quinta-feira, 4 de outubro de 2012

República, eleição, propaganda -- uns escrivinhamentos


A era em que estamos é marcada pela incerteza, pontuam alguns especialistas. Tudo parece subordinado ao espetáculo. Não escapam a política, os funerais de pessoas públicas, os cultos religiosos, a mobilização em torno do meio ambiente e os pleitos eleitorais.

E por falar no assunto, o hilário eleitoral chega ao fim. Triste como uma quarta feira de cinzas. Melancólico tal uma tarde de domingo. Desconcertante como um balão de São João apagado, um fole mudo, um cantor roco, uma puta sem cliente.

Os falantes mais parecem anunciantes de marca de sabão em pó.

A qualquer custo tentam vender o produto. No caso o candidato. Tudo parece mercadoria.

Os discursos são jogados para a plateia ao rodo. Uma pororoca de palavras desprovidas de vínculo com a realidade, ao menos ante os meus míopes olhos.

É de desencantamento o nosso tempo? Qual política é essa? Os conchavos mais esdrúxulos são sacramentados, como se ninguém percebesse a ausência de ética.

Aonde foi parar a utopia? Que são os partidos?

Os partidos algum dia foram condutores das bandeiras dos grupos? Menos ainda hoje. Nota-se inúmeras mobilizações no fazer político a partir de ações coletivas.

Mas, não com vínculos partidários, que parecem já terem nascidos em óbito.

A rua é triste. Algumas pessoas defendem pouco mais de cem reais por semana sob um sol escaldante para agitar a bandeira.

Na obra O Cacaulista, autoria do escritor paraense  Inglês de Sousa, data de  1875 um trecho descreve que  “...quando se precisava de uma testemunha falsa, procurava-se o Mendes do Paraná-miri, como o chamavam em Óbidos; ele nunca se recusava, mas contam-se que teriam de pagar caro; nas eleições estava o tapuio sempre disposto a pegar no pau pró ou contra qualquer partido, e como o seu braço era vigoroso, nunca deixava de  ser procurado.

Sobre a República que surgia são elucidativas as observações do mulato suburbano e porrista, Lima Barreto, sobre os vícios da elite nacional na obra os Bruzundangas. “Não há quem não queira deixar para os seus parentes, mulheres e amantes, generosas pensões”.


 

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