quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Amazônia profunda, site paulista lança série de reportagens sobre a região

Os grandes projetos e as implicações que os mesmos  provocam sobre as realidades das populações locais é o foco da série de reportagens da Agência Pública

Euclides da Cunha, Vicente Salles, Otávio Ianni, Fernando Henrique Cardoso, José de Souza Martins, Samuel Benchimol, Bertha Becker, Rosa Acevedo Marin, Jean Hébette, Márcio Souza, Zuenir Ventura, Milton Hatoum, Manuel Dutra, Ricardo Rezende, Ricardo Kotscho, Lúcio Flávio Pinto são alguns intelectuais que investiram\investem em narrativas sobre a (s) Amazônia (s) em diferentes campos.

Amazônia (s) é um dos principais assuntos numa infinidade de campos, tempos  e redes sociais e econômicas no mundo. Mas, ao longo dos séculos a sua condição tem sido colonial. Uma fonte de matéria prima, cujo estoque pode alterar a rota do mundo por conta da robusta biodiversidade. É ela a motivadora de interesses do setor de farmácia e cosméticos.

O saque sobre as riquezas da região a cada dia ganha um novo capítulo. Os minérios e a energia integram desde o século passado a agenda dos interesses de grandes corporações nacionais e internacionais.

Entre as legendas constam a Vale, a norueguesa Norsk Hidro que controla a cadeia de produção de alumínio, a francesa Imerys, que explora caulim, a Alcoa, também da cadeia do alumínio, a Camargo Correa, Alcoa, Vale e a franco-belga Tractebel-Suez, quase sempre consorciadas em empreendimentos para a geração de energia.  Tais projetos tendem a pressionar os territórios das populações ancestrais.  

A expropriação das populações locais tem sido a regra, ainda que algumas pessoas consigam alguma ocupação de segunda categoria em empresas terceirizadas, onde os principais postos são ocupados por pessoas com melhor qualificação vindas de outras regiões do país, e mesmo do exterior.  

No século passado há notícias de iniciativas jornalísticas que dedicaram profissionais, recursos e tempo em produções sobre a região. A revista Realidade, o jornal Movimento e o Estadão são alguns deles.

Os custos e o tempo necessário para uma boa produção são considerados alguns dos limitadores sobre a má cobertura midiática sobre a (s) Amazônia (s), que compreende 61% do território nacional.   

Nesta semana o site paulista  Agência Pública, um espaço voltado para a defesa dos direitos humanos e o interesse público inaugurou uma séria de reportagens sobre a (s)  Amazônia (s) do Brasil.

A experiente profissional Marina Amaral , ex Folha e revista  Caros Amigos e o fotógrafo americano Jeremy Bigwood assinam uma série sobre a região de Carajás, que abriga a principal reserva de minério de ferro do mundo. O extrativismo mineral que colabora para a saúde do superávit primário do país, ao mesmo aprofunda a pobreza no Pará.

A série de reportagem durou pouco mais de cinco meses, entre a produção de pauta, trabalho de campo, checagem de dados, produção e edição de conteúdo multimídia. Algo considerado fora da realidade para a rotina dos principais meios de comunicação do país.   

Na série sobre Carajás, o grande interesse é conhecer as múltiplas realidades da cadeia produtiva dos minérios. A jornalista percorreu no mês julho e agosto vários municípios do Pará e Maranhão.  

No Pará esteve em Marabá, Canaã dos Carajás e Parauapebas. Conheceu de perto a realidade medieval do processo de produção de carvão vegetal, que alimenta as empresas de produção de ferro gusa do Pará (Marabá) e Maranhão (Açailândia), e dinamiza a cadeia do trabalho escravo.  

O conteúdo de qualidade emerge como excelente fonte de informação sobre um Brasil profundo, às vezes invisível mesmo em espaços considerado do campo democrático. O mesmo pode e deve ser usado em espaços escolares de diferentes níveis. E ainda sindicatos de classe, representantes do setor industrial e patronal local.

A agenda de desenvolvimento para a Amazônia, baseada no uso intensivo dos recursos naturais, mantém o Estado como o principal indutor e facilitador. A opção desenvolvimentista favorece grandes corporações e tende a internalizar ainda mais as realidades de expropriação e pobreza das populações locais. Na economia, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), emerge como o principal agente.  

Além de Carajás, a equipe da Pública percorreu a região do rio Madeira e do rio Tapajós. A partir do dia 03 de dezembro o  conteúdo sobre o Madeira estará disponível. Leia o conteúdo AQUI

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