quarta-feira, 1 de julho de 2015

Acampamento em Canaã dos Carajás - Nota à população


Foto - enviada por Raimundo Gomes

 


As famílias de agricultores do município de Canaã dos Carajás, na sua maioria estão na região desde a década de 1980, assentadas no Projeto de assentamento Carajás II e III.  Enfrentaram as grandes dificuldades por falta de estradas, transportes, serviços de atendimento à saúde, educação, apoio para produção e assistência técnica.

 

Mas mesmo assim não desistiram, aqui desenvolveram as famílias, transformaram as áreas de florestas em áreas de produção agrícola e em áreas de pastagens para criação de gado, porque era o que o momento dava oportunidade e condições, para quem só tinha a coragem e o desejo de se desenvolver e aqui permanecer.

 

Com estes esforços as famílias conseguiram transformar a região em grande produtora de arroz, feijão, milho, mandioca, leite e carne de gado bovino. Todos estes produtos eram consumidos no local e exportados para outros municípios e para outros Estados.

 

A partir do ano de 2000 a região começa a passar por uma transformação significativa, com a chegada da Vale para implantação dos projetos Sossêgo e Níquel do Vermelho. Muitas áreas, de grandes, médios e pequenos proprietários são adquiridas pela empresa e tornadas improdutivas. Só de pequenos agricultores assentados pelo GETAT – Grupo Executivo de Terras do Araguaia-Tocantins, de 50 hectares, foram para mais de 100 lotes.

 

E a partir do ano de 2010, para implantação do Projeto S11D, a Vale fez compra de quase 15 mil hectares e destruí uma vila de 120 famílias, estruturada com o esforço das próprias famílias, a partir do ano de 1978, com escola, quadra de esporte, posto de saúde, energia elétrica, água encanada, bares, lanchonetes, restaurante, sorveteria, campo de futebol, borracharia, linhas de ônibus para Xinguara e Canaã, igrejas, e um posto da ADEPARÁ,  a vila Mozartinópolis, também conhecida como Racha Placa.

 

A maioria destas áreas adquiridas pela Vale se transformaram em latifúndios improdutivos enquanto a demanda por terra por trabalhadores rurais sem terra aumentou, a cidade cresceu e o campo encolheu.

 

O que nós acampados nestas áreas improdutivas queremos é retomar estas terras para a mão dos trabalhadores rurais, torná-las produtivas e resolver o problemas de milhares  de famílias que se tornaram mais pobres e necessitadas, no município de Canaã.

 

Questionamos a ilegalidade com que a Vale adquiriu estas terras, tendo em vista que áreas de agricultores beneficiários da reforma agrária não podem ser negociadas.

 

A Vale já acionou a justiça para interromper nossas lutas através de liminar de despejo, mas não vamos deixar nos abater, vamos procurar nossos direitos.

 

Vimos junto à sociedade de Canaã pedir apoio para nossas lutas para termos as terras de volta para fazermos com que nosso município volte a ser o grande produtor agrícola da região.

As fCCanaã dos Carajás, 23 de junho de 2015.

Acampamento PLANALTO

Acampamento VALE DO MUTUM

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