A era em que estamos é marcada
pela incerteza, pontuam alguns especialistas. Tudo parece subordinado ao espetáculo.
Não escapam a política, os funerais de pessoas públicas, os cultos religiosos, a mobilização em torno
do meio ambiente e os pleitos eleitorais.
E por falar no assunto, o hilário
eleitoral chega ao fim. Triste como uma quarta feira de cinzas. Melancólico tal
uma tarde de domingo. Desconcertante como um balão de São João apagado, um fole
mudo, um cantor roco, uma puta sem cliente.
Os falantes mais parecem
anunciantes de marca de sabão em pó.
A qualquer custo tentam vender o
produto. No caso o candidato. Tudo parece mercadoria.
Os discursos são jogados para a plateia
ao rodo. Uma pororoca de palavras desprovidas de vínculo com a realidade, ao
menos ante os meus míopes olhos.
É de desencantamento o nosso
tempo? Qual política é essa? Os conchavos mais esdrúxulos são sacramentados,
como se ninguém percebesse a ausência de ética.
Aonde foi parar a utopia? Que são
os partidos?
Os partidos algum dia foram
condutores das bandeiras dos grupos? Menos ainda hoje. Nota-se inúmeras
mobilizações no fazer político a partir de ações coletivas.
Mas, não com vínculos
partidários, que parecem já terem nascidos em óbito.
A rua é triste. Algumas pessoas defendem pouco mais de cem
reais por semana sob um sol escaldante para agitar a bandeira.
Na obra O Cacaulista, autoria do
escritor paraense Inglês de Sousa,
data de 1875 um trecho descreve que “...quando se precisava de uma testemunha
falsa, procurava-se o Mendes do Paraná-miri, como o chamavam em Óbidos; ele
nunca se recusava, mas contam-se que teriam de pagar caro; nas eleições estava
o tapuio sempre disposto a pegar no pau pró ou contra qualquer partido, e como
o seu braço era vigoroso, nunca deixava de
ser procurado.
Sobre a República que surgia são
elucidativas as observações do mulato suburbano e porrista, Lima Barreto, sobre
os vícios da elite nacional na obra os Bruzundangas. “Não há quem não queira
deixar para os seus parentes, mulheres e amantes, generosas pensões”.
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