Honoráveis bandidos, obra
assinada pelo paraense Palmério Dória deveria ser leitura obrigatória nas
escolas de nível médio do Maranhão. A li num único fôlego. Lançada em 2009 pela
Geração Editorial, a obra faz um mergulho no mar de lama em que o político de
maior expressão no estado, Sarney, construiu a sua reputação como coronel.
Com um texto rápido e cheio de
sarcasmo, Dória vai tecendo cada ponto da colcha que compõe os passos e laços
nada escrupulosos do mandatário do estado que coleciona os mais delicados
indicadores de pobreza do país.
Pobreza que não alcança a sua
parentela e apadrinhados em diferentes escalas e níveis. Fernando, um dos filhos, é o centro de
gravidade de negociatas que ajudam na oxigenação da saúde financeira do grupo
que domina vários meios de comunicação, hotéis e outras empresas.
Não é de hoje, por exemplo, que a
família elegeu como estratégico o controle dos assentos estratégicos no setor
de energia. José Antonio Muniz Lopes, hoje na Eletrobrás, relembra Dória, foi antes
cacique da Eletronorte. Ficou imortalizado não pela competência, mas, por ter
sido alvo do facão da índia Tuíra na década de 90, num debate no Pará sobre a
hidrelétrica de Belo Monte (na época Kakaraô).
Por conta da frente que elegeu
Lula e Dilma, as aves de rapinas que flutuam em torno do poder desde a ditadura
ainda sobrevivem. Lobão é um ás nessa arte. O apadrinhado de Sarney é tido como
um cão fiel.
Ele é hoje o chefe do Ministério
das Minas e Energia. O setor mobiliza muita grana e mantém contatos com um
setor que costuma ser um financiador decisivo em campanhas eleitorais, as
empreiteiras.
Para compor o livro Dória coletou
documentos, matérias na imprensa e ouviu pesquisadores e personagens do
Maranhão. O mesmo jornalista assina outro livro sobre a mesma família, a
candidata que virou picolé, editora Casa Amarela.
O livro recupera como a
candidatura a presidência da República da filha do coronel, Roseana, se esvaiu
após o escândalo da Lunus, uma das empresas da família. A PF encontrou perto de
um milhão de reais que seriam empregados na campanha.
0 comentários:
Postar um comentário