quinta-feira, 4 de abril de 2013

Amazônia, política, desenvolvimento e massacres

Júri acaba de inocentar mandante da morte dos extrativistas

 
No dia 17, um dos episódios mais brutais do século XX da luta pela terra na Amazônia soma mais um ano. 19 ativistas do MST foram executados e perto de sessenta ficaram feridos na “Curva do S”, na PA 150, no município de Eldorado do Carajás, sudeste do Pará, conforme dados oficiais.  

O então governador do Pará, o médico falecido em fevereiro Almir Gabriel (PSDB) deu a ordem. A missão coube a Paulo Sette Câmara, secretário de segurança, que delegou aos oficiais Major Oliveira e ao Coronel Pantoja a operação em desobstruir a qualquer custo a PA 150, ocupada pelos sem terra, que pleiteavam a desapropriação do complexo Macaxeira para a reforma agrária.  155 militares participaram da operação.

Às vésperas de mais um ano do episódio, que foi antecedido por outro ato violento, o Massacre de Corumbiara, ocorrido em Rondônia, o fórum da cidade de Marabá abriga mais um julgamento de acusados de execução de camponeses no Pará, o caso da execução dos extrativistas José Cláudio e Maria do Espírito Santo.

Os processos econômicos internalizados no estado, em particular os capitaneados pelos militares, consagrou as regiões sul e sudeste como as mais violentas do país na disputa pela terra. A expropriação das populações locais tem regido a matriz dos projetos, que não encontram distensão nas agendas dos sucessivos governos desde a década de 1980.

Periferia dos estados econômicos mais desenvolvidos da União e dos países da economia central tem sido o papel da Amazônia desde o período colonial. O estado tem sido o principal indutor da economia e de ações de controle sobre os territórios.

A pressão sobre os territórios e os recursos naturais existentes permanece. Assim como a feição autoritária do Estado. Um exemplo é a medida de coerção do governo federal contra o povo Munduruku, no oeste do Pará, no rio Tapajós, onde se planeja a construção de inúmeras hidrelétricas e a expansão de frentes de mineração.  

O desenrolar da agenda desenvolvimentista para a região molda outros capítulos de violência em diferentes níveis sobre as populações na Amazônia.  É possível um outro cenário?

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