No mês de setembro o estado Maranhão ficou em terceiro lugar no ranking de desmatamento na Amazônia, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). As derradeiras áreas de florestas estão em reservas florestais e terras indígenas. A terra indígena Bacurizinho perdeu a cobertura 27,8 quilômetros quadrados, enquanto na Porquinhos a floresta perdeu 10,2 km².
O debate sobre a revisão de terras indígenas tem acelerado a pressão sobre as mesmas. A devastação na Porquinhos é um exemplo.O anúncio da revisão da terra indígena fez com que os pequenos agricultores, que moravam na área, comercializassem lotes para grandes produtores. A mata tem sido devastada na prática conhecida como correntão.
O debate sobre a revisão de terras indígenas tem acelerado a pressão sobre as mesmas. A devastação na Porquinhos é um exemplo.O anúncio da revisão da terra indígena fez com que os pequenos agricultores, que moravam na área, comercializassem lotes para grandes produtores. A mata tem sido devastada na prática conhecida como correntão.
A pressão de madeireiro sobre as terras indígenas é considerada a questão mais grave nas terras indígenas do Maranhão. A ausência do Estado empurra para que o próprio índio seja um facilitador da exploração ilegal da madeira. Ana Amélia Miranda, militante do Conselho Indigenista Missionário (CMI) do Maranhão pinça um pouco sobre o delicado quadro em entrevista para o blog FURO.
FURO- Como é a configuração dos povos indígenas na trilha da exploração dos grandes projetos e dos madeireiros?
CIMI – Grajaú tem a terra do Povo Guajajara, terra indígena Bacurizinho e Cana Brava. São duas áreas. Eles se auto-denominam de Tenthehara. Depois tem terra indígena dos Porquinhos que é o povo Canela, Roedor, aldeia do Ponto. É um povo bem diferenciado. A aldeia é circular. As assembléias são no pátio. As reuniões sempre ocorrem pela manhã e a tardizinha. É uma característica bem marcante deles. Tem o povo Timbira subdividido em dois troncos, Crepunkateye e o Crenier. O segundo estava disperso. Eles estão se reagrupando e exigindo o reconhecimento da Funai. No município de Amarante vive o povo Gujajara, terra de Araribóia que também alcança o município de Arame. Tem ainda o povo krikati,Canela, Kaapó e Timbira.
FURO - Qual a principal tensão nas terras indígenas?
CIMI- O Maranhão ocupa o segundo lugar no ranking de violência contra os povos indígenas. Perde apenas para o Mato Grosso do Sul. O nosso maior problema hoje é com o madeireiro. As terras indígenas e as áreas de reserva são as mais pressionadas. São nelas que ainda se encontra madeira. Temos ainda problemas com fazendeiros e caçadores.
FURO- Qual é a agenda de luta?
CIMI- Temos o grande desafio de buscar a regularização de várias áreas e lutar contra o medida que deseja rever as áreas já demarcadas.
FURO- Como é a relação com a sociedade envolvente?
CIMI- Ainda é ruim. A sociedade não indígena ainda é muito preconceituosa. Há violência no campo simbólico e físico. Em maio mataram uma criança na terra indígena de Araribóia. Este ano já foram assassinadas cerca de 10 lideranças indígenas. A gente avalia que o governo é muito lento ou não se posiciona.
FURO - A senhora pode exemplificar melhor?
CIMI - As madeiras que são apreendidas pela fiscalização do IBAMA costumam voltar aos criminosos através de uma operação que os coloca como fiés depositários da madeira apreendida. Temos ainda o caso grave da saúde dos índios que a FUNASA não corresponde com um atendimento mínimo. O direito à educação é outro assunto delicado.
FURO - A proximidade com as cidades é um problema?
CIMI- Em Amarante e Grajaú há aldeias bem próximas das cidades. No município de Grajaú, por exemplo, a aldeia Morro Branco fica entro da cidade. Eles constroem elementos de resistência, em particular culturais através da língua e as manifestações religiosas.
FURO- Essa proximidade não afeta a qualidade de vida na aldeia?
CIMI – Os valores da cultura não indígena acaba se chocando com as formas de resistência e provoca tensões. Eles são afetados pela cultua do consumismo. Há casos de alguns indígenas que passam por crise de identidade e aderem ao álcool.
FURO-Onde a situação é mais delicada?
CIMI-Na terra indígena Araribóia. Quando se trata da questão da madeira o problema é em todo canto.
FURO - Ainda há povos isolados no Maranhão?
CIMI- O povo Awa Guajá, A exploração da madeira prejudica esse povo. Ele perambula pelas matas em busca de fontes de proteínas animal e vegetal. Com a derruba da floresta a situação de segurança alimentar deles fica prejudicada.
FURO- Como o CIMI atua?
CIMI- A gente funciona como mediador, passando informações sobre questões de direitos à terra, educação e saúde, colaboração em mobilizações e no incentivo ao protagonismo.
CIMI – Grajaú tem a terra do Povo Guajajara, terra indígena Bacurizinho e Cana Brava. São duas áreas. Eles se auto-denominam de Tenthehara. Depois tem terra indígena dos Porquinhos que é o povo Canela, Roedor, aldeia do Ponto. É um povo bem diferenciado. A aldeia é circular. As assembléias são no pátio. As reuniões sempre ocorrem pela manhã e a tardizinha. É uma característica bem marcante deles. Tem o povo Timbira subdividido em dois troncos, Crepunkateye e o Crenier. O segundo estava disperso. Eles estão se reagrupando e exigindo o reconhecimento da Funai. No município de Amarante vive o povo Gujajara, terra de Araribóia que também alcança o município de Arame. Tem ainda o povo krikati,Canela, Kaapó e Timbira.
FURO - Qual a principal tensão nas terras indígenas?
CIMI- O Maranhão ocupa o segundo lugar no ranking de violência contra os povos indígenas. Perde apenas para o Mato Grosso do Sul. O nosso maior problema hoje é com o madeireiro. As terras indígenas e as áreas de reserva são as mais pressionadas. São nelas que ainda se encontra madeira. Temos ainda problemas com fazendeiros e caçadores.
FURO- Qual é a agenda de luta?
CIMI- Temos o grande desafio de buscar a regularização de várias áreas e lutar contra o medida que deseja rever as áreas já demarcadas.
FURO- Como é a relação com a sociedade envolvente?
CIMI- Ainda é ruim. A sociedade não indígena ainda é muito preconceituosa. Há violência no campo simbólico e físico. Em maio mataram uma criança na terra indígena de Araribóia. Este ano já foram assassinadas cerca de 10 lideranças indígenas. A gente avalia que o governo é muito lento ou não se posiciona.
FURO - A senhora pode exemplificar melhor?
CIMI - As madeiras que são apreendidas pela fiscalização do IBAMA costumam voltar aos criminosos através de uma operação que os coloca como fiés depositários da madeira apreendida. Temos ainda o caso grave da saúde dos índios que a FUNASA não corresponde com um atendimento mínimo. O direito à educação é outro assunto delicado.
FURO - A proximidade com as cidades é um problema?
CIMI- Em Amarante e Grajaú há aldeias bem próximas das cidades. No município de Grajaú, por exemplo, a aldeia Morro Branco fica entro da cidade. Eles constroem elementos de resistência, em particular culturais através da língua e as manifestações religiosas.
FURO- Essa proximidade não afeta a qualidade de vida na aldeia?
CIMI – Os valores da cultura não indígena acaba se chocando com as formas de resistência e provoca tensões. Eles são afetados pela cultua do consumismo. Há casos de alguns indígenas que passam por crise de identidade e aderem ao álcool.
FURO-Onde a situação é mais delicada?
CIMI-Na terra indígena Araribóia. Quando se trata da questão da madeira o problema é em todo canto.
FURO - Ainda há povos isolados no Maranhão?
CIMI- O povo Awa Guajá, A exploração da madeira prejudica esse povo. Ele perambula pelas matas em busca de fontes de proteínas animal e vegetal. Com a derruba da floresta a situação de segurança alimentar deles fica prejudicada.
FURO- Como o CIMI atua?
CIMI- A gente funciona como mediador, passando informações sobre questões de direitos à terra, educação e saúde, colaboração em mobilizações e no incentivo ao protagonismo.
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