Júri acaba de inocentar mandante da morte dos extrativistas
No dia 17, um dos
episódios mais brutais do século XX da luta pela terra na Amazônia soma mais um
ano. 19 ativistas do MST foram executados e perto de sessenta ficaram feridos
na “Curva do S”, na PA 150, no município de Eldorado do Carajás, sudeste do
Pará, conforme dados oficiais.
O então governador do Pará, o médico
falecido em fevereiro Almir Gabriel (PSDB) deu a ordem. A missão coube a
Paulo Sette Câmara, secretário de segurança, que delegou aos oficiais Major
Oliveira e ao Coronel Pantoja a operação em desobstruir a qualquer custo a PA
150, ocupada pelos sem terra, que pleiteavam a desapropriação do complexo
Macaxeira para a reforma agrária. 155
militares participaram da operação.
Às vésperas de mais um
ano do episódio, que foi antecedido por outro ato violento, o Massacre de
Corumbiara, ocorrido em Rondônia, o fórum da cidade de Marabá abriga mais um
julgamento de acusados de execução de camponeses no Pará, o caso da execução
dos extrativistas José Cláudio e Maria do Espírito Santo.
Os processos econômicos
internalizados no estado, em particular os capitaneados pelos militares,
consagrou as regiões sul e sudeste como as mais violentas do país na disputa
pela terra. A expropriação das populações locais tem regido a matriz dos
projetos, que não encontram distensão nas agendas dos sucessivos governos desde
a década de 1980.
Periferia dos estados econômicos
mais desenvolvidos da União e dos países da economia central tem sido o papel
da Amazônia desde o período colonial. O estado tem sido o principal indutor da
economia e de ações de controle sobre os territórios.
A pressão sobre os
territórios e os recursos naturais existentes permanece. Assim como a feição
autoritária do Estado. Um exemplo é a medida de coerção do governo federal
contra o povo Munduruku, no oeste do Pará, no rio Tapajós, onde se planeja a
construção de inúmeras hidrelétricas e a expansão de frentes de mineração.
O desenrolar da agenda
desenvolvimentista para a região molda outros capítulos de violência em
diferentes níveis sobre as populações na Amazônia. É possível um outro cenário?
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