O desmatamento
constitui um dos passivos que os processos econômicos engendraram na Amazônia.
Não é novidade. E tudo pode ficar pior com a agenda desenvolvimentista
estabelecida a ferro e fogo para a região, baseado no uso intensivo dos
recursos naturais.
Na edição do Globo
Rural de hoje, 23, uma reportagem de José Raimundo lançou luzes sobre situações
no estado no Pará, na região da BR- 163, a oeste do estado e também no sudeste.
Foram tratadas situações de desmatamento protagonizadas tanto por fazendeiros, quanto
assentados da reforma agrária.
Os tratados acadêmicos
atestam que a dinâmica é emoldurada pela irregularidade e a violência. O saque
aos recursos florestais escravizam trabalhadores, não dispõe de documentos para
operar e ainda ameaçam ou executam adversários.
O próprio repórter
global chegou a ser ameaçado por funcionário de madeireira ilegal. Além das
situações de precariedade camponesa, a matéria com quase 24 minutos de duração
denunciou a fragilidade que possuem as instituições públicas responsáveis pela
fiscalização em zonas da fronteira distante.
Mas, nem só de desgraça
vive o Brasil, o experimentado repórter iluminou algumas situações de êxito de
um camponês que consegue uma vida digna a partir de uma estrutura de produção diversificada,
num cenário onde impera a cultura da pecuária. A mesma foi imposta a partir do período
de exceção (1964).
É complexa a região.
Seria interessante num outro momento contemplar as situações de conflito que
ganham vida a partir dos interesses de grandes corporações dos setores de
construtores de barragens, monocultivos e obras de infraestrutura, que tende a
pressionar territórios das populações ancestrais.
No próximo programa a
reportagem irá contemplar algumas medidas tomadas no município de Paragominas
para sair da lista suja do desmatamento. A cidade tem sido festejada como
município verde, e conseguiu agregar de forma positiva tal capital a suas ações
de reflorestamento, ainda que seja feito a partir de espécies exóticas, como o
plantio de eucalipto.
O trabalho da equipe do
Globo Rural merece considerações positivas, ainda por escapar á lógica comum da
grande mídia, que sempre “descobre” a região após as tragédias sociais ou
ambientais.
Agora, resta aguardar a
resposta do governo do estado. E esperar se a repetidora local da Globo irá
replicar a excelente matéria do jornalista José Raimundo, a exemplo do que tem
feito com a visibilidade de artistas e atletas locais, quando os mesmos logram sucesso
além rio-mar.
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