Partidas
Cais
Torpor
Existem
cordas
Para
conter um
Mar
de ais?
A
partir da Rua da Viração, berço de Gullar, o Ferreira, enviarei a esquadra de aviões
produzidos de isopor para o Detrito Federal. Tudo para atazanar a posse. Na infância,
em São Luís, era comum metamorfosear as bandejas de isopor do supermercado
Lusitana [extinto] em aviões.
Você
podia simplesmente lançar ao vento, ou amarrar uma linha de costura subtraída do
kit familiar. As talas dos coqueiros faziam parte da arquitetura de papagaios e
curicas. As velhas Havaianas colaboravam na composição de carros, tratores e caminhões
e afins na condição de rodas. Havaianas inúmeras vezes otimizadas com pregos e
arames para incrementar a longevidade. O atrito ao chão promovia um barulhinho bom.
A
engenharia de lata tinha nas embalagens do óleo de Salada o outro componente. Naqueles
dias, qualquer pedaço de rua ganhava ares de arena sofisticada para peladas e
outras atividades: rouba bandeira, pica esconde, amarelinha, cai no poço, e
outras brincadeiras que a memória não alcança.
Nenhum
quintal escapava impune à sanha da tropa da rua e vizinhança. Era comum assaltar
os pés de manga rosa, cajá, goiabeira, carambola, etc. E tudo ficava mais lindo
quando a herdeira do pomar tomava banho descuidada. Era a visão do paraíso.
Naqueles
dias distantes a soma das meias da gurizada ganhava status de bola após o
catecismo [nunca conclui]. Uma fatia do Atlântico era a nossa piscina de luxo.
Ali, na frente da Praça Gonçalves Dias, após a fuga da Igreja dos Remédios.
Naqueles
dias, a pobreza era rica em inventividade. Nas noites de queda de energia,
havia mais luz. As estrelas alumiavam sagas sem fim.
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