
Carajás e Parauapebas, no sudeste paraense.
Eles reivindicam
indenizações pelos danos provocados pelo extrativismo de minério de ferro. Eles
são oriundos da fazenda Santo Antônio. Os camponeses alegam que a mineradora não
cumpriu os pontos acordados no ano passado.
Entre os pontos
constam: atraso no pagamento do aluguel das casas da famílias removidas, não pagamento
de indenizações, garantia de reassentamento e casas para as famílias. Camponeses, indígenas, pequenos proprietários tendem a socializar os passivos sociais e ambientais induzidos pela implantação de grandes projetos na Amazônia.
Indígenas em desagregação
No caso específico das populações indígenas, tem ocorrido uma grande desagregação entre as populações, que cada vez mais criam novos aldeamentos com o mero foco de alguma compensação pecuniária.
O fenômeno registrado em particular entre o povo Gavião, tem ocorrido com a assessoria de advogados de índole duvidosa, como informam técnicos da moribunda Funai da região.
No caso da Funai de Marabá, conta com menos de 20 técnicos para atender diariamente perto de 90 aldeias, numa grande região geográfica sem nenhum veículo oficial funcionando. Todos os quatro veículos traçados estão danificados pelo uso intensivo.
Novo Carajazão - Longe
dos principais centros científicos, palácios, redações e catedrais, a região experimenta o
aprofundamento do extrativismo mineral sem a devida atenção de acadêmicos,
políticos, sindicalistas e outros setores e agentes que podem discutir o
assunto com a devida atenção que o tema exige.
30 anos após a
efetivação do Projeto Grande Carajás, a especialização do estado como exportador
de commodities minerais é turbinado com o projeto da Serra Sul (S11D), que tem
implicado no incremento da Ferrovia de Carajás, portos e pátios de
estocagem.
O S11D
encontra-se nos limites dos municípios a sudeste do Pará, Canaã dos Carajás e
Parauapebas. Com o projeto a mineradora irá incrementar a produção de ferro em
90 milhões de toneladas por ano, mas com capacidade de dobrar a produção. O mercado
asiático tem sido o destino do minério de ferro de excelente teor das terras
dos Carajás, em particular a China e o Japão. A previsão é que a usina inicie
as operações até 2016. A iniciativa que inclui mina, duplicação da Estrada de
Ferro de Carajás (EFC), ramal ferroviário de 100km e porto está orçada em US$
19,5 bilhões.
Os recursos
estão distribuídos da seguinte forma: a logística consumirá US$ 14, 1 bilhões;
US$8,1 bilhões serão usados na mina e na usina; enquanto US$ 2 bilhões serão
usados durante o ano. Como em outros empreendimentos na Amazônia, o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é o responsável por
parte dos recursos, ao lado do banco japonês, Japan Bank Internacional
Cooperation (JBIC). O projeto é maior ou equivalente à primeira versão do
Programa Grande Carajás (PGC), iniciado há quase 30 anos.
O minério que
sairá da Serra Sul é considerado ainda de melhor teor que o extraído da Serra
Norte, avaliado como excelente. O teor da S11D é de 65%. A Vale é nos dias atuais
a líder mundial no mercado de ferro, responsável por 310 milhões de toneladas
por ano. Como em outros casos registrados na região, o início do projeto
mobiliza uma série de alterações na cidade que abriga a mina, e em municípios
do entorno.
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