TRABALHADOR É ENCONTRADO MORTO NO MESMO ASSENTAMENTO DE JOSÉ CLÁUDIO E MARIA DO ESPÍRITO SANTO EM NOVA IPIXUNA
Foi
encontrado ontem, por volta das 11 horas, o corpo do trabalhador
HERENILTON PEREIRA DOS SANTOS, que estava desaparecido desde
quinta-feira no interior do projeto de Assentamento Praia Alta
Piranheira, localizado no município de Nova Ipixuna. O corpo foi
encontrado por um grupo de assentados a 50 metros de uma das estradas
vicinais, distante 7 km do local onde José Cláudio e Maria foram
assassinados.
Na
terça-feira, dia do assassinato de José Cláudio e Maria, Herenilton e
um cunhado seu, encontravam-se trabalhando em sua roça às margens de uma
estrada vicinal a uns 5 km do local onde o casal de extrativistas foi
assassinado por volta das 8 horas da manhã. Já por volta de 8:40h os
dois presenciaram a passagem, a poucos metros deles, de dois homens em
uma moto, modelo Bros de cor vermelha, vestidos de jaqueta e portando
capacetes. Um deles, carregava uma bolsa comprida no colo. As descrições
da moto, e dos dois motoqueiros, coincidem com informações prestadas à
polícia por testemunhas que presenciaram a entrada, no assentamento, de
dois pistoleiros horas antes do crime naquela manha de terça-feira.
Ainda
segundo o relato do trabalhador que estava ao lado de Herenilton, uns
100 metros à frente, os supostos pistoleiros pararam a moto e um deles
abordou um trabalhador que se encontrava no local e pediu informações de
como chegar ao porto do Barroso. O porto é uma das saídas do
assentamento em direção ao município de Itupiranga, trafegando pelo lago
da hidrelétrica de Tucuruí. Informados os dois seguiram viajem.
Na
quinta feira, Herenilton saiu de casa para ir ao mesmo porto comprar
peixe como sempre fazia e não mais voltou. O corpo dele foi encontrado
ontem dentro do mato, antes de chegar ao porto. A polícia, acompanhada
de peritos do IML, esteve no local e fez a remoção do corpo para Marabá.
O agricultor tinha 25 anos, era pai de 4 filhos e vivia no assentamento
desde criança. Era muito conhecido e, de acordo familiares e vizinhos,
não tinha envolvimento com atos ilícitos ou desentendimentos com
qualquer pessoa.
Até
o momento não podemos afirmar que o caso tenha relação com a morte de
José Cláudio e Maria, mas também não podemos descartar essa hipótese. A
polícia precisa esclarecer as causas do crime. O assassinato é prova de
que a polícia, depois de 5 dias das mortes dos extrativistas, sequer
tinha investigado as principais rotas de fugas do assentamento que os
pistoleiros possam ter usado para fugirem após cometerem os crimes. Como
explicar que um assassinato, com características de pistolagem, ocorra
dois dias depois e nas proximidades do local onde os extrativistas foram
mortos com todo o aparato das polícias civil e federal, “vasculhando a
região” conforme anunciam?
Marabá, 29 de maio de 2011.
Comissão Pastoral da Terra – CPT da diocese de Marabá.
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4 comentários:
Quando penso que já me causaram todos os espantos, revoltas e decepções possíveis me vejo novamente chocada, indignada.
Até quando aturaremos tudo isso sem reagirmos?
Rogério estou te linkando para acompanhar teus posts, pois embora seja paulista me interesso muito pelos informes do Norte do país e já vi que aqui estarei sempre bem informada.
Abraço fraterno. Rosa
Olá
Grato pela gentileza
As coisas aqui estão bem delicadas
E ao se avaliar a situação, tudo indica que vai pior...
O PSDB reassumiu aqui
E já havia a avaliação que as coisas irião piorar
Abraço
Olá Rogério.
Fiquei conhecendo seu blog através da Rosa, do "palavrasdeumnovomundo" e gostei muito. Como ela, também me interesso pelo que acontece por aí, e na imprensa marrom tradicionalista não conseguimos nos informar devidamente, como você bem sabe. Conheço bem esse tipo de situação e tudo indica queima de arquivo. A polícia não é a culpada. A investigação só acontece com ordens de cima. No caso daí, vem do Ministério da Justiça. E sabemos que os interesses são enormes e muito bem representados nos Poderes constituídos.
Estou seguindo seu blog.
Abraços.
Olá Eliseu, grato pela gentileza
Estamos no momento de verdadeiro terror
Há uma certa perplexidade
O ímpeto dos poderosos contra os camponeses espanta: seja a vaia pela notícia das mortes, seja pela encomenda das execuções
abraço
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