quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Marco Temporal: o Congresso mais reacionário da história da República vota contra os povos indígenas

Aprovando a PEC do Marco Temporal, o Congresso atinge os povos indígenas, negando direitos originários e normalizando uma violência histórica. Foto: Ludmila Pereira
 

A Comissão Pastoral da Terra manifesta profunda indignação à aprovação, em dois turnos, da PEC do Marco Temporal pelo Senado Federal. Em pleno ano da COP-30, quando o Brasil se apresenta ao mundo uma imagem de responsabilidade ecológica e respeito aos povos da floresta, o Senado escolhe caminhar na direção contrária ao compromisso com a Constituição, com a Casa Comum e acordos internacionais como a Convenção 169 da OIT. Ao aprovar essa PEC, o Congresso atinge de forma cruel os povos indígenas, negando seus direitos originários e tentando transformar em regra constitucional uma violência histórica que já foi reconhecida como inconstitucional pelo STF.  Leia a íntegra da nota da CPT Aqui

MST ocupa maior latifúndio improdutivo no sudeste do Pará



Na manhã desta terça-feira, 09/12, o Acampamento Terra e Liberdade, localizado no sudeste do Pará, ocupa o maior latifúndio da região: o Retiro Bom Jesus, dentro do complexo Santa Maria, em Curionópolis. A ocupação é realizada no dia em que completam 2 anos da tragédia que vitimou nove trabalhadores e trabalhadoras rurais com descarga elétrica e incêndio, durante a instalação de um serviço de internet. Leia a íntegra no site da CPT

terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Festival de Cinema do Caeté: Francisco Weyl faz uma reflexão crítica sobre o evento

Ao contrário dos festivais tradicionais, o do Caeté transcorre durante todo o ano

A relação entre o FICCA – Festival Internacional de Cinema do Caeté – e a Mostra Internacional de Cinema Negro (MICINE) não se sustenta em homenagens protocolares ou aproximações circunstanciais. O que une os dois projetos é uma orientação intelectual compartilhada: compreender o cinema como prática crítica, como forma de organização do pensamento político e como ferramenta de resistência estética diante das estruturas que historicamente tentam controlar os modos de ver e narrar o Brasil. Leia a íntegra AQUI

domingo, 7 de dezembro de 2025

Ditadura empresarial militar: general ameaça professor da UFRJ por posição crítica ao regime

Historiador e professor titular da UFRJ, Francisco Carlos Teixeira publicou uma nota em que denuncia intimações judiciais por parte de um general da reserva e ameaças anônimas contra sua vida e integridade física recebidas após criticar figuras da extrema direita.

Ele foi acionado na Justiça pelo general da reserva Álvaro Pinheiro, que acusa Teixeira de calúnia, difamação e falsificação da história. O trabalho do pesquisador é abertamente crítico ao regime militar. O general pede indenização e cassação dos títulos acadêmicos do professor. "Volto ao combate certo de que escreverei mais livros e artigos sobre tempos tão sombrios. Nada me deterá ou me amedrontará", diz o docente em nota publicada na última quarta-feira (3).
Francisco Carlos Teixeira será mediador num dos debates promovidos pela ADUFRJ com o historiador norteamericano Omer Bartov, professor da Brown University. Os encontros tratarão justamente das ameaças da extrema direita para o mundo e para as universidades. Os eventos acontecem nos dias 9 e 10 de dezembro.
Veja a íntegra da nota publicada pelo professor Francisco Carlos Teixeira:
"Rio de Janeiro, 03/12/2025
Um passado que não passa…
Conforme a famosa frase do historiador alemão Ernst Nolte, vivo hoje um triste reviver de tempos que imaginava superados. Hoje fui intimado por um oficial de justiça em um processo no qual sou acusado de calúnia, difamação e falsificação da História (sic!!!) pelo conhecido general Álvaro Pinheiro, que exige indenização e a cassação de meus títulos universitários. Desde algumas semanas, venho também recebendo grosseiras ameaças contra minha vida e minha integridade física, de origens desconhecidas. Agora, meu trabalho livre de cinco décadas como historiador está sob risco de ser silenciado por meio de ameaças e lawfare.
O fato de a transição democrática brasileira ter sido estranha ao conceito de justiça de transição permite, pela terceira vez, que eu e meu trabalho sejamos colocados sob risco de mordaça. Trata-se de um caso único, em uma democracia moderna, de um historiador ser ameaçado por um membro ativo de um regime ditatorial já encerrado.
Aos 71 anos de idade, tenho, entretanto, a mesma força dos 18 ou 19 anos, quando lutei, com milhares de outros brasileiros, pela democracia e pela liberdade do Brasil. Mais que julgar um professor, prometo àqueles que querem calar a História que tal processo será levado adiante como um processo daqueles anos sombrios. Tais ameaças antidemocráticas serão transformadas, de uma ameaça pessoal, em um julgamento da própria ditadura e de seus agentes.
Os anos que passei no Ministério da Defesa e em suas organizações militares — onde fiz verdadeiros amigos — servirão de base para expor um mundo sobre o qual ainda não se fez luz. Estou velho e cansado e, no entanto, com o coração batendo forte do lado certo do peito, orgulhoso de ter lutado o bom combate, o que meus acusadores, com certeza, não podem dizer de suas carreiras. Volto ao combate certo de que escreverei mais livros e artigos sobre tempos tão sombrios. Nada me deterá ou me amedrontará.
Sou historiador da mesma matéria, talvez de menor gênio, que Marc Bloch. Historiadores, como elefantes, não esquecem e não se amedrontam.
Francisco Carlos Teixeira da Silva
Professor Titular de História Moderna e Contemporânea / UFRJ
Professor Emérito de Teoria da Guerra / Eceme / Exército Brasileiro
Doutor Honoris Causa — UFS.

Fonte: redes sociais da Adurj