quarta-feira, 2 de março de 2016

Escola Família Rural (EFA) de Marabá comemora 20 anos

As celebrações ocorrem entre 18 a 20 de março

 

A principal insurreição popular do período regencial do Brasil somou 180 anos este ano. É considerada por alguns autores como uma revolução social, onde indígenas, negros, tapuios e brancos empobrecidos insubordinaram-se contra o domínio português e de outros colonizadores.  

A revolução dizimou boa parte da população da época, e pela vez primeira vez, segmentos marginalizados alcançaram o poder, sendo o ápice a aclamação do dirigente Malcher como o primeiro governador Cabano.

O raio de abrangência transbordou as fronteiras amazônicas, alcançou praias do Nordeste, e mesmo regiões limítrofes com outros países.  Novos estudos desnudam outras nuances sobre o movimento, iluminam a relevância do Baixo Amazonas na empreitada.

Neste mesmo ano, uma das páginas mais sangrentas da História recente da luta pela terra na Amazônia soma duas décadas, o Massacre de Eldorado, ocorrido na Curva do S, no município de Eldorado do Carajás, no sudeste paraense, no dia 17 de abril.

A ação ordenada pelo médico – que em tese deve guardar a vida – Almir Gabriel, que na época governava o Estado, ordenou que o secretário de segurança da Paulo Sette Câmara encerasse a qualquer custo uma ação de ocupação da rodovia estadual, PA 150, pelos sem-terra.

As tropas da PM executaram 19 trabalhadores rurais sem terra. Mais de 150 policiais militares participaram da chacina que chamou a atenção do mundo. Conforme laudos, muitos foram executados com tiros à queima roupa disparados na cabeça ou no rosto.

A violência física, o autoritarismo do Estado, a espoliação e a expropriação constituem elementos que estruturam o avanço do capital sobre a terra e as riquezas cá existentes.  

Na contramão, como nos tempos da Cabanagem, sempre ocorreram formas de (re) existência populares. Uma delas tem sido a educação.

Assim, no conturbado contexto dos anos 1990, marcado pela avanço da agenda neoliberal, que teve o seu ponto alto a política de privatizações, marcada pela entrega de bandeja a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), nascia na terra dos Carajás a Escola Família Agrícola (EFA) de Marabá, sudeste do Pará.

A EFA aflorou em solo marcado pela aguda disputa pela terra, para atender, a partir das realidades especificas dos universos rurais, jovens e adultos do campo. No mundo nacional marcado pela lógica do privilegio, estudar é mais que um ato revolucionário.

A EFA integrou um leque de ações geradas a partir do Centro Agroambiental do Tocantins (CAT), experiência inovadora animada pelo educador natural da Bélgica, Jean Hébette. O centro era vinculado a UFPA. Constitui-se como um importante mediador no processo de luta pela terra aliado ao movimento sindicalista do campo da região.     

A condição precária marca a sobrevivência das EFA e das Casas Famílias Rurais (CFR), que operam a partir do mesmo modelo pedagógico, a alternância, que valoriza vivências a partir do tempo escola e tempo comunidade. Freire é uma das inspirações, onde o diálogo e a horizontalidade na relação entre educador-educando ocupam o primeiro plano.    

Damião Santos foi um dos fundadores da EFA e o primeiro monitor. Tem formação em Pedagogia da Alternância, e graduação em Pedagogia, com especialização em Educação do Campo. Atualmente cursa metrado de Desenvolvimento Socioespacial e Regional (UEMA).
 
Santos é técnico da Emater. É ele quem tem animado a celebração. Mas que se transformou numa articulação coletiva. A celebração ocorre entre 18 a 20 de março, na EFA Padre Humberto Pietogrande – Marabá.
 
A EFA está localizada na Rodovia Transamazônica km 23 (sentido Itupiranga). A programação e comissão organizadora (estão sendo organizadas).


Mais informações
Damião Soledade
dsolidade@bol.com.br
Cel/zap: (94) 99149 - 6323

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