sexta-feira, 18 de agosto de 2023

No toca-fitas do carro nenhuma canção faz lembrar você

É o trecho uma longa estrada de corações despedaçados?

É o trecho uma longa estrada de corações despedaçados? Histórias de perdas abundam por todos os lados, como se oceano fosse. Seria o trecho uma supersafra de motes para riomares de melancolias? 

Trecho, solidão, conflito, aridez.  Trecho, demasiadamente árido. Um território de lonjuras. Longe de tudo: família, afeto ou ternura. Um aceno de carinho e o coração entrega-se enjaulado, submisso, de quatro.

Um coração partido no trecho é alerta de grave risco. Risco de vida. Risco de morte. Risco de peixeira cravada no pé do umbigo de quem o coração alheio despedaça. Mesmo que jovem. Inocente, puro e besta, com diria Raul.

Judiaria pior que Nero fez a moça ao motorista.  Aquele que guia o carro, nem sempre sabe para onde vai ou de onde veio. Não conhece todos os palmos do chão minado das lonjuras. Confunde tudo. Até mulher com parafuso.

O amor interrompido fez do motora cantor iniciante de música sertaneja em terra de garimpo e fogo, onde tudo é risco.

O amor interrompido o colocou no corner do ringue da dor de cotovelo. Dor acudida por comprimidos contra depressão e bebida. A judiação do amor apartado era turbinada com declarações de desprezo e retratos de devaneios com outros homens.  

Coração pisado por sandálias de arame. Um coturno de maldade de tropas a desfilar em 07 de setembro sobre o coração ferido de morte na encruza das distâncias. Morto de dor, morto de fome, morto de sede.

Uma bomba atômica de milhões de canções tristes. Vida no trecho não tem cabresto. Bezerro novo desembestado no pasto movediço da inexperiência.

A dor do amor rompido atravessou o coração do peão de meio a meio. O dia era dor. Acudida por comprimidos engolidos pela pujança da bebida. Ninguém ao redor.  Ao redor, solidão, lonjura, judiaria e morte.

Nada mais toca no toca-fitas do carro.