CPT, MST e SDDH divulgam Nota Pública no marco dos 25 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, que em 17 de abril de 1996 vitimou 19 trabalhadores rurais Sem Terra. É o maior Massacre no Campo já registrado no Brasil. De acordo com o documento: “Infelizmente o Pará continua sendo o recordista de ameaças e assassinatos. Multiplicam-se diariamente as denúncias de ameaças e diversos tipos de violência, como pulverização aérea de agrotóxicos sobre assentamentos populares, exploração indevida do território, ameaças a lideranças, despejos ilegais. Leia mais AQUI
sábado, 17 de abril de 2021
25 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás - veja série especial no site do MST
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Postado por rogerio almeida às 4/17/2021 11:17:00 AM 0 comentários
Memória da Luta: há 12 anos era executado o dirigente sindical Raimundinho, em Tucuruí/PA
O nome de Raimundo Nonato do Carmo integrou uma lista de 260 pessoas ameaçadas de morte no Pará.
Ao centro o sindicalista de Tucuruí, Raimundinho, executado no dia 16 de abril de 2009. FOTO: arquivo do Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical e Popular (CEPASP).
Raimundo
Nonato do Carmo foi executado com sete tiros na noite de 16 de abril de 2009, às
vésperas da passagem de 13 anos do Massacre de Eldorado do Carajás, quando
somava apenas de 53 anos.
Raimundinho,
como era popularmente conhecido, dirigiu o Sindicato dos Trabalhadores e das
Trabalhadoras Rurais (STR) do município de Tucuruí, sudeste do Pará, O nome de
Nonato integrou uma lista de 260 pessoas ameaçadas de morte no estado.
Além
de atividades junto ao STTR, militou junto ao Movimento de Atingidos por
Barragens (MAB), fez parte da rede Fórum Carajás, entre outras articulações.
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Postado por rogerio almeida às 4/17/2021 11:03:00 AM 0 comentários
quinta-feira, 15 de abril de 2021
25 anos do Massacre de Eldorado
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Postado por rogerio almeida às 4/15/2021 05:04:00 PM 0 comentários
Cinema na Amazônia: 6ª versão do Cinefront começa hoje em plataforma digital
O FIA CINEFRONT é um evento composto por mostra e debates de obras cinematográficas que abordam a realidade amazônica e de outras regiões periféricas que sofrem as consequências dos processos de desenvolvimento pautados pela expansão capitalista. De caráter não competitivo, o festival consiste também em oportunidade de pautar as lutas sociais por direitos, igualdade, justiça e dignidade das populações das regiões periféricas do mundo. Além de obras selecionadas no presente regulamento, a programação principal do VI FIA CINEFRONT será composta por trabalhos convidados pela curadoria, levando em consideração sua relevância à temática e homenagens a serem realizadas. Veja a programação AQUI.
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Postado por rogerio almeida às 4/15/2021 07:22:00 AM 0 comentários
Violação dos Direitos Humanos no Brasil: Parlamento Europeu realiza audiência na manhã de hoje para ouvir defensores
Claudelice Santos, de Marabá é uma das participantes. A ativista teve o irmão, José Cláudio executado em 2011, junto com a esposa Maria do Espírito Santo na cidade de Nova Ipixuna, no sudeste do Pará.
A Delegação para as Relações com o Brasil do Parlamento Europeu recebe na manhã de hoje, 15 de abril, denúncias de defensores/as de direitos humanos do Brasil.
A
execução do sem terra ligado à Liga dos Camponeses Pobres, Fernando dos Santos
Araújo, principal testemunha sobre o Massacre de Pau D´arco, sudeste do Pará é
um dos casos.
A
ativista Claudelice Santos, de Marabá, irmã de José Claudio Santos, assassinado
com a espora Maria do Espirito Santo, na cidade de Nova Ipixuna em 2011participará
do evento.
Serviço:
Audiência no Parlamento Europeu de violação dos direitos humanos no Brasil.
Dia
15 de abril de 2021
Horário:
a partir das 8h45 (horário de Brasilia)
Acompanhe ao AQUI
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Postado por rogerio almeida às 4/15/2021 06:29:00 AM 0 comentários
sábado, 10 de abril de 2021
O programa de pós graduação do Instituto Ciência e Sociedade da UFOPA apresenta coleção em 3 volumes sobre o Baixo Amazonas
Série reflete sobre políticas públicas de desenvolvimento, diversidade sócio cultura, direito e situações de conflitos derivadas das políticas desenvolvimentistas
Aperreado
segue o tempo. Em um martelo agalopado, tocado por uma racionalidade ávida por
recursos, a atropelar as dinâmicas ancestrais das terras e rios das periferias
capitais. Lonjuras de espanhas e portugais de séculos atrás. Racionalidades coloniais calçadas em
violências: expropriação, saque e pilhagem.
Aligeirado
tempo, a erguer sistemas de objetos (obras de infraestrutura), barrar o rio, a edificar complexos
portuários, ferrovias, a derrubar e pilhar a floresta, os minérios, os bancos
de germoplasma, a tentar impor aos rios do lugar amazônico a agonia das bolsas
de valor. Valor de que?
É
azul ou verde a água do mais belo rio que corre em minha aldeia (Tapajós)? A feira é bela. Mercadão 2000. Ela espelha,
em certa medida, as dinâmicas locais. As frutas, a farinha, os legumes, a carne
e os peixes resultam do tempo do lugar.
As
embarcações de madeira carregam parte desta produção. Assentamentos rurais, terras
indígenas, territórios aquilombados, reservas extrativistas. Totalidade
contraditória. Amazonas, Tapajós a
correr em paralelo. Um a confrontar o outro. Assim como as dinâmicas da
racionalidade do “deus” mercado e o tempo sem pressa das dinâmicas dos beirais dos rios. Lonjuras de palácios, bolsas de valor e catedrais. Sabenças incompreendidas.
E
no meio de tudo, a universidade, com o seu tempo diferente de tudo. Necessita
tempo, instrumentos, diálogos, recursos, maturação na forja do conhecimento. Ainda mais no caso de uma criança, dez anos
apenas.
A
Universidade Federa do Oeste do Pará (UFOPA), a partir do seu Instituto de
Ciências da Sociedade (ICS), e o seu programa de pós graduação interdisciplinar,
nos honra com a coleção Diálogos Interdisciplinares na Amazônia, série em três
volumes que retrata parte destas complexidades acima descritas.
Um
volume trata das políticas de desenvolvimento e suas implicações, já outro
contempla sobre a diversidade social, com cotejamentos sobre aspectos sócio culturais,
enquanto o derradeiro reflete sobre direitos e suas situações de conflitos na encruza que coloca em situação antagônica os interesses do grande capital e as populações de cá. Acesse AQUI a coleção.
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Postado por rogerio almeida às 4/10/2021 10:08:00 AM 0 comentários
domingo, 4 de abril de 2021
Por uma política de manejo florestal de base comunitária no Pará: série de reportagens recupera saga de quase dez anos de luta
Há
09 anos comunidades tradicionais do estado do Pará empreendem uma luta para a
efetivação da Política Estadual de Manejo Florestal, Comunitário e Familiar
(PEMFCF). A jornada é realizada em parceria com ONGs e pesquisadores de
variadas formações.
Além
da defesa do território, a política almeja financiamento para ações que possam garantir além do uso racional dos recursos, a melhoria da qualidade de vida dos
moradores de projetos de assentamentos agroextrativistas, territórios
quilombolas e outras modalidades.
A série de três reportagens assinada por Rogerio Almeida e edição de Kátia Marko pode de ser acessada no site do Brasil de Fato do Rio Grande do Sul, onde o combate popular encurtou a distância entre o Sul e o Norte. Saravá!!!
Abaixo
os links com as matérias.
Primeira reportagem - o triste contexto de desmatamento e violência no Pará
Segunda reportagem - A peleja pela efetivação da PEMFCF
Terceira reportagem - afinal de contas, o que é o manejo florestal de base comunitária?
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Postado por rogerio almeida às 4/04/2021 07:06:00 PM 0 comentários
quarta-feira, 31 de março de 2021
Golpe militar, o imperialismo e a Amazônia
As Brigadas Populares de Marabá analisam parte das consequências do golpe para a Amazônia.
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Postado por rogerio almeida às 3/31/2021 08:13:00 AM 0 comentários
terça-feira, 30 de março de 2021
50 anos do Decreto 1.164, que federalizou as terras amazônicas
O Decreto é avaliado como amparo jurídico de grilagem de terras na região
Em
1964, no dia dedicado à mentira, os milicos impuseram à sociedade nacional duas
décadas de obscurantismo. No mesmo dia, só que em1971, sob os auspícios dos
princípios da Doutrina de Segurança Nacional, Médici, o ditador considerado o
mais violento do regime, resolveu federalizar a maior parte das terras
amazônicas, e instituiu o Decreto de Lei de nº 1.164.
A
medida endossada entre outros por Delfim Neto e Mario Andreazza decidiu pelo
controle de 100 quilômetros das margens das rodovias construídas e outras
projetadas. Muitas das estradas projetadas nunca saíram dos croquis das
pranchetas dos generais.
A
toada autoritária de 1971 segue os mesmos passos da medida dos tempos imperiais,
a Lei de Terras, de 1850, que colocou para o escanteio a possibilidade de
acesso à terra dos setores mais marginalizados da sociedade, a exemplo da
população negra.
Ambas
normativas seguem a mesma trilha, favorecer a grilagem de terras. Ambas
aprofundam as raízes da nossa condição colonial, raízes marcadas para além da
concentração da terra, pela expropriação e violência das populações locais, bem
como pelo saque e pilhagem das riquezas.
Bancos,
a exemplo do Bradesco, Bamerindus, Econômico, empresas sem nenhuma relação com
a terra e o mundo rural, tal a Volkswagen, multimilionários, como é o caso de
Daniel Ludwig, que instalou o projeto Jari, na fronteira do Pará com o Amapá,
constam no extenso rol de beneficiários. Além de várias oligarquias rurais dos
estados do Sul e Sudeste. Para melhor entender o assunto vale a pena conhecer a tese do professor Ariton Pereira.
No
caso do Projeto Jari, o território que ainda hoje enfrenta situações de
conflitos entre o Grupo Orsa, - atual controlador do empreendimento -, e
comunidades tradicionais, a exemplo de tensões ocorridas na Comunidade de Pilões. A Amazônia, brasileira ou não, representa um tabuleiro de conflitos.
Situações agudizadas pelo projeto IIRSA (Iniciativa de Integração de
Infraestrutura Sulamericana).
A
decisão dos milicos em priorizar as rodovias ao invés dos rios representa um
divisor de águas – de forma literal – nos processos de colonização e
apropriação de terras públicas na região. Como reflete, entre outros, Carlos
Walter Porto-Gonçalves, até a instalação da ditadura civil-militar, a dinâmica
era regida pela racionalidade dos rios-floreta-terra firme.
A
medida imposta por Médici estabelece a lógica das rodovias-terra firme e
subsolo. É no subsolo o palco de disputas ferrenhas entre as grandes
corporações minerais. E, mesmo as clandestinas. Na mesma balada de grandes
projetos para a inclusão subordinada da Amazônia ao resto do país e da economia
mundo, os militares priorizam a construção de hidroelétricas.
E, assim,
ergue-se no rio Tocantins a maior usina genuinamente nacional, a hidroelétrica
de Tucuruí. A obra representa um emblema
de corrupção que fez a fortuna dos donos da empresa Camargo Corrêa. Lúcio
Flávio Pinto conta que tantos foram os termos aditivos, que a obra que deveria
ter custado 2,1 bilhões de dólares, ao fim e ao cabo a conta ultrapassou a casa
de US$ 10 bilhões.
A energia serviu/e
para abastecer as empresas da cadeia do alumínio no Pará (Albras e Alunorte),
Alcoa no Maranhão. Energia subsidiada pela sociedade nacional. Em outras
palavras, a gente paga a conta. Energia
e água constam como os principais insumos da indústria.
A usina que fez
a fortuna da família Corrêa foi a desgraça das populações à jusante e à
montante, entre elas os povos parakanã e assurini e inúmeras famílias
campesinas, que além de expropriadas perderam o acesso à floresta e à
pesca. Ainda hoje os atingidos pelejam
por reparações. Os megas projetos banharam em sangue de camponeses e seus
apoiadores as terras amazônicas. Em particular na quadra dos anos de 1980 as
terras do Pará.
Delfim
Neto, conselheiro de Lula, um dos entusiastas dos projetos, quase cinco décadas
após o início da construção de Tucuruí, o mesmo economista insuflou a
construção de Belo Monte, e faturou o dele. A mesma história tantas vezes
lida.
Sobre a lida desenvolvimentista de Neto, orgulhosamente a Faculdade de Economia e Administração da USP recebe os alunos e visitantes com um banner logo em sua entrada como uma frase do estrategista dos militares, onde temos:
Linhas
gerais, desde os anos ditatoriais, sucessivos governos não destoam dos planos
desenvolvimentistas baseado em grandes obras para a Amazônia. Para tanto, é só
baixar e ler o Projeto Arco Norte.
Sobre
grilagens de terras, artigo do professor da Universidade Federal do Amazonas
(Ufam), Tiago Maiká Müller, na obra recém lançada A Grilagem de Terras naFormação Territorial do Brasil, organizada pelo professor Ariovaldo Umbelino,
esclarece que ao mesmo tempo em que favorece a grilagem de terras, operou em
aliviar as tensões do campo em outras regiões do Brasil. Ao analisar os desdobramentos do Decreto
1,164 em terras no estado do Amazonas, Muller alerta que o recurso jurídico
desterritorializou indígenas da terra firme e das matas de igapó.
Sobre as rodovias
no Amazonas, o professor elenca:
No
Amazonas, o decreto-lei de federalização atingiu as margens das seguintes
rodovias: BR-230 ou Transamazônica no trecho entre as cidades de Itaituba (PA)
e Humaitá, construída na década de 1970; BR-317 nos trechos entre as cidades de
Rio Branco (AC), Boca do Acre e Lábrea, tendo sido construído somente o
primeiro trecho; BR-406 no trecho entre Lábrea e Humaitá, que foi construída,
mas passou a fazer parte da Transamazônica; BR-319 nos trechos entre as cidades
de Porto Velho (RO), Humaitá e Manaus, construída na década de 1970; BR-174 nos
trechos entre Manaus e Caracaraí (RR), trecho concluído ainda na década de
1970; BR-080 nos trechos entre as cidades de Jacareacanga (PA) e Manaus até a
fronteira com a Colômbia (em São Gabriel da Cachoeira), que nunca foi
construída; BR-307 entre Cruzeiro do Sul (AC), Benjamim Constant e o rio Içana
(em São Gabriel da Cachoeira), que teve apenas um trecho construído no
Município de São Gabriel da Cachoeira ainda na década de 1970; BR-210 ou
Perimetral Norte entre Caracaraí (RR) e o rio Içana (em São Gabriel da
Cachoeira) até Mitu (na Colômbia), que não teve nenhum trecho construído no
estado do Amazonas.
Inúmeros quartéis do Exército ponteiam rodovias, as cercas das terras griladas configuram a paisagem, bem como cidades que celebram o período militar, a exemplo de Medicilândia, Novo Progresso e Brasil Novo no estado do Pará, e Presidente Figueiredo, no Amazonas representam alguns dos emblemas do período.
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Postado por rogerio almeida às 3/30/2021 08:06:00 AM 0 comentários
sábado, 20 de março de 2021
Em solidariedade à professora Lariissa Bombardi/USP, repliquemos o trabalho sobre agrotóxico por ela produzido
Por conta da pesquisa empreendida, a professora sofre perseguição e ameaças dos setores mais conservadores do país.
Trata-se de um levantamento de dados exaustivo e sem precedentes sobre o consumo de agrotóxicos no Brasil (todos com fontes oficiais) e faz um paralelo com o que acontece na União Européia. Conta com uma introdução sintetizando o trabalho de pós-doutoramento da professora e, a partir da página 67, são mais de 200 páginas com infográficos que esmiuçam, quantificam e facilitam a compreensão do tamanho do problema. Baixe o doc AQUI
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Postado por rogerio almeida às 3/20/2021 07:33:00 AM 0 comentários
terça-feira, 16 de março de 2021
MAB; 30 anos de lutas
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Postado por rogerio almeida às 3/16/2021 07:16:00 PM 0 comentários
terça-feira, 9 de março de 2021
Grandes projetos e Covid ameaçam sobrevivência de quilombolas no Pará, alerta site Mongabay
Elias Silva, um morador antigo da comunidade de Nossa Senhora das Graças de Jambuaçu, relata a ameaça representada por uma grande empresa que produz e beneficia dendê para a produção de óleo de palma, nas fronteiras do território, a Marborges Agroindústria S.A. Com forte presença no estado do Pará, a operação multimilionária do agronegócio possui quase 7 mil hectares de plantação de dendê, e outros 10 mil hectares para o restante de suas operações. O cultivo industrial dos dendezais é conhecido por seu potencial de desmatamento, mas seu papel na poluição da água também foi destacado nos últimos anos em todo o mundo. Segundo João Santos Nahum e Cleison Bastos dos Santos, autores do estudo “Impactos Socioambientais da Dendeicultura em Comunidades Tradicionais na Amazônia Paraense”, a produção industrial de óleo de palma faz uso intensivo de produtos químicos como fertilizantes, herbicidas, raticidas e inseticidas para o controle das pragas; com a localização das plantações próximas a rios e igarapés, há o alto potencial de contaminação dos corpos hídricos por esses produtos químicos. Leia a íntegra no site Mongabay
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Postado por rogerio almeida às 3/09/2021 08:55:00 AM 0 comentários
sábado, 6 de março de 2021
Tapajós de Fato: coletivo de jovens comunicadores cria site para narrar as sagas de suas gentes
O avanço do grande capital sobre os territórios ancestrais é um dos motivos para a criação do canal de comunicação popular.
O rio encanta. Arapiuns, Jamanxim,
Crepori, Juruena, Arapiuns, Curucu, rio das Tropas, Maicá, Tapajós, Amazonas, onde,
a depender do local de partida, leva mais de dia para se alcançar o local de
destino, e a imposição em experimentar variadas modalidades de transporte. Por cá, o rio é mar. O rio é a rua do meu lugar.
Igarapés, furos, paranás,
rios e gentes que poucos que pleiteiam a instalação de grandes projetos
conhecem. Não sabem do que existe para além dos rios, das florestas que os
comprimem, dos peixes e outros bichos que lhe conferem vida. Ignoram os
encantados, as magias, bem como a dinâmica do ciclo da lua, que guia o plantar
e o pescar das gentes de cá desta margem do mundo.
E, se conhecem, demonstram-se
indiferentes. Relatos e mais relatos a perder de vista aos montes seguem a mesma trilha, a invisibilidade ou a desqualificação. Relatos de religiosos,
saqueadores, viajantes, naturalistas e escritores.
Nos dias de hoje, realidades
estas marcadas pela pressão do grande capital, que coloca em xeque a
sobrevivências dessas gentes de saberes milenares. “É mais belo o rio que corre na minha aldeia.
É mais livre e maior o rio da minha aldeia”, fraseia Pessoa. Balsas e navios de soja não sabem da ternura e vida do rio da minha aldeia.
Em corrente inversa aos
estranhos que pretendem a posse das terras ancestrais, três jovens filhos
destes rios e destas gentes indígenas, campesinas e quilombolas abriram uma
janela para o mundo sobre suas realidades. E, decidiram em cantar a (s) sua (s)
aldeia (s) a partir de um site de
jornalismo, batizado de Tapajós de Fato.
A janela que se abriu no
ano passado, tem como linhas de frente o artista, devoto do samba, Clara de
Nunes e do candomblé, o publicitário Marcos Wesley. O comunicador foi embalado em sua infância pelas
pelejas sindicais da sua família na cidade de Belterra, vizinhança de Santarém,
a cidade polo do oeste paraense.
Ele explica que o avanço da fronteira do grande capital sobre a região o inquietou, e junto com outros amigos resolveram em criar o canal de comunicação. Wesley integra inúmeros coletivos da região, e já assessorou o Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais (STTR) de Santarém. Em uma prosa ligeira manifestou interesse em incrementar os seus conhecimentos com uma pós graduação em que possa refletir sobre os territórios comunais da região.
A produção dos podcast do
canal Tapajós de Fato é de responsabilidade de Isabelle Maciel. As mulheres
arretadas da família servem de farol para a apresentadora do programa Voz para
Todas na rádio Geração FM, da cidade de Mojuí dos Campos. A cidade, assim como Santarém
e Belterra, experimenta a reconfiguração do seu território por conta do avanço
do monocultivo da soja. A emancipação
feminina é a pauta preferida da jornalista.
Gabriel Siqueira é o
terceiro combatente da comunicação popular do site. O estudante de jornalismo,
como os demais, além de integrar coletivos de comunicação, faz parte de fronts
de resistência como o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), e do
Tapajós Vivo.
Em comum, além da idade, 23 anos apenas, os jovens destoam da maioria das pessoas da sua geração. Cá, o trio mobiliza o coletivo de comunicação e empenha esforços em correr o trecho da região, em conhecer e narrar as lutas das suas gentes, e em interpretar as ameaças que nublam a vida dos rios em que foi criado e vive. Rios, ora, ameaçados de todas as formas pelo avanço do grande capital. Rios, suas gentes, fortunas e encantados.
Tal experiências pretéritas, a exemplo do boletim do STTR de Santarém, Lamparina, o jornal dos movimentos populares do sudeste do Pará, o Grito da PA 150, o Jornal Resistência produzido em Belém, o Varadouro do Acre, e tantos outros, o site Tapajós de Fato tem a possibilidade de espelhar as principais pelejas das gentes ancestrais das terras, florestas e rios das bandas do Baixo Amazonas.
A exemplo da cobertura sobre o transbordamento da bacia de rejeitos da mineração Alcoa, em Juruti. Corre, espia AQUI.
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Postado por rogerio almeida às 3/06/2021 09:00:00 AM 0 comentários
quarta-feira, 3 de março de 2021
Fórum Pan-Amazônico: segmentos reivindicam Belém como sede em 2022
Organizações do campo democrático defendem como estratégico a sede em Belém por conta da gestão municipal atual, e pelo papel de resistência histórica que a cidade exerce na região
Em 2022 realizaremos o X
FOSPA e defendemos como sede do evento a cidade de Belém do Pará. O governo de
extrema-direita do Brasil, sustentado em forças conservadoras, reacionárias,
fundamentalistas e neofascistas, persegue, violenta e criminaliza os movimentos
sociais e os povos amazônicos. O governo de Jair Bolsonaro não é uma ameaça
somente para o Brasil; é claramente uma ameaça para a Pan-Amazônia e para o
mundo.
Isso nos leva a ponderar que a Amazônia brasileira é o território mais indicado para sediar o X FOSPA e, entre as cidades amazônicas, a que reúne todas as condições para ser a sede de um evento de tamanha magnitude é Belém do Pará, que vive um momento histórico que possibilitará o fortalecimento das lutas dos povos da Pan-Amazônia, além de ser uma cidade que anima, inspira e mobiliza a participação e a solidariedade de um grande número de organizações e movimentos sociais da Pan-Amazônia.
Leia a carta "EM
DEFESA DA PAN-AMAZÔNIA E DE SEUS POVOS: PELA REALIZAÇÃO DO X FÓRUM SOCIAL
PAN-AMAZÔNICO EM BELÉM, PARÁ, BRASIL (2022)", as razões pelas quais
postulamos Belém como sede do X FOSPA e manifeste o apoio de sua organização,
movimento ou entidade.
As manifestações de apoio
podem ocorrer de duas formas: a) preencha rápida e facilmente este pequeno formulário https://forms.gle/DdgMGyhydDHkhXQD6;
b) ou envie um e-mail, em nome de sua organização,
para fospabelem2022@gmail.com.
Link para a carta
completa:
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Postado por rogerio almeida às 3/03/2021 07:19:00 AM 0 comentários
domingo, 21 de fevereiro de 2021
Tudo escuro ao redor
6h da manhã. Tudo escuro
ao redor. Mangas no chão do caminho até a padaria. Pão doce para Docinho. Na copa
das mangueiras garças aninhadas. Lembra véu de noiva. Sobre o asfalto o branco
de fezes das aves impera. No meio fio o esgoto corre para o rio. Cachorros latem
ao longe. Mio de gatos em cio. Telhados. Nada de eira, nem beira. Matos em
telhas.
A cidade acaba de sair da
bandeira preta da pandemia. Soma perto de 600 mortos. Famílias em luto. Governo
de antas. Uns bostas. Incertezas. Avizinha-se de Manaus a cidade
Orvalho nos meus olhos. Na
parte superior de prédio ecoa um som alto dos tempos da discoteca. Ruas vazias.
Um segurança atravessa a larga avenida sem pressa. Segue de bicicleta rumo ao
trabalho.
Feira da Candilha. Tudo quieto.
Silêncio quebrado pelas sirenes de ambulâncias e das viaturas de polícia. O som
potente de um carro explode como se bomba fosse. Sertanejo. Uma praga daninha. Danosa.
Ao redor, hospitais, laboratórios e delegacia de polícia. Vargas com Silvino
Pinto. Encruza. Ah, tem o comércio do senhor Alves e pés de cabaça. Alves vende
de tudo, de pão a parafuso.
Espio os postes. Monte de
fios em nós. Estranha rede. O advento da fibra ótica transformou as estruturas.
Soa como uma intervenção artística. Aquelas que a gente não entende nada. O sentido
da coisa. Tudo entrelaçado. Lembra o cu
do diabo ou da gia, diria Mainha.
Frestas de luz no céu da
cidade. Passa um pouco das 6h. Caminho sem pressa. O asfalto além de mangas
caídas e fezes de garça, guarda os sinais da chuva da madrugada. Uma serenata.
Bom para dormir. A chuva da madrugada abole o uso do ventilador. A chuva da
madrugada acalenta a alma.
Domingo. A chuva agiganta a preguiça. Espio Ouricuri, documentário sobre João Vale. Comovido.
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Postado por rogerio almeida às 2/21/2021 09:32:00 AM 0 comentários
segunda-feira, 18 de janeiro de 2021
Torto Arado - obra desnuda um Brasil colonial
Mulheres são a linha de frente da narrativa sobre o Brasil rural
Caetano
já advogava: “Terra para o pé, firmeza. Terra para a mão, carícia”. O apego à
terra, os laços de solidariedade em meio a aridez do clima, da vida e das
diferentes formas de violências, a fé no que virá, a labuta extenuante sob o sol
inclemente, - quase em condição de escravidão -, o patriarcado, o poder do
coronel, a grilagem de terra, a luta sindical e o mundo dos encantados são
alguns dos elementos que integram a rotina da fazenda Água Negra, no sertão da
Bahia, onde é ambientado o romance de verve sociológica Torto Arado, obra com
as digitais do geógrafo baiano de traços afro indígena, Itamar Vieira Jr. Lançado pela Editora Todavia em 2018, celebrado
no exterior e no Brasil, encontra-se em sua 5ª reimpressão e coleciona algumas
comendas, entre elas, o Jabuti.
O
livro é um rio caudaloso de mulheres fortes. Bebiana, Belonisia, Miúda, Maria
Cabocla, Donana, Salu, Firmina, Domingas, Zezé, Lourdes e Maria Pesqueira estão
entre elas. A romaria de bravas mulheres
está na linha de frente da condução das famílias com rebentos a perder de
vista.
A
fieira de barrigudinhos desponta como mão de obra necessária para a geração de
riqueza para o patrão. Muita gente para pouco chão, numa relação contraditória
entre resignação e indignação, entrecortada por elementos religiosos e místicos
da cosmologia de matriz africana. A própria terra ressoa como mulher. Aquela
que amamenta os famintos com o que é possível dela colher.
Em
Água Negra, a gente é preta, em sua maioria, desprovida de letra. É gente filho
dos filhos de África, gente colocada em situação de subordinação, mas, que se
aquilomba em oposição à ética do patrão, à terra grilada, à humilhação.
Mas,
que tomba, de pobreza, de fome, de febre e de bala, como o personagem Severo,
executado a mando do ‘dono” da terra por pregar a insurreição na comunidade. O
direito à casa digna, o direito à terra do povo preto, o direito ao salário.
A
obra desnuda as raízes mais profundas sobre os elementos que conformaram/conformam
as estruturas de poder do país, este centrado na concentração da terra, está
cultivado a partir do braço escravo de negros e outros seres não negros, o
poder de oligarquias, a abusar de toda ordem de violências, onde consta o veto
à edificação de uma casa de alvenaria, a produção de meia (metade para a família
camponesa, metade para o patrão), o trabalhar até definhar.....
Ao
mesmo tempo o livro alumeia sobre a sabença popular, sobre o mundo dos encantados,
das lições dos mais velhos, a exemplo que é na lua crescente o momento mais adequado
para o cultivar a terra. Zeca Chapéu Grande, dirigente religioso, sabedor da
cultura das ervas faz ecoar estes saberes. É o cavalo dos encantados. A narrativa
preza pelo vocabulário local na medida certa.
Às
margens do rio Utinga, onde a pobreza desfila com desenvoltura, os sabugos do
milhos servem de bonecas para as meninas. Terra árida. Quem é das andanças pelos
mundos rurais do país, chora.
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Postado por rogerio almeida às 1/18/2021 07:06:00 AM 0 comentários
sexta-feira, 25 de dezembro de 2020
Pandêmico natal: nada de Roberto Carlos ou carnaval...
Seis horas para cozer o
peru é a estimativa otimista em forno de fogão normal. Em um possante levaria
umas três. A criatura tem perto de cinco quilos. Tudo somente para uma pessoa.
O cônjuge de Guzzi puxou Minas Gerais para ver a família. O trecho São Paulo
Minas Gerais em dias de festa demanda mais tempo que o normal.
Assim como o cozimento do
peru em forno vulgar doméstico, tudo pode acontecer em dias de festa nas
rodovias. Em casa, o gás acabar; na rodovia, uma carreta de combustível capotar,
pegar fogo e bloquear a via nos dois sentidos.
“Patos de MG” anda
saudoso da família. Pai e manos. Gente de festa farta, bebidas e rango. Ozzi e Frida farão companhia à Guzzi na ceia.
São felinos. Traquinos. Derrubam árvores de natal e TVs.
Ozzi anda viciado em
tomate. É um gato negro. Assalta a geladeira e mocoza os frutos em seu local de
dormir. Estranho vício. Frida, acizentada, é bruta. É gata de rua. Adotada nas
Gerais puxou São Paulo.
Tempos de pandemia. Terminais
rodoviários e aeroportos entupidos de gente como se não existisse amanhã em um
país sem governo. “Patos” sairá direto do trampo para a rodoviária. O embarque
será antes da meia noite do dia 23.
A viagem até Congonhas
deve durar umas dez horas, caso tudo se desenrole sem problemas. A cidade
abriga esculturas em pedra sabão do mestre Aleijadinho. A praça das esculturas
é um sabão. Fácil de cair. Queda em cada estação.
Natal pandêmico. Famílias
separadas. O melhor presente nos últimos anos. Nada de treta em ceia. Cada macaco
no seu galho. Sobram as ligações cordiais. Mainha, agoniada, talvez com o intento
em ficar quieta, ligou às 18h.
Manifesta um banzo por
conta da perda da prima-irmã Socorro, que partiu há três meses acometida por
Covid. Calhou da data da passagem ser o dia 24. Missa de três meses de partida.
Nada de ceia. Despeja umas mágoas. Fim de papo. É hora de retomar a breja. As costelas
de porco estão no forno. O molho arde no fogão. Tem um nome esquisito.
Docinho (Thulla Esteves)
troca mensagens sobre o assamento do Peru com a Guzzi. Em seguida parte para a
ligação para os parentes distantes. Mary é a primeira. Ela foi quem acolheu a Guzzi quando aportou em São Paulo. Mary
é esposa do tio de Docinho. Afetividades
daqui. Doçuras de lá.
A bola agora é com o tio.
Odontólogo aposentado desde sempre devotado à pinga. Prestes a somar 80
primaveras anuncia em tiro curto diagnostico de cirrose. Parece levar tudo na
esportiva. Em seguida conta que já tomou a dose do dia. “Fazer o que, já tenho os dias contados”,
ironiza.
Arritmia, diabetes, hipotireoidismo,
hipertensão, cirrose, ansiedade, TOC. O pulso ainda pulsa. “ Égua da genética.
PQP”, dispara o tio. A pauta descamba para saúde. O tio acredita da sabença do
vírus. Deve tá pensando nas mutações do mesmo. “Nunca mais seremos os mesmos”,
acredita.
Pandêmico natal. Nada de
carnaval ou show de Roberto Carlos. Na rodoviária, “Patos” dorme no busão.
Acorda às 5h pensando em BH. Nem imagina que ainda tá em São Paulo. Uma carreta
de combustível tombou, incendiou e tomou as duas pistas. Então, é natal...
“Patos” ficou mais de
cinco horas no busão por conta do acidente com a carreta. Rodovia desobstruída, o pneu fura. Não tá
fácil. O bravo mineiro aporta em sua terra natal quase vinte e quatro horas após o
seu embarque em viagem que duraria umas dez horas.
Após mais de seis horas o
peru assa. Farofa de banana para o acompanhamento. As costelas do suíno
arriscam queimar após duas horas. Tudo deu certo. Tudo saboroso. Arroz e purê para
as costelas. Brejas, brejas e mais brejas...risos sobre as prosas..chamegos..
Comemos para além do necessário.
Sono. A mangueira do vizinho eclipsa a lua em quarto crescente. Porta aberta em
solitário corredor acometido por vento forte que emana do rio Tapajós.
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Postado por rogerio almeida às 12/25/2020 10:29:00 AM 0 comentários
quinta-feira, 24 de dezembro de 2020
Mineração na Amazônia: livro analisa a mineração a partir do olhar da mulher
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Postado por rogerio almeida às 12/24/2020 10:06:00 AM 0 comentários
Ferrogrão - pesquisa da UFMG alerta para a expropriação que o projeto provocará
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Postado por rogerio almeida às 12/24/2020 09:59:00 AM 0 comentários
O esporão de arraia no pé de Arigó é o calcanhar de Aquiles da nossa terra?
Faz dois meses que Arigó luta
com uma ferida no pé esquerdo, na altura do tornozelo. Esporão de arraia o
feriu ao afrontar o rio Tapajós. Em tempo de seca do rio é necessário cuidado. É
comum as arraias nas beiras.
Os antigos ensinam que é
necessário zelo no caminhar, e, é aconselhado arrastar os pés nos beirais dos
rios. Desta forma, ao se deparar com o animal, ele segue em fuga e não ataca o
estranho visitante de sua morada. A tática reside em não pisar o bicho.
A dor é insuportável, contam
os agraciados com o esporão. Falam que dura mais de 24h. Arigó lembra que um
colega faz um mês que não consegue se locomover. Pelo fato do amigo não poder
se deslocar, o cabra sente-se feliz em poder andar, mas, tá aperreado com a
demora na cura da ferida.
O machucado resulta de
uma pescaria em praia de Belterra, no Baixo Amazonas. O negro atarracado, de
uns sessenta verões é uma espécie de “faz-tudo” de um prédio recém erguido nas
proximidades do Mercadão 2000, em Santarém.
Arigó acompanhou um estranho
em praia de Belterra, quebrada que ele, apesar de nativo, filho de um cearense
com uma caboca do Pará, desconhecia.
Em Belterra, lá no comezinho
do século passado, o multimilionário Ford intentou o monocultivo de
seringueira. Neste período abundava a migração de nordestinos para a Amazônia.
Processo animado pelo governo Vargas.
Ainda hoje é possível
notar resquícios do monocultivo e do maquinário da época. E muita gente a
lembrar a história. Prosa para muitas garrafas de café.
No prédio do patrão Arigó
faz tudo. Mostra os apartamentos vazios a pretensos futuros inquilinos. São
quatro andares. Tudo sem elevador. O homem
zela pela limpeza, carrega pacotes e malas de moradores/as.
No dia em que fomos conhecer
um apartamento de vista para o rio, uma senhora parecia se deslocar em férias
rumo às praias da região. A senhora
branca, portadora de vitiligo, trajava bermuda, chapéu para se proteger de um sol
inclemente e óculos escuros.
O negro a ajudou na
empreita em descer as malas e sacolas até o portão. No calor do momento não
havia reparado para a distinção de classe. Ao papel em condição de
subalternização do senhor.
Somente depois, ao
retomar a leitura do premiado livro Torto Arado, do geógrafo baiano Itamar
Vieira Junior, bem como as lembranças de obras de Dalcídio Jurandir, a situação
clareou.
Soma-se ao quadro, o episódio
ocorrido em Minas Gerais, aquele em que um professor manteve por longos anos
uma senhora negra em condição análoga à escravidão. Recordei ainda casos de trabalho escravidão na
cadeia da produção do açaí no Marajó e em fazendas e carvoarias do sul e
sudeste do Pará.
Não sei exatamente ser
esse o caso de Arigó. Ele porta boné, chinelos, camisa e bermudas simples. Tudo
desprovido de grife. Tudo adquirido ali mesmo pelos arredores do Mercadão. Tem
a fala mansa e pausada. Faz as coisas sem a agonia das horas dos grandes
centros. Tem a pressa do balanço das redes ribeirinhas, do navegar de antigas
embarcações da região.
Arigó é uma demonização pejorativa
dada aos migrantes nordestinos por estas paragens, em particular o cearense. O termo
invoca pouca sabença, leseira, matutice, bocó, etc.
Ao contrário do termo
desqualificador, na orla da cidade, eles hegemonizam o comercio de varejo. Aquele
que vende de tudo: tralha de pesca, panos, roupas, redes, eletrônicos importados
da China. E, alguns, militam ainda na agiotagem. A pratica por aqui mata. Mata quem deve, e
também o “emprestador”. Por estas paragens morre o bravo, morre o manso.
Na cidade os arigós são
respeitados pelo apego ao trabalho. Sempre abrem os comércios independentes de
feriados pátrios ou religiosos. Mesmo agora, quando do nascimento do filho do
Deus, ou do primeiro dia do ano.
Assim como o restante da
cidade, a orla passa por profundas modificações. A cidade se verticaliza a
olhos vistos. A especulação imobiliária desfila com a desenvoltura de um
rinoceronte.
E, em terra de arraias,
botos e cuias, até delegado grila e especula, favorece garimpo, e prende quem da
floresta intenta cuidar.
Ao largo do rio, o barco
segue....Amazonas....Tapajós...Arapiuns....
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Postado por rogerio almeida às 12/24/2020 09:52:00 AM 0 comentários