quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Vale deve fechar refinaria no Canadá e demitir 500 operários



Sindicato United Steelworkers responde a anúncio da Vale – Comunicado à imprensa

O que se segue é um comunicado à imprensa do sindicato United Steelworkers (USW), em resposta à divulgação de um investimento, feita pela Vale.

TORONTO, 17 de novembro de 2010 – O mais recente anúncio de um “investimento” da Vale dá seguimento a uma campanha de relações públicas mais preocupada com a imagem da empresa que com trazer benefícios reais às comunidades canadenses.

“O anúncio de hoje da Vale é talvez o exercício de relações públicas mais cínico até hoje visto por parte desta empresa estrangeira,” disse Ken Neumann, Diretor Nacional do USW para o Canadá. “Enquanto alega honrar seus compromissos nos termos da Lei de Investimentos no Canadá, a Vale decide fechar as operações de refino e fundição em Thompson, província de Manitoba,” disse Neumann.

“Este fechamento eliminará um componente crucial de agregação de valor na mineração em Thompson, levando à potencial perda de 500 postos de trabalho, o que terá um efeito devastador para a comunidade.”

“Isto demonstra claramente a falta de compromisso da Vale com Manitoba. Ao invés de investir em suas operações de Thompson, a Vale opta por cortar 40% de sua força de trabalho e causar mais desestruturação às famílias trabalhadoras canadenses.”

“Esta decisão dá continuidade ao histórico desastroso da Vale, desde que ela teve permissão para adquirir a Inco Ltd. quatro anos atrás,” Neumann acrescentou. “A Vale já lucrou bilhões em nosso país, no processo eliminando centenas de empregos e causando sofrimento a comunidades canadenses.”

“A máquina de propaganda da Vale trabalha dobrado para tirar o foco das atenções de sua ofensiva contra os empregos e condições de trabalho canadenses, e dos conflitos trabalhistas causados por ela em andamento em nossas comunidades.”

“Em Voisey’s Bay, por exemplo, a Vale continua a usar fura-greves, numa disputa que já está em seu 16º mês. Pelo jeito, o compromisso da Vale com o Canadá não inclui estender aos seus trabalhadores na província de Newfoundland and Labrador — muitos deles indígenas — o mesmo acordo coletivo que negociou com seus trabalhadores na província de Ontario.”

Segundo o USW, o investimento de CA$ 10 bilhões anunciado hoje pela Vale merece ser examinado mais detidamente.

O sindicato observou que a maior parte do que foi anunciado pela Vale consiste de uma combinação de investimentos que foram impostos à empresa pelo governo e de investimentos especulativos que talvez nunca ocorram. Quando todos estes dispêndios são retirados da equação, o compromisso real da Vale de fazer novos investimentos voluntários no Canadá nos próximos cinco anos torna-se bem menor que o divulgado.

A propaganda da Vale indica que boa parte do investimento anunciado para o Canadá — pelo menos CA$ 4 bilhões — ainda não foi aprovada e, portanto, talvez não se materialize. Isto inclui a especulação em torno de uma mina de potassa na província de Saskatchewan que a Vale alega poderá custar CA$ 3 bilhões, e uma mina na província de Manitoba, que segundo a Vale poderá custar CA$ 1 bilhão.

Na realidade, o grosso do investimento que a Vale se comprometeu a fazer no Canadá consiste de dispêndios ordenados pelo governo, e não investimentos feitos por vontade própria da empresa em suas operações canadenses.

O custo de CA$ 3 bilhões associado com as novas unidades de Long Harbour, província de Newfoundland and Labrador, surgiu porque a governo provincial insistiu que as unidades fossem construídas na província. Na verdade, este requisito antecede a Vale, pois foi imposto à Inco Ltd. em troca do direito de explorar a rica jazida mineral de Voisey’s Bay.

Além disso, o investimento de entre CA$ 1,5 e CA$ 2 bilhões para melhorar os padrões ambientais nas operações da Vale em Sudbury foi determinado pelo governo provincial de Ontario, e não corresponde a melhorias voluntariamente propostas pela Vale. Na realidade, após a província ter ordenado o aperfeiçoamento ambiental, a Vale pressionou por uma extensão de cinco anos ao prazo para se adequar aos novos padrões.

As práticas ambientais da Vale resultaram numa interpelação judicial em Newfoundland and Labrador, onde a empresa planeja despejar resíduos tóxicos num lago ainda intocado, ao invés de investir num método mais custoso de gestão de resíduos.

Fonte:Jornal Sudbury Star | Noticiário Local

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