Os grandes projetos e as implicações que os mesmos provocam sobre as realidades das populações locais é o foco da série de reportagens da Agência Pública
Euclides da Cunha, Vicente Salles,
Otávio Ianni, Fernando Henrique Cardoso, José de Souza Martins, Samuel Benchimol,
Bertha Becker, Rosa Acevedo Marin, Jean Hébette, Márcio Souza, Zuenir Ventura, Milton
Hatoum, Manuel Dutra, Ricardo Rezende, Ricardo Kotscho, Lúcio Flávio Pinto são
alguns intelectuais que investiram\investem em narrativas sobre a (s) Amazônia
(s) em diferentes campos.
Amazônia (s) é um dos principais
assuntos numa infinidade de campos, tempos e redes sociais e econômicas no mundo. Mas, ao
longo dos séculos a sua condição tem sido colonial. Uma fonte de matéria prima,
cujo estoque pode alterar a rota do mundo por conta da robusta biodiversidade. É
ela a motivadora de interesses do setor de farmácia e cosméticos.
O saque sobre as riquezas da
região a cada dia ganha um novo capítulo. Os minérios e a energia integram desde
o século passado a agenda dos interesses de grandes corporações nacionais e internacionais.
Entre as legendas constam a Vale,
a norueguesa Norsk Hidro que controla a cadeia de produção de alumínio, a
francesa Imerys, que explora caulim, a Alcoa, também da cadeia do alumínio, a
Camargo Correa, Alcoa, Vale e a franco-belga Tractebel-Suez, quase sempre
consorciadas em empreendimentos para a geração de energia. Tais projetos tendem a pressionar os
territórios das populações ancestrais.
A expropriação das populações
locais tem sido a regra, ainda que algumas pessoas consigam alguma ocupação de
segunda categoria em empresas terceirizadas, onde os principais postos são
ocupados por pessoas com melhor qualificação vindas de outras regiões do país,
e mesmo do exterior.
No século passado há notícias de
iniciativas jornalísticas que dedicaram profissionais, recursos e tempo em produções
sobre a região. A revista Realidade, o jornal Movimento e o Estadão são alguns
deles.
Os custos e o tempo necessário
para uma boa produção são considerados alguns dos limitadores sobre a má
cobertura midiática sobre a (s) Amazônia (s), que compreende 61% do território
nacional.
Nesta semana o site paulista Agência Pública, um espaço voltado para a
defesa dos direitos humanos e o interesse público inaugurou uma séria de reportagens
sobre a (s) Amazônia (s) do Brasil.
A experiente profissional Marina
Amaral , ex Folha e revista Caros Amigos e o fotógrafo americano Jeremy Bigwood
assinam uma série sobre a região de Carajás, que abriga a principal reserva de
minério de ferro do mundo. O extrativismo mineral que colabora para a saúde do superávit
primário do país, ao mesmo aprofunda a pobreza no Pará.
A série de reportagem durou pouco
mais de cinco meses, entre a produção de pauta, trabalho de campo, checagem de
dados, produção e edição de conteúdo multimídia. Algo considerado fora da
realidade para a rotina dos principais meios de comunicação do país.
Na série sobre Carajás, o grande
interesse é conhecer as múltiplas realidades da cadeia produtiva dos minérios. A
jornalista percorreu no mês julho e agosto vários municípios do Pará e Maranhão.
No Pará esteve em Marabá, Canaã
dos Carajás e Parauapebas. Conheceu de perto a realidade medieval do processo
de produção de carvão vegetal, que alimenta as empresas de produção de ferro
gusa do Pará (Marabá) e Maranhão (Açailândia), e dinamiza a cadeia do trabalho
escravo.
O conteúdo de qualidade emerge como
excelente fonte de informação sobre um Brasil profundo, às vezes invisível mesmo
em espaços considerado do campo democrático. O mesmo pode e deve ser usado em
espaços escolares de diferentes níveis. E ainda sindicatos de classe,
representantes do setor industrial e patronal local.
A agenda de desenvolvimento para
a Amazônia, baseada no uso intensivo dos recursos naturais, mantém o Estado
como o principal indutor e facilitador. A opção desenvolvimentista favorece grandes
corporações e tende a internalizar ainda mais as realidades de expropriação e
pobreza das populações locais. Na economia, o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), emerge como o principal agente.
Além de Carajás, a equipe da
Pública percorreu a região do rio Madeira e do rio Tapajós. A partir do dia 03
de dezembro o conteúdo sobre o Madeira estará
disponível. Leia o conteúdo AQUI
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