Após um ano, a empresa teve o "Selo Verde" suspenso pelo FSC Internacional. E na mesma data a PF fez operação de busca e apreensão por desmatamento ilegal e fraudes no sistema florestal
Comunidade de Pilões - R. Almeida - Dez\15
No natal passado
extrativistas da Comunidade de Pilões, em Monte Dourado, distrito do município de
Almeirim, na fronteira do Pará com o Amapá reeditaram a prática pacifica do
seringueiro acreano Chico Mendes de enfrentamento contra o grande capital, o
empate.
A secular comunidade
vive desde os anos 1960 uma peleja por território com a empresa Jari. Na época
da ditadura civil militar, o empreendimento do multimilionário estadunidense
passou a controlar uma gigantes porção territorial do lugar.
Atualmente é o grupo paulista
Orsa que comanda um conjunto de empresas que opera no setor de celulose e com
exportação de madeira.
Após um ano da
realização do empate, que alegrou operários terceirizados que iriam trabalhar
no dia de natal, o assédio da empresa contra os extrativistas continua,
denunciam moradores que preferem o anonimato.
Um
após do empate: querelas e saldos
A “família de gaúchos”
que foi processada pela empresa, e que parte participou chegou a engrossar o
coro do empate, agora foi cooptada pela Jari, e tem tido uma postura contra os
moradores mais antigos do lugar.
Um morador de Pilões avalia
que o grande temor da empresa é que a área da comunidade, que abriga um
frondoso castanhal, seja considerada pela justiça e órgãos ambientais como de
uso comum.
Conforme informante, a
empresa “cedeu” uma área nativa de 800 hectares de mata nativa para os “gaúchos”.
E que a área tem sido devastada. Moradores acusam os funcionários Praxedes,
Rafael e Pablo.
“É a empresa que tem
cedido as máquinas para ramais e derrubar árvores, entre elas cedro e angelim
pedra. Derrubaram pelo menos umas 20 árvores. Pelos menos uns três igarapés
foram mortos” denunciam moradores. Assista ao vídeo abaixo.
Por
cometer crimes de lavagem de créditos florestais, Jari tem “Selo Verde” suspenso
verde
No dia quatro de
dezembro a FSC (certificação ambiental) Internacional suspendeu certificação da
Empresa Jari Florestal.
Denúncias de
envolvimento em lavagem de créditos florestais, queixas trabalhistas e de
violência contra as comunidades tradicionais, onde ela opera pesaram em favor
da suspensão da principal certificação ambiental do mundo. O plano aprovado
este ano tinha validade até 2019. Leia AQUI
Na mesma data uma
operação da Polícia Federal, Justiça Federal, Ministério Público Federal (MPF)
e Ibama prendeu cerca de 16 pessoas envolvidas no esquema de desmatamento e
fraudes no sistema florestal nos estados do Pará, São Paulo e Paraná, sendo três
delas da empresa Jari.
A operação envolveu
buscas e apreensões em 41 endereços ligados a cinco empresas no Pará, São Paulo
e Curitiba. Duas pessoas tiveram prisões preventivas decretadas, outras 16
ficaram em prisão temporária e 10 foram conduzidas coercitivamente para prestar
esclarecimentos. Leia no MPF
Fraudes
milionárias envolvem a Jari
O MPF esclarece que só de um dos planos de
manejo, foram movimentados mais de R$ 28 milhões em madeira ilegal entre
dezembro de 2014 e fevereiro de 2015, devido ao alto valor comercial do ipê: um
metro cúbico de madeira serrada pode alcançar o preço de R$ 3 mil dólares no
mercado internacional.
O ipê é considerado uma das madeiras mais
resistentes, usada em deques e revestimentos para áreas externas e até parques
públicos em grandes cidades dos Estados Unidos.
A Jari Florestal também comprou
créditos para comercializar ipê de outras sete empresas próximas da capital
paraense, Belém. Em várias dessas compras, o sistema registrou tempos curtos demais
para a chegada da madeira, sendo que distância entre Belém e Almeirim é de mais
de 800 km. Em uma das movimentações, a madeira enviada pela Pampa Exportações
(outra empresa investigada) atravessou o Pará em apenas 10 minutos.
Saiba sobre o Empate no Jari AQUI
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