- Gostaríamos primeiramente de saudar a todos e todas presentes na abertura do 29º Congresso do ANDES-SN, além de agradecer o convite feito ao Movimento Xingu Vivo, e ao seu Comitê Metropolitano;
- Dizer que os povos do Xingu a mais de 20 anos resistem a construção da Hidrelétrica de Belo Monte. Resistiram ao governo militar de Figueiredo, ao governo Sarney, Collor, Itamar, FHC (duas vezes), e agora, no governo Lula, sofrem o seu mais pesado ataque;
- Lembrar que em uma audiência realizada no dia 22 de julho de 2009, o presidente da república prometeu, a um grupo de representantes dos movimentos sociais, do ministério público, religiosos e pesquisadores, que Belo Monte não seria “enfiado goela abaixo dos povos do Xingu”. Porém, é exatamente isso que tem ocorrido. O governo Lula hoje tem tentado implementar esta obra a qualquer custo, sem debater com a sociedade, e muito menos com as populações atingidas;
- O motivo é porque o governo não quer que as pessoas saibam que a energia gerada seria toda ela para atender as grandes empresas do eixo centro-sul do Brasil, e a parte que ficaria no Pará seria para atender a VALE e a ALCOA, não sendo previsto nada para atender as comunidades locais que não possuem energia elétrica;
- Que os 11 mil MW de energia prometida, somente serão alcançados em 4 meses do ano;
- Que aproximadamente 20 mil pessoas serão remanejadas compulsoriamente;
- Que a área do reservatório atingirá diretamente 03 municípios (Altamira, Vitória do Xingu e Brasil Novo) e indiretamente quase uma dezena de municípios;
- Que as empresas estimam ganhar no mínimo 30 bilhões de reais, dinheiro proveniente dos impostos pagos por brasileiros e brasileiras;
- Que o EIA elaborado pelas empresas contratadas pelo próprio governo, estima que aproximadamente 100 mil pessoas migrarão para a região, mas que, no pico da obra, somente serão gerados 40 mil empregos;
- Que as hidrelétricas emitem gás metano, que é um gás de efeito estufa que causa um impacto no aquecimento global 25 vezes maior, por tonelada, que o gás carbônico;
- Esta forma de encaminhar as coisas também mostra todo o autoritarismo com que os governos e seus representantes historicamente têm tratado a floresta e as populações amazônicas, autoritarismo expresso muito claramente pelo atual Diretor de Engenharia da Eletrobrás, Sr. Valter Cardeal, quando, na audiência do dia 22 de julho do ano passado, disse que “quinze, ou vinte mil pessoas, não podem impedir o progresso de 185 milhões de brasileiros”;
- No Governo do Pará, governado pelo PT, a coisa é ainda mais grave, pois os mais influentes secretários de governo são todos, professores e professoras da UFPA, conhecedores das históricas e trágicas conseqüências que os projetos capitalistas de desenvolvimento trouxeram para a região, mas mesmo assim, movidos por interesses econômicos pessoais, além de interesses eleitorais, defendem com todas as suas forças a hidrelétrica de Belo Monte;
- É por tudo isso que nós, povos amazônidas, junto a todos os defensores e defensoras da floresta, fazemos esta denuncia, mas também fazemos um apelo a todos os companheiros e companheiras aqui presentes, levem a nossa mensagem, e nossa voz, para o restante do Brasil, levem a nossa voz para outras partes do mundo, a vida da floresta mais uma vez corre perigo, a floresta pede ajuda. Precisamos ir, todos e todas, em sua defesa;
Finalizando, e como uma forma de saudar o nosso belo e ameaçado rio, gostaríamos de gritar, junto com vocês.
Viva o rio Xingu, vivo para sempre
Obrigado!
Obrigado!
0 comentários:
Postar um comentário