O professor da UFBA, Felipe Milanez, assina a obra Lutar com a floresta, publicada pela Editora Elefante
José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo foram assassinados em uma manhã do dia 24 maio de 2011, no município de Nova Ipixuna, sudeste do Pará. Região imortalizada onde mais se mata em disputas pela terra no Brasil.
Quando do anuncio do caso na
Câmara Federal, a bancada ruralista festejou como se fosse uma final de
campeonato. O mesmo Legislativo que acaba de passar a boiada sobre o
licenciamento ambiental no ano em que a Amazônia sedia a COP.
Como outros casos de execução de
dirigentes sindicais, ambientalistas e defensores de direitos humanos, todos
sabiam, até os carrapatos dos bois das terras griladas.
O nome do casal constava em lista
de pessoas ameaçadas de morte, a cada
ano divulgada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). Nada foi feito. José Cláudio chegou a denunciar as ameaças que
o casal vinha sofrendo durante o evento Red Amazônia, realizado em Manaus, meses antes
da tocaia.
Os extrativistas moravam no Projeto
de Assentamento Agroextrativsita (PAE) Praialta Piranheira. No contexto das contradições das disputas pela
terra, o sul e o sudeste do Pará contabilizam um pouco mais de 500 projetos de assentamentos
da reforma agrária (PAs).
O Praialta Piranheira é o único projeto com esse viés ambientalista. Até a criação do PAE os moradores contaram com a mediação de inúmeros sujeitos do campo democrático, onde constam frações da Igreja Católica, a exemplo da CPT, UFPA, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), ONGs, partidos políticos, Conselho Nacional dos Seringueiros, entre outros sujeitos.
Por longo tempo o Laboratório Socioambiental
do Araguaia-Tocantins (LASAT) prestou assessoria com relação ao manejo
florestal de base comunitária. Na época
o Lasat era vinculado a UFPA. Com relação ao manejo florestal de base comunitária, um conjunto de instituições propõe há mais de dez anos a efetivação de uma política estadual. Saiba mais AQUI
A obra – o jornalista,
documentarista e sociólogo Felipe Milanez assina a obra Lutar com a floresta,
lançando em maio de 2024, pela Editora Efefante.
Ela resulta de trabalho de
doutoramento realizado no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra,
sob a orientação de um time de primeira linha, onde constam o economista Martinez
Alier (Universidade Autônoma de Barcelona), a historiadora ambiental Stefania Barca
(à época Universidade Coimbra) e o antropólogo Alf Hornborg (Universidade de
Lund), em 2015.
O professor da Universidade Federal
da Bahia esclarece que não se trata de uma biografia ou trabalho etnográfico. Mas,
sim de um esforço em dialogar com as ideais do casal em defesa da floresta e a
mobilização em um projeto para além das fronteiras do Antropoceno.
Sob a inspiração do sociólogo José
de Souza Martins, Milanez sintetiza na apresentação do livro que “Não se trata
apenas de um estudo de caso, mas também de um estudo a partir de um caso, uma investigação
que utiliza um caso crucial enquanto analisador-revelador das contradições da
sociedade capitalista”.
Com vistas a manter acesa a luta
do casal, as famílias dos extrativistas criaram um instituto em defesa da
memória dos mártires. Entre outras atividades, todo mês de maio a instituição
realiza a Romaria dos Mártires da Floresta. Ano passado Milanez lançou o livro em Marabá.
O livro de Felipe Milanez para além
de iluminar sobre o martírio de José e Maria, a inoperância do estado em
garantir a vida dos extrativistas, alerta para a possibilidade da construção de
um projeto para além da apropriação privadas das riquezas e dos saberes da
região.
O livro ombreia outras
contribuições que buscam a edificação de um diálogo marcado pela
horizontalidade entre os sujeitos e os diferentes saberes.
Adquira o livro AQUI








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