segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Barcarena e a propaganda da responsabilidade social das empresas



Moradora da Praia da Vila do Conde - Barcarena

Em anúncio de meia página no diário dos Barbalhos, neste domingo, 29,  a Associação Brasileira de Exportação de Gado (ABEC) defende a retomada do embarque de boi em pé.  Em longo texto defende as “benesses” que o setor presta ao estado.

Aos moldes de um obtuso burguês elenca números da economia, ao menos os que considera positivo, como o fato da exportação de gado  ser o segundo item da balança comercial do estado. Nada é mais colonial que a imagem do boi abarrotado em navios improvisados.

Até o dia de hoje as empresas envolvidas no crime ambiental e a Companhia Docas do Pará (CDP) não apresentaram um plano de retirada das carcaças do gado e do navio.
 
Os moradores sofrem pela falta de distribuição de água potável e cesta básica, que tão básica não dura mais que um dia.

Omite que a pecuária é o setor, que ao lado da mineração e obras de infraestrutura, respondem pelos indicadores do desmatamento na Amazônia. 

Relega ao fim da fila as péssimas condições de sobrevivência das populações que foram atingidas por um conjunto de acidentes ambientais que a cidade de Barcarena acumula.
E desconsidera as pesquisas do Evandro Chagas e do departamento de Química da UFPA, que alertam sobre as péssimas condições da água do município.

Além da morte de quase 5 mil cabeças de gado, havia ocorrido dispersão da soja em rios e furos da cidade em barcas da empresa Bunge.

Ao longo dos anos os recursos hídricos da cidade estão sendo comprometidos pelos transbordamentos das barragens de rejeitos das empresas Albras e Alunorte, controladas pela norueguesa Norsk Hidro, que controla da cadeia de alumínio.  E pela francesa Ymeris, que extrai caulim.

Assim como a Abec, na mesma edição dominical, a Ymeris festejou projetos em caderno especial dedicado à responsabilidade social.  

O transbordamento da bacia de rejeitos da empresa feriu de morte o rio Curuperé, e os moradores do entorno.

Os mesmos estão impedidos de cultivar a terra e usar o rio, e ainda sofrem processo de expropriação para a expansão da fábrica.

Moradores informam que a empresa tem se recusado a pagar pelo serviço ambiental prestado peloso moradores pela manutenção da floresta em pé.


Uma moradora informa que “aqui temos castanheiras e outras árvores seculares e frutíferas, e a empresa não quer pagar por elas, que serão derrubadas. E estão colocando um preço irrisório no metro da nossa terra”.

 
Boi em queda

Nos últimos anos a exportação de gado experimenta uma queda. Segundo nota da Scott Consultoria, com base em indicadores do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), 27,7 mil cabeças de bovinos foram negociadas pelo Brasil até junho de 2015. Na comparação com o mesmo mês de 2014, houve uma queda de 17,2%. O faturamento foi de US$ 28,3 milhões, 13,7% menos em relação ao mesmo mês de 2014.
O Pará foi o único estado exportador de bovinos vivos este ano, porém os dados estaduais também indicaram retrocessos, segundo a Scott Consultoria.  Até a metade de 2015 foram exportadas 123,4 mil cabeças, 69,2% a menos do que na primeira metade de 2014. A queda no faturamento foi de 69,9%. No primeiro semestre de 2014, os ganhos foram em torno de US$ 401,3 milhões.  

 


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