quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Fórum Social de Carajás : movimentos sociais mobilizam atenção no mundo

Mobilização de camponeses na década de 1990/Marabá/PA
Na explosiva região de disputa pela terra, Carajás, a sudeste doPará o coletivo Via Campesina realiza com o apoio da Prefeitura de Parauapebas, o Fórum Social de Carajás (FSC). O evento ocorre nos 24, 25 e 26 de janeiro.

A organização estima a presença de uma comitiva de 120 pessoas de 37 países. Aleida Guevara, Edis Vielma Sosa e Mônica Baltodano, militantes sociais e intelectuais como: Vandana Shiva e Ernest Wamba integram a comitiva.

BBC, Al Jazeera, El Pais e Le Monde são alguns dos veículos de comunicação internacionais que acompanharão o evento. No campo das artes espera-se a presença de Walter Salles e Douglas Mansur.

A programação FSC inclui seminário, visita à região e noite típica paraense.Além de informar aos cidadãos os problemas vividos na região, o fórum também vai levantar questões para que sejam debatidas no FSM.

O Fórum de Carajás será para o lançamento da pedra fundamental do Instituto Latino-Americano de Agroecologia.

UM POUCO SOBRE A REGIÃO DE CARAJÁS

Assassinatos de dirigentes camponeses, trabalho escravo, devastação da floresta são alguns dos passivos que deram visibilidade internacional à região de Carajás, no sudeste do Pará.

O município de Parauapebas abriga a maior província mineral de ferro no planeta. A mesma foi “descoberta” no fim da década de 1950 pela empresa americana United States Steel, na época a maior siderúrgica no planeta.

Os passivos elencados acima são desdobramentos da ação do Estado na indução da economia na região a partir do que ficou conhecido como grandes projetos. Através de uma política de renúncia fiscal pólos de mineração, madeira e pecuária ganharam forma.

No contexto intricado de redes econômicas, políticas e sociais da região há indígenas, camponeses, garimpeiros, fazendeiros e uma das maiores empresas do setor de mineração do mundo, a Vale.

Todos conspirando pela terra e os recursos nela existentes. Um baita cenário que tem passado por abissais transformações em suas configurações econômicas, políticas, espaciais e sociais desde o Massacre de Eldorado dos Carajás.

A partir dele os camponeses efetivaram uma série de territorializações, que passa pelo reconhecimento de terras ocupadas como projetos de assentamento, escolas, cooperativas e eleição de dirigentes a cargos públicos.
Após o massacre os camponeses chegaram a agrupar até 10 mil pessoas no pátio do INCRA por cerca de 30 dias num sistema de rodízio.
A efervescência da região mobiliza inquietações das mais variadas linhas de pesquisa.
Numa página antiga sobre o Bico do Papagaio, norte do Tocantins, sul do Pará e oeste do Maranhão podem ser coletadas mais informações sobre a região.

1 comentários:

Anônimo disse...

Eu, Leônidas Mendes Filho, professor de história de ensino médio, estudante de direito da UFPA/Parauapebas e educador, que estive presente no Fórum Social em Caracas, Venezuela (janeiro/2006), venho protestar veementemente contra a organização deste Fórum que se prestou a ser vergonhosamente conivente com a “palhaçada” a que decidiram denominar Fórum Social Carajás e, sabe-se lá com quais intenções e sob quais condições, emprestaram o nome do evento pelo qual tantos lutaram para consolidar para que a Prefeitura Municipal de Parauapebas decidisse excluir o povo do evento, visto que o tal “organizador” entendeu permitir apenas a participação de “convidados” (a “elite econômica” de Parauapebas), com um custo total de R$ 500 mil (falei quinhentos mil reais), para, ao invés de debatermos os problemas que afligem nosso povo nessa era de crise econômica globalizada e quando muitos são simplesmente excluídos do direito elementar a “comer”, irão passear... Só falta agora o FSM aceitar o patrocínio da VALE.

Sentindo-me profundamente envergonhado,

Espero ao menos que a organização do FSM não se negue a ler meu protesto,

O que, aliás, não me surpreenderia...

Sem mais para o momento, mas sempre de olho

Leo Mendes Filho