Foto - enviada por Raimundo Gomes
As
famílias de agricultores do município de Canaã dos Carajás, na sua maioria
estão na região desde a década de 1980, assentadas no Projeto de assentamento
Carajás II e III. Enfrentaram as grandes
dificuldades por falta de estradas, transportes, serviços de atendimento à
saúde, educação, apoio para produção e assistência técnica.
Mas
mesmo assim não desistiram, aqui desenvolveram as famílias, transformaram as
áreas de florestas em áreas de produção agrícola e em áreas de pastagens para
criação de gado, porque era o que o momento dava oportunidade e condições, para
quem só tinha a coragem e o desejo de se desenvolver e aqui permanecer.
Com
estes esforços as famílias conseguiram transformar a região em grande produtora
de arroz, feijão, milho, mandioca, leite e carne de gado bovino. Todos estes
produtos eram consumidos no local e exportados para outros municípios e para
outros Estados.
A
partir do ano de 2000 a região começa a passar por uma transformação significativa,
com a chegada da Vale para implantação dos projetos Sossêgo e Níquel do
Vermelho. Muitas áreas, de grandes, médios e pequenos proprietários são
adquiridas pela empresa e tornadas improdutivas. Só de pequenos agricultores
assentados pelo GETAT – Grupo Executivo de Terras do Araguaia-Tocantins, de 50
hectares, foram para mais de 100 lotes.
E
a partir do ano de 2010, para implantação do Projeto S11D, a Vale fez compra de
quase 15 mil hectares e destruí uma vila de 120 famílias, estruturada com o
esforço das próprias famílias, a partir do ano de 1978, com escola, quadra de
esporte, posto de saúde, energia elétrica, água encanada, bares, lanchonetes,
restaurante, sorveteria, campo de futebol, borracharia, linhas de ônibus para
Xinguara e Canaã, igrejas, e um posto da ADEPARÁ, a vila
Mozartinópolis, também conhecida como Racha
Placa.
A
maioria destas áreas adquiridas pela Vale se transformaram em latifúndios
improdutivos enquanto a demanda por terra por trabalhadores rurais sem terra
aumentou, a cidade cresceu e o campo encolheu.
O
que nós acampados nestas áreas improdutivas queremos é retomar estas terras
para a mão dos trabalhadores rurais, torná-las produtivas e resolver o
problemas de milhares de famílias que se
tornaram mais pobres e necessitadas, no município de Canaã.
Questionamos
a ilegalidade com que a Vale adquiriu estas terras, tendo em vista que áreas de
agricultores beneficiários da reforma agrária não podem ser negociadas.
A
Vale já acionou a justiça para interromper nossas lutas através de liminar de
despejo, mas não vamos deixar nos abater, vamos procurar nossos direitos.
Vimos
junto à sociedade de Canaã pedir apoio para nossas lutas para termos as terras
de volta para fazermos com que nosso município volte a ser o grande produtor agrícola
da região.
As fCCanaã dos Carajás, 23
de junho de 2015.
Acampamento PLANALTO
Acampamento VALE DO MUTUM
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