Apesar do temporal, jovens, indígenas e camponeses tomaram as ruas em defesa da vida
Faixa em defesa dos povos da floresta. Foto: Taione Silva
“Com
as bandeiras nas ruas ninguém pode nos calar”, dispara a poesia da canção
(Oração Latina), do poeta maranhense César Teixeira, e, nesta manhã, apesar do
temporal, indígenas, quilombolas, camponeses, funcionários públicos,
religiosos, jovens, muitos jovens dos mais variados segmentos tomaram, mais uma
vez as ruas da cidade de Santarém, no oeste do Pará em mais um ato pela saída do
presidente da República, Jair Bolsonaro.
Iniciado
na Praça São Sebastião, a caminhada percorreu as principais ruas do comércio da
cidade, para encerrar na Praça da Matriz, nas proximidades da Igreja de Nossa
Senhora da Conceição, espaço dominado pelo comercio considerado informal.
Manuel, cacique Munduruku, comenta as constantes ameaças de desmatadores, tanto em seu território, a aldeia Ipaupixuna, localizada na região do planalto da cidade de Santarém, como nos demais territórios por toda a região do Baixo Amazonas.
Na
macabra conjuntura que assola o país, além dos indígenas, quilombolas e campesinos
convivem diariamente com ameaças de madeireiros, garimpeiros, grileiros, construtores
de grandes obras, sojicultores e tantos outros.
Tem-se
ainda a satanização e criminalização dos setores populares por parte de
oligarquias locais e grandes empresas, posto no planejamento do governo, a ideia
é consolidar a região como um grande corredor de exportação de produtos
primários, com destaque para a soja. No pacote constam complexos portuários e
hidroelétricos e modal de transportes (hidrovia, rodovia e ferrovia).
E,
interesses de mineradoras, como ocorre do Projeto de Assentamento
Agroextrativista Lago Grande, constantemente ameaçado pela mineradora Alcoa.
Para não falar na situação de grande tensão que ocorre na cidade de Jacareacanga,
em terras Munduruku, por conta da presença de garimpeiros.
O planalto santareno, assim como frações das cidades vizinhas de Mojuí dos Campos e Belterra padecem há mais de uma década com a presença da soja. É uma constante a denúncia da contaminação dos recursos hídricos da região por conta do uso intensivo de agrotóxico.
Um grupo perto de 30 indígenas Munduruku engrossaram a manifestação. Embarcaram ainda na madrugada para poder chegar na sede da cidade. As estradas quase sempre precárias, com as derradeiras chuvas, tornam a viagem mais demorada e cansativa.
Durante o ato, a coordenação a todo momento reforçava a necessidade de cuidado com o uso da
máscara e do álcool gel. Bem como, evitar as
provocações de adversários. Participantes das
jornadas comentaram a tentativa de provocações e da ameaça da polícia que
ocorreram no ato anterior, que ocorreu no dia 29.
Faixa pela saída do presidente. Foto: Hellen Joplin
Uma chuva atípica para o período precipitou sobre a caminhada, que invocava palavras de ordem contra o presidente, e em defesa da vida, da vacina, da saúde, do trabalho, da educação entrecortado por cantos indígenas.
A
todo o momento o Projeto de Lei que tenta estabelecer o marco temporal contra
os indígenas foi lembrado, e da necessidade de combate-lo, bem como as demais
medidas que representam um verdadeiro pacote de morte para os povos da
floresta.
Em
outra parte da canção de Teixeira, ele defende, “Quem nos ajudará, a não ser a
própria gente”. Hoje, apesar do
temporal, as gentes de cá seguiram em marcha em defesa da vida.
2 comentários:
Muito bom!
Muito bom!
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